terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Receita para uma Boa Imunidade

Autora: Priscila Romano Raimundo (Biomedicina/UFU)
Editora: Vanessa dos Santos Miranda (PPIPA/UFU)


Ingredientes:
- 2 xícaras grandes de boas gargalhadas
- 500g da sua programação/atividade favorita
- 200 ml de momentos simples, mas satisfatórios
- uma pitada de loucura, pra realçar o resultado
Modo de Preparo:
Misture tudo até atingir o ponto da felicidade e ingerir, se possível, todos os dias.
OBS: Não pode ser feita a substituição da sua atividade favorita, por provas de final de semestre.
Se você seguir a receita de modo correto, irá sentir um gostinho de IgA. Agora, se você sentiu um amargor de cortisol, alguma coisa foi feita errada.
Quem nunca ouviu a famosa frase: “Rir é o melhor remédio”?  Pesquisadores comprovaram que a sua vó, mãe, tio etc estavam certos! A felicidade influencia beneficamente no nosso sistema imunológico, por provocar um aumento na concentração de IgA salivar e aumentar os níveis de linfócitos TCD4+. Há relatos de que as células NK (aquelas que de mau só tem o nome) têm uma concentração aumentada, mediante às gargalhadas. Os estímulos por emoções positivas chegam no sistema límbico, o qual diminui a liberação de corticotrofina pelo eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal e consequentemente diminui a liberação de cortisol  (isso, aquele hormônio que te dá um branco na hora da prova ), assim, o sistema imunológico não é prejudicado pelo hormônio do estresse.
Já o oposto da felicidade, a depressão, causa uma má influência sobre o sistema imunológico.  Pessoas com artrite-reumatoide, por exemplo, em sua maioria, apresentam a depressão, mas há uma explicação para isso. O perfil das citocinas de uma pessoa depressiva muda para pró-inflamatório, o qual ativa o eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenais, aumentando a liberação de glicocorticoides, que diminuem a atividade das células NK e a expressão de mitógenos, além de reduzir a proliferação de linfócitos. Porém, o contrário também pode ocorrer! A corticotrofina induz a secreção de citocinas pró-infamatórias, causando uma diminuição do triptofano, um aminoácido precursor da serotonina (“hormônio da felicidade”) levando à depleção deste neurotransmissor (quadro da depressão), e assim, o ciclo vicioso se completa.
Que tal começar potencializar a prescrição do seu médico com essa receita da felicidade?

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Breve Histórico da Evolução "A-T & C-G"

Uma grande parcela da humanidade já ouviu falar do DNA. Brevemente quero mencionar alguns marcos envolvendo essa molécula e a velocidade da nossa compreensão e domínio sobre “o código da vida”. Demorou, aproximadamente, 4 bilhões de anos até o primeiro ser vivo (Gregor Mendel- 1865) perceber que a informação que determina as nossas características era transmitida de pais para filhos. Com a ideia lançada, levou em torno de um século para que a estrutura e a composição dessa molécula fossem identificadas (James Watson & Francis Crick- 1953). Após 24 anos, em 1977, Frederick Sanger desenvolveu a técnica de sequenciamento rápido do DNA. Kary Mullis em 1983 (apenas 6 anos de intervalo) desenvolveu a reação em cadeia da polimerase (PCR). Essas duas últimas descobertas modificaram a forma como vemos, literalmente, o DNA e abriu caminho para algo histórico, o sequenciamento do genoma humano. Esse projeto foi iniciado em 1990 e finalizado em 2003 e, com ela, obtivemos muitas respostas e alguns dogmas foram desmitificados. Quando se descobre que 99% dos genes de um camundongo possui um homólogo (gene correspondente ou idêntico) no genoma humano, a ideia de que o ser humano é especial desaparece. Tal revelação ainda favorece a teoria de um “maluco” chamado Charles Darwin, que, insanamente, propôs a tal “Teoria da Evolução das Espécies”. Atualmente possuímos a sequência genômica completa de várias espécies e detemos a capacidade de modifica-la livremente. Fica questão: O que seremos capazes de fazer daqui a 10 anos? E daqui a 50?

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Príons: O que é?

