segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Qual o papel das quimiocinas?

Por: Letícia Dinatto Pereira (Graduação em Cièncias Biológicas)
Editora: Caroline Martins Mota (PostDoc UFU/PPIPA)


          As quimiocinas são proteínas de baixo peso molecular (8-17 KDa) do grupo das citocinas, e são primordialmente citocinas quimiotáticas que frequentemente estão associadas com inflamação por estarem envolvidas na interação celular e tropismo neste tipo de situação. São classificadas em quatro subfamílias de acordo com o arranjo dos dois resíduos de cisteína da porção N-terminal: 1. CXC, cisteínas separadas por outro aminoácido; 2. CC, cisteínas adjacentes; 3. CX3C, cisteínas separadas por três outros aminoácidos; 4. C, onde os resíduos 1 e