Autores: Christabel Akorfa Afua Dzimabi (Biomedicina/UFU) e Thamires S. Santos (Biotecnologia/UFU)

Editor: Vanessa Resende Souza Silva (PPIPA/UFU)

“Príons... Como assim? Um agente infeccioso composto apenas por proteínas?” Essa foi minha primeira reação quando um colega de faculdade falou sobre o assunto. Se você também está se perguntando o que são esses tais de príons, então, esta é a sua oportunidade de acrescentar mais um pouco seus conhecimentos sobre proteínas.
Os príons (proteinaceous infectious particles) são proteínas (ou seja, sem material genético e sem vida) capazes se replicarem dentro de uma célula, alterando o metabolismo celular. São responsáveis por inúmeras doenças fatais tanto no ser humano quanto em animais (doenças priônicas). São capazes de invadir os neurônios cerebrais, atrapalhar os comandos do seu núcleo e a partir daí causar estragos significativos.
Mas como descobriram tais partículas infecciosas. Algumas décadas atrás os cientistas começaram a prestar atenção a um grupo de doenças neurodegenerativos (encefalopatias espongioformes) que ocorrem tanto em animais como em humanos. Nestas doenças, os neurônios deformaram e depois de algum tempo começaram a desaparecer. Porém, o agente infeccioso destas doenças nunca foi entendido claramente. Vários teste e estudos mostraram que o agente infeccioso não era bactéria, vírus ou fungo. Era um agente desconhecido. Portanto, estudos dos últimos 20-30 vem mostrando que este agente na verdade é uma proteína.
Hoje, sabe-se que o gene príon está localizado no braço curto cromossomo 20 e codifica a proteína PrP. Essa proteína possui importantes funções de sinalização trans-membrana e sua forma patogênica é simbolizada por PrPSc. Uma mutação nesse gene produz a isoforma PrPSc que é extremante estável e possui a capacidade de modificar a estrutura espacial da proteína PrP normal que entrar em contato.  Qual seria, então, a diferença entre a proteína normal e a proteína patogênica? Sabe-se hoje que ambas as proteínas possuem a mesma sequência de aminoácidos, porém, a isoforma PrPSc apresenta mais cadeias beta do que alfa.
Algumas doenças causadas por príons são a doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), a síndrome de GerstmannStraussler-Scheinker (GSS) e a encefalopatia espongiosiforme bovina (BSE), mais conhecida como "doença da vaca louca". É importante notar que a transmissão de príon se dá simplesmente pelo contato com a mesma, sendo que um príon proveniente de um animal é capaz de causar doença em humanos também. Devido à semelhança do príon à proteína normal, o sistema imune não a reconhece como patogênica e, assim, os príons conseguem se instalar no organismo e transformar as proteínas normais causando alterações irreversíveis. Além disso, os príons são resistentes às proteases, radiação ultravioleta, calor (até 170°C), óxido nítrico, peróxido de hidrogênio, hidroxilaminas ou enzimas capazes de fragmentar ácidos nucléicos (nucleases). Muito assustadora não é! No momento, sabe-se que agentes como fenol, dietilpirocarbonato (DEP) ou tioproteases, capazes de desnaturar proteínas, são capazes de inativar os príons.



Com toda esta informação, gostaria de deixar essa pergunta para os nossos queridos leitores: Será que devemos nos preocupar ao nos alimentar e fazer uso de produtos provenientes dos animais, principalmente o boi.

Referências: 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Você é o que você come!


A microbiota vêm se tornando um HotSpot científico nos últimos anos, colocando nos holofotes diferentes bactérias, protozoários e outros microrganismos que anteriormente eram considerados patogênicos simplesmente por estarem colonizando o intestino do indivíduo. Com o avanço do conhecimento, descobrimos que a qualidade de vida está diretamente ligada à composição da microbiota intestinal e à dieta do indivíduo (sendo estes fatores diretamente relacionados), ainda que atualmente existam várias lacunas no conhecimento sobre esse assunto.



Quem disse que ciência não tem senso artístico? A imagem acima mostra diferentes bactérias presentes no intestino de um camundongo e essa imagem é in vivo. Curioso? Basta clicar na imagem para saber um pouco mais a respeito.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Benefícios dos exercícios físicos para o sistema imune

Por: Bárbara Messias Pereira (Medicina/UFU) e Agnes Ramos Guirelli (Fisioterapia/UFU)
Editora: Mariana Ferreira Silva (PPIPA/UFU)


Sempre ouvimos falar que exercício físico é recomendado para a melhoria da saúde, que previne e ajuda a controlar doenças, tais como obesidade e diabetes, que traz benefícios estéticos e musculares. Além todos esses já citados, o exercício físico em intensidade e volume de treino adequados auxilia o nosso sistema imune. Estudos relatam que o exercício físico afeta a competência do sistema imunológico, incluindo o tráfico de células induzido por hormônios e a influencia direta dos hormônios do estresse, prostaglandinas, citocinas e outros fatores.
            A intensidade, duração e a frequência do exercício exercem papel chave na determinação das respostas imunes a um esforço, podendo aumentar ou reduzir tal função do sistema imune. O exercício moderado (até 70% do VO2 máx), influencia na função dos neutrófilos, modificando a quimiotaxia, a degranulação e a sua atividade oxidativa. Já o exercício intenso e de longa duração diminui a capacidade oxidativa dos neutrófilos.
 O exercício físico afeta a produção sistêmica de citocinas, principalmente o fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina 1 beta (IL-1β), e a IL-6, que é uma citocina pró-inflamatória possui relação com a quantidade de glicogênio muscular e a regulação da homeostasia da glicose sanguínea durante os exercícios de longa duração. Sabe-se que esta citocina possui a atividade sinalizadora para o aumento do oferecimento de substrato energético, principalmente do fígado e do tecido adiposo, quando as concentrações intramusculares de energia se encontram escassas.
Deve-se ressaltar que com relação a produção linfocitária, os linfócitos T supressor/citotóxico (CD8+) apresentam aumento de 50 a 100% após o exercício agudo, já em exercícios extenuantes (alta intensidade) é relatada diminuição da proliferação. A inibição da proliferação linfocitária é decorrente, principalmente, da ação da epinefrina e do cortisol. As células natural killer (NK), população de origem linfoide, são aquelas que demonstram maiores alterações frente ao exercício (aumento de 150 a 300% em número no sangue periférico), e tais alterações ocorrem tanto em atletas idosos como em jovens.
Além disso, o exercício físico demonstrou reduzir a incidência de câncer e inibir o crescimento tumoral. Esses parâmetros são, obviamente, de significância direta para os pacientes com câncer e, evidências indicam que o exercício está diretamente ligado ao controle da biologia do tumor. Sabe-se que a incubação do soro de pacientes que praticam exercícios com células tumorais diminuindo a proliferação dessas células. Vale ressaltar que  em pacientes com câncer que realizam atividade física houve o maior recrutamento de mediadores inflamatórios, aumentando o infiltrado de células NK e, portanto, contribuindo para a melhoria do resultado clínico.
Desta forma, percebe- se a importância de fazer um exercício físico adequado sendo que os de alta intensidade além de levar ao overtraning com lesões musculoesqueléticas, podem causar efeitos não desejados no sistema imune, porém o exercício moderado feitos de forma correta, são de grande importância para uma melhor resposta do sistema imune.

Referências Bibliográficas:
TERRA, Rodrigo et al . Efeito do exercício no sistema imune: resposta, adaptação e sinalização celular. Rev Bras Med Esporte,  São Paulo ,  v. 18, n. 3, p. 208-214,  June  2012 .

Hojman, Pernille et al. Molecular Mechanisms Linking Exercise to Cancer Prevention and Treatment. Cell Metabolism, 2018.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Os Organismos Transgênicos



Os organismos transgênicos, ou modificados geneticamente, são poderosas ferramentas que podem ser utilizadas na pesquisa e no melhoramento animal e vegetal. Além disto, animais de produção ou consumo também podem ser geneticamente melhorados afim de aumentar a produção de matéria.
Existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para a criação destes organismos, uma delas é o CRISPR/Cas. Esta ferramenta funciona como uma tesoura que abre o material genético, tornando possível a inserção ou deleção de um gene, dando origem aos organismos Knock in e Knock out, respectivamente.
Organismos modificados já são uma realidade e, apesar das muitas discussões sobre como a manipulação genética influenciaria no curso da humanidade, as inúmeras possibilidades mostram que esta ferramenta veio pra ficar e será cada vez mais utilizada.  

LYGIA DA VEIGA PEREIRA. ANIMAIS TRANSGÊNICOS – NOVA FRONTEIRA DO SABER. Cienc. Cult. vol.60 no.2 São Paulo  2008
MARCELA CORSO AREND; JESSICA OLIVAES PEREIRA; MELISSA MEDEIROS MARKOSKI. O Sistema CRISPR/Cas9 e a Possibilidade de Edição Genômica para a Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol. vol.108 no.1 São Paulo Jan. 2017


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Atividade física e tratamento para câncer

Por: Gustavo Souza Siqueira (Biomedicina/UFU)
Editor: Patrício da Silva Cardoso Barros (PPIPA/UFU)

Diariamente ouvimos sobre os benefícios da atividade física na nossa qualidade de vida. Além de atuar sobre diversos mecanismos do nosso corpo a atividade física contribui para o bem-estar mental. Afinal, o ser humano foi feito para se locomover e não permanecer em um ritmo de vida sedentário. No entanto, o índice de sedentarismo tem aumentado e consequentemente a incidência de doenças cardiovasculares e psicológicas.
            Em momentos de estresse, é frequente observar que várias pessoas recorrem a alimentos ricos em gorduras e carboidratos. Esses alimentos possuem a capacidade de ativar receptores adrenérgicos e colinérgicos que liberam dopamina no sistema nervoso central e ativa vias de sinalização envolvidas no mecanismo de recompensa do cérebro.
            De modo análogo, a atividade física ativa a mesma maquinaria cerebral que leva a liberação de dopamina e a sensação de recompensa. Dessa forma a atividade física auxilia pacientes em vários tipos de tratamento, incluindo o câncer. Diversos estudos demonstram que esses pacientes tem uma melhoria na autoestima, além dos efeitos fisiológicos que auxiliam no tratamento, como a melhoria do sistema cardiovascular, melhoria na recuperação e diminuição na recorrência do câncer.
            Ademais, ao se comparar os pacientes que eram ativos durante o tratamento com pacientes que adotaram um estilo de vida sedentário, em decorrência do tratamento do câncer, que em sua maioria é bastante debilitante, observou-se que os pacientes do primeiro grupo eram mais felizes e menos convalescidos pela doença. Essas vantagens da prática de atividade física durante o tratamento proporcionaram uma melhor qualidade de vida e melhoria no quadro clínico desses pacientes.

            É evidente que estar ativo é extremamente benéfico para pacientes com câncer, contudo, é fundamental que toda a prática de exercício durante o tratamento siga recomendações médicas e seja efetuado com um educador capacitado. Desse modo, o paciente poderá desfrutar dos benefícios sem prejudicar o tratamento e a recuperação.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Células tronco - Exemplo de aplicação

Quer uma boa notícia (além da black friday)?



Recentemente foi publicado um artigo científico na nature que mostra uma aplicação da tecnologia de células tronco, com resultados muito promissores no tratamento de uma criança com problema grave de pele. Ficou interessado? Dê uma clicada aqui e leia uma reportagem a respeito. Ou clique aqui e leia o artigo na Nature.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Câncer e o Sistema Imunológico – Uma abordagem sobre Imunoterapias.

Por: Mariele de Fátima Alves Venâncio (Biotecnologia/UFU)
Editor: Patrício da Silva Cardoso Barros (PPIPA/UFU)

O câncer, definido de maneira concisa, trata-se de um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal de células. Essas células perdem seus pontos de regulação do ciclo e começam a sofrer um rápido processo de crescimento desordenado. Esse aglomerado celular cria um microambiente que se torna um disfarce para o sistema imunológico, pois quando o tumor é detectado se inicia uma intensa ação efetuada principalmente por linfócitos T-CD8 (células citotóxicas) e/ou células NK. 


Pois bem, se o crescimento desordenado acontece quando há uma falha no sistema imunológico em reconhecer e combater o tumor, uma técnica de tratamento do câncer poderia ser estimular de forma específica o sistema imunológico para reconhecer e combater o câncer. A partir dessa ideia, surgiram as imunoterapias como tratamento auxiliar de alguns tipos de câncer.
Sabemos que as células cancerígenas pertencem ao próprio organismo, o que se transforma em uma barreira difícil de ser superada, pois como combater as células tumorais sem combater as outras células do organismo? As células tumorais apresentam antígenos específicos ou antígenos associados ao tumor, que não estão presentes nas células normais. Partindo desse princípio surgiu a imunoterapia passiva que utiliza a especificidade de anticorpos e receptores de células T (TCR) para marcar antígenos selecionados nas células tumorais, o que é uma forma de ativar o sistema imunológico sem causar danos às células normais.
Outra forma do tumor se camuflar é através da inibição de sinais de inflamação, como moléculas estimulatórias e citocinas. Quando o sistema imunológico detecta vírus ou bactérias, inicia-se a liberação de sinais de inflamação para o controle da infecção. No entanto, após o controle da infecção é preciso que haja sinais de parada. O tumor usa esse mecanismo de desligamento com a finalidade de não ser controlado pelo sistema imune. Com isso surgiu a imunoterapia que utiliza inibidores de CTLA4 e PD1. Esses inibidores agem impedindo que as células de defesa sejam desativadas, mantendo assim um ataque constante.
Existem muitos estudos nessa área, há muito o que se estudar e desenvolver, mas os imunoterápicos são uma grande aposta para o tratamento de várias doenças, principalmente no tratamento de câncer, em que se tornou uma abordagem muito interessante a se seguir.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Anticorpos IgY e suas múltiplas possíveis aplicações: Interessante alvo para pesquisa

Por: Ana Paula Mendes Muniz (Biomedicina/UFU)
Editor: Heber Leão Silva Barros (PPIPA/UFU)

As IgY são imunoglobulinas encontradas em aves. Em galinhas é encontrado em grande quantidade nos ovos. De uma gema de ovo obtem-se aproximadamente 4 mg/mL de anticorpos IgY com alta pureza. Assim, é possível imunizar esses animais com o antígeno de interesse e purificar anticorpos IgY específicos para esse antígeno a partir dos ovos.
Os anticorpos IgY apresentam potencial uso em diversos protocolos dentro da imunologia, como profilaxia, tratamento e no diagnóstico de doenças veterinárias e humanas, bem como na pesquisa básica e aplicada.
Algumas das vantagens de se utilizar o IgY são: menor custo de produção; não são necessários processos invasivos e eutanasiar o animal; não ocorrem reações indesejáveis com o fator reumatóide e complemento; a quantidade de anticorpos presente em uma gema de ovo é três vezes maior do que a encontrada no volume correspondente de soro de coelho, por exemplo; facilidade e a rapidez na purificação dos anticorpos.
Alguns exemplos de estudos com o uso de anticorpos IgY são:
·         Pesquisadores do Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) adaptaram um teste imunoenzimático, a fim de torná-lo mais simples, barato e bioético, substituindo a imunoglobulina G (IgG), obtida a partir de mamíferos imunizados, pela imunoglobulina Y (IgY).
·         O Instituto Butantã tem conduzido estudos para a utilização de IgY específico ao veneno de Bothrops, como uma alternativa ao soro anti-ofídico produzidos em cavalos.
·         Alguns estudos propõem que a administração oral de IgY específica pode prevenir o desenvolvimento de úlcera gástrica por Helicobacter pylori e enterites por Escherichia coli e rotavírus. Segundo eles, esses anticorpos se ligariam aos patógenos e o complexo antígeno-anticorpo não seria absorvido e, sim, eliminado juntamente com as fezes.

Referências:
MUNHOZ, Lívia Silveira et al. Anticorpos IgY aviário: características e aplicações em imunodiagnóstico. Cienc. Rural [online]. 2014, vol.44, n.1, pp.153-160. ISSN 1678-4596.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782014000100025.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

IMUNOLOGIA DOS NEONATOS: MAIS COMPLEXA DO QUE ACHAMOS

Por: Nathalya Pereira Barbosa (Biomedicina/UFU)
Editora: Jacqueline Pádua de Queiroz (Mestranda PPIPA/UFU)


https://www.maemequer.pt/a-vida-com-o-seu-bebe/pos-parto/
recem-nascido/vacinas-do-recem-nascido/


Aproximadamente 6 milhões de crianças morrem com menos de 5 anos de vida, sendo que 45% dessas mortes ocorrem no período neonatal, que compreende 28 dias depois no nascimento. Você deve estar se perguntando: “por que tantos infantes morrem tão cedo?” Uma das respostas para essa pergunta se baseia no sistema imunológico humano e em seu desenvolvimento. A discussão sobre esse tema se mostra extremamente importante quando nos deparamos com dados dessa magnitude, já que entender o funcionamento da imunologia dos pequenos é o primeiro passo para tentar encontrar melhores formas de os proteger e evitar infecções mortais.
https://www.unicef.org/publications/files/
Child_Mortality_Report_2015_Web_8_Sept_15.pdf
Como mencionado no post anterior, o ambiente uterino durante a gravidez apresenta uma modulação de imunossupressão/regulação para que o corpo materno consiga “ignorar” os aloantígenos do feto. Nos primeiros momentos da vida, o sistema imune dos neonatos mantém essa conformação, garantindo um ambiente favorável a infecções. Porém, além dessa influência materna, o próprio sistema se mostra imaturo mesmo depois do nascimento, como observado em relação a muitos outros sistemas do corpo humano.
Tudo começa muito cedo, desde a quarta semana de gestação os progenitores das células imunes (os mieloides e linfoides) já estão presentes no saco vitelínico e migram para o fígado, onde sofrem uma discreta proliferação e diferenciação, sendo encontrados, mais tarde, no baço, timo e medula óssea.
Em relação a imunidade inata do recém-nascido, a primeira linha de defesa, a pele, já se mostra enfraquecida em relação aos adultos, pois é mais permeável aos agentes infecciosos, por ser mais alcalina e pobre em ácidos graxos. O sistema complemento, outro agente importante no combate à microrganismos, também se encontra reduzido no neonato (60-90% dos valores do adulto), já que, durante a gravidez, a passagem de proteínas desse complexo através da membrana é baixa. 

O Sistema Complemento.
http://defesasnaoespecificas.blogspot.com.br/2012/12/sistema-complemento.html

Outro importante componente da imunidade inata são as células NK (Natural Killer) que, apesar de os recém-nascidos apresentarem a mesma quantidade que os adultos, elas têm função reduzida e menos ação citotóxica contra vírus. Os seus macrófagos e monócitos também possuem função reduzida, o que prejudica a fagocitose. Já os neutrófilos são produzidos somente após o nascimento, mas eles também têm prejuízo de função: o rolamento, migração, quimiotaxia e adesão até o sitio de inflamação não são suficientes.
  








Outros mediadores inflamatórios importantes também têm funções reduzidas se comparados aos adultos: 
 “Outros mediadores inflamatórios importantes como fibronectina, fatores da coagulação e sistema cinina também se encontram reduzidos ao nascimento. Todos esses déficits são parcialmente responsáveis pela reduzida capacidade de opsonização, reduzida capacidade em lisar bactérias Gram-negativas e alguns vírus, pouca geração de processo inflamató- rio, assim como reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos”. (Lilian M.O.D; Bruna de C.G e F)


Em relação a imunidade adaptativa celular, os linfócitos T se encontram em número semelhante ao do adulto depois de 18 a 24 semanas de gestação, no timo eles já receberam marcadores moleculares e tolerância aos antígenos próprios.  Porém, mesmo assim, são células imaturas e de pouca memória, pois no ambiente intrauterino há pouca exposição a antígenos. Devido a uma redução na produção de citocinas IL-12 e IFN-α pelas Células Apresentadoras de Antígeno (APCs), causada pela função reduzida de moléculas trandutoras de sinal, como o Fator de Resposta ao Interferon 3 (IRF3); as células T possuem um desvio para o perfil Th2 de resposta até um ano de idade. Isso influencia a resposta imune da criança, induzindo a resposta do tipo alergênica. 

https://www.immunology.org/public-information/bitesized-immunology/immune-development/neonatal-immunology

A resposta pró-inflamatória é completamente debilitada, devido a essa baixa produção de IL-12, citocina responsável pelo desvio dos linfócitos T CD4+ para o perfil Th1. A citotoxicidade é quase nula, já que o perfil Th1 não é ativado e outras citocinas, como as IL-2, IL-6, IL-10 e IL-4, não são produzidas em níveis significativos, devido à imunossupressão placentária e pela baixa exposição à antígenos dentro do útero. (Para entender mais sobre os perfis de resposta dos linfócitos, clique aqui). 

https://pt.slideshare.net/labimuno/introducao-ao-sistema-imune
A resposta humoral é dada pelos linfócitos B, que no feto, já estão presentes com 8 semanas. Com 10 semanas, as imunoglobulinas são produzidas e apresentam o pico na 26ª semana. Depois, a produção cai drasticamente até o nascimento, pela falta de estímulo para sua produção, uma vez que o ambiente intrauterino é quase estéril e há a passagem que anticorpos passivamente (menos o IgM) através da placenta. Quando a criança nasce, há baixa quantidade de IgM, IgA e IgE, sendo que o IgG é, predominantemente, materno.










http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=564

Com a exposição a antígenos ambientares e alimentares após o nascimento, há o aumento da produção própria de anticorpos, porém, esse período entre a queda das imunoglobulinas maternas e a produção sustentada é chamado de hipogamaglobulinemia transitória que pode ser concluído apenas aos 5 anos de idade.
Os anticorpos produzidos pelos recém-nascidos atuam por curta duração e baixos picos séricos, e a resposta é atrasada, isso é justificado pela presença das imunoglobulinas maternas e a imaturidade das células T helper e linfócitos B.
Isso tudo nos leva à importância da amamentação. Como visto, o neonato necessita da transferência de anticorpos da mãe, tanto no útero, quanto após o nascimento, já que a maturação completa do sistema imune se dá apenas na infância tardia. O leite materno contém IgA, que protege o trato gastrointestinal e respiratório, citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10), fagócitos, células NK, linfócitos, lizosimas, lactoferrina, peroxidases e substâncias antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunorreguladoras.
http://www.santajoana.com.br/amamentacao/amamentacao-por-um-futuro-mais-saudavel/

As vacinas destinadas aos infantes devem possuir formulações diferentes, e, mesmo assim, não são tão efetivas quanto as aplicadas em adultos, uma vez que o reconhecimento aos antígenos das vacinas e a formação de memória estão reduzidos. Porém, a vacinação ainda sim é fundamental para proteção dos recém-nascidos e, principalmente, para a estimulação do sistema imune.
Ufa! Quanta coisa podemos aprender ainda sobre a imunidade dos neonatos!      
Aposto que agora você percebeu que não é tão simples quanto você pensava, não é?

FONTES:
Lilian M.O.D; Bruna de C.G e F; O Sistema Imunológico do recém-nascido; Revista Médica de Minas Gerais, 2014; 24 (2): 233-240;
https://www.immunology.org/public-information/bitesized-immunology/immune-development/neonatal-immunology
http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=564
https://nacoesunidas.org/onu-16-mil-criancas-morrem-diariamente-revela-novo-relatorio-sobre-mortalidade-infantil1/
https://www.unicef.org/publications/files/Child_Mortality_Report_2015_Web_8_Sept_15.pdf





segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Qual o papel das quimiocinas?

Por: Letícia Dinatto Pereira (Graduação em Cièncias Biológicas)
Editora: Caroline Martins Mota (PostDoc UFU/PPIPA)


          As quimiocinas são proteínas de baixo peso molecular (8-17 KDa) do grupo das citocinas, e são primordialmente citocinas quimiotáticas que frequentemente estão associadas com inflamação por estarem envolvidas na interação celular e tropismo neste tipo de situação. São classificadas em quatro subfamílias de acordo com o arranjo dos dois resíduos de cisteína da porção N-terminal: 1. CXC, cisteínas separadas por outro aminoácido; 2. CC, cisteínas adjacentes; 3. CX3C, cisteínas separadas por três outros aminoácidos; 4. C, onde os resíduos 1 e 3 são ausentes. O reconhecimento dessas moléculas é realizado por Receptores Acoplados a Proteína G (GPCR), que apesar de serem capazes de reconhecer diferentes quimiocinas, são específicos para cada subfamília.
Apresentam função quimiotática caracterizada pelo direcionamento do movimento de células de acordo com a presença de substâncias no meio, e função homeostática, sendo expressas constitutivamente em órgãos linfóides e atuando no controle da migração celular de leucócitos (principalmente linfócitos e células dendríticas) durante processos de crescimento e manutenção de tecidos. Já as quimiocinas de função inflamatória são liberadas durante respostas imunes, e recrutam majoritariamente neutrófilos e macrófagos para os sítios de lesão tecidual ou processos infecciosos. Normalmente, pode ocorrer sobreposição das duas funções das quimiocinas, pois há relatos da atuação dessas proteínas na angiogênese, hematopoiese e em processos tumorais que evidenciam o papel das quimiocinas na modulação da senescência e da sobrevida celular.
Além disso, estudos mostram que os receptores de quimiocinas também são promissores para o desenvolvimento de drogas: o receptor CCR5 é sabidamente um co-receptor importante para a entrada do vírus HIV-1 nas células. Estão sendo elaboradas técnicas para ruptura desse mecanismo, incluindo edição gênica e inibição com uso de antagonistas - como o Maraviroc, para vírus R5-Trópico, droga aprovada pela FDA (Food and Drug Administration, USA) que tem se mostrado segura para uso em regimes de profilaxia pré-exposição. Portanto, a melhor investigação e entendimento desta classe de citocinas podem facilitar no desenvolvimento de novas terapias de diversas doenças, como câncer e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Referências:

ZLOTNIK, Albert; YOSHIE, Osamu. The chemokine superfamily revisited. Immunity, v. 36, n. 5, p. 705-716, 2012.

WOOLLARD, Shawna M.; KANMOGNE, Georgette D. Maraviroc: a review of its use in HIV infection and beyond. Drug design, development and therapy, v. 9, p. 5447, 2015.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

A imunologia da gravidez: tumor ou feto?

Por: Luiz Paulo Chaves de Souza (Graduando Biomedicina/UFU)
Editora: Flávia Batista Ferreira França (Pós-Graduação/PPIPA)



A imunidade nos mamíferos, em especial nos seres humanos, é um sistema bastante poderoso. Ela foi extremamente importante para a evolução desses seres até hoje, tendo evoluído para destruir tudo o que é impróprio. Dada essa informação, a gravidez é algo bastante curioso, não? Visto que o embrião que se forma com a fecundação é constituído de células pluripotentes com metade do material genético diferente da mãe, a gestação acaba por ser comparada com um transplante semi-alogênico. Sendo assim como então é que o sistema imune materno não ataca o embrião? É sobre isso que vamos falar no post de hoje. E para isso, fazemos uma pequena comparação ao câncer – parece sórdido, mas essas duas coisas têm bastante em comum.
O concepto, para se desenvolver em embrião e placenta, atua de maneira muito semelhante a um tumor, realizando divisões múltiplas, invadindo o tecido e estimulando angiogênese para conseguir nutrientes e oxigênio. Tanto a gravidez quanto o desenvolvimento do câncer se mostram situações bastante antigênicas, porém as células conseguem se esconder do sistema imune, não ocorrendo assim uma resposta imunológica efetiva.
As principais células relacionadas a isso são as Treg e as NK. A primeira expressa em ambos os casos, mas na gravidez, um tipo específico chamado iTreg (celulas T reguladoras induzidas pela placenta e que evoluíram especificamente para a gravidez) e a segunda, apesar de ser a maior defensora do corpo contra o câncer, é expressa pela placenta, mas nesse caso, sem o receptor CD16, responsável pela citotoxidade – por isso, atua como uma célula imuno-regulatória.  
Pensando em como o sistema imune não rejeita o feto, o estudo do desenvolvimento gestacional pode ser um modelo interessante para um melhor entendimento de como as células cancerígenas evadem a resposta imune.

Referências:

Jeff E. Mold, Shivkumar Venkatasubrahmanyam, Trevor D. Burt, Jakob Michaëlsson, Jose M. Rivera, Sofiya A. Galkina, Kenneth Weinberg, Cheryl A. Stoddart, Joseph M. McCune. Fetal and Adult Hematopoietic Stem Cells Give Rise to Distinct T Cell Lineages in Humans. Pregnancy immunology.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Relação Ciência X Progresso

Por: Heber Leão Silva Barros



A vida dos pesquisadores nunca foi fácil. Concorrência extremamente qualificada (o que, apesar de dificultar a vida, é uma coisa boa), carga de trabalho "incompatível com a vida", reconhecimento dificilmente obtido e falta de investimentos na área. Falando em queda de investimentos, nos últimos tempos a ciência brasileira realizada nas universidades e instituições públicas sofreu sucessivos duros golpes no financiamento público, sua maior fonte. A insatisfação foi tanta que foi retratada na mídia brasileira e pela mídia internacional, inclusive rendendo notícias na renomada revista Nature. Os efeitos imediatos da frequente e intensa queda de investimento? Fuga de cérebros em busca de melhores condições de trabalho, resultando em perda de mão de obra qualificada em lugares onde ela já é bem escassa. Educação e ciência são setores nos quais o país não sente os impactos mais intenso de uma má gestão imediatamente, mas a médio e longo prazo podem ser a diferença entre viver uma crise sem fim ou sair do buraco.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Estresse orquestrando nosso corpo

Por: Jhennyfer Rodrigues da Silva Aguiar
Editora: Tamires Lopes Silva (Doutoranda PPIPA)

Todos os dias estamos envolvidos com inúmeras  responsabilidades sendo muitas vezes submetidos a situações estressantes e exaustivas, e não nos damos conta do que acontece com nosso corpo.

Um dos principais hormônios relacionados com esse stress é o Cortisol,  conhecido como hormônio do estresse,  o qual atua em várias funções no corpo humano, atuando desde o momento do despertar de um sono, até em situações de estresse extremo (luta e fuga). Este hormônio é sintetizado no córtex da glândula adrenal que é estimulada pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) produzido na hipófise,que por sua vez é modulada pelo hipotálamo, através da secreção do hormônio liberador de corticotrofina (CRH).

O Cortisol  é muito importante no catabolismo de lipídios, carboidratos e proteínas, reduzindo o uso de glicose pelos tecidos e a sensibilidade à insulina, é necessário durante períodos em jejum, pois induz a utilização das reservas energéticas do organismo.

Em altas doses o cortisol reduz a absorção de Ca2+ (Cálcio) pelos tecidos, o que pode levar a um comprometimento da formação óssea e pode causar problemas gastrointestinais, aumentando a secreção de acido clorídrico e diminuindo a barreira mucosa favorecendo o surgimento de úlceras gastroduodenais, além de desencadear problemas depressivos, diabetes e distúrbios do sono.


No sistema imune, o Cortisol possui efeito anti-inflamatório, induzindo a síntese de lipocortina, interferindo na produção de prostaglandinas e leucotrienos (mediadores da resposta inflamatória). Ademais, o estresse crônico atua comprometendo as funções leucocitárias, reduzindo a produção de interleucina-2 (IL-2), diminuindo assim a produção de linfócitos T, e como conseqüência, o potencial de defesa do organismo se torna mais instável e mais suscetível a infecções, disseminação do câncer e até mesmo doenças auto imunes.

E aí, vai deixar que a rotina do dia a dia traga problemas como estes? Tire uma folguinha e relaxe!

Referência:
 INFLUÊNCIA DO ESTRESSE SOBRE O SISTEMA IMUNOLÓGICO (Neura Cirqueira Fonseca1, Jacqueline Coimbra Gonçalves, Graziela Silveira Araujo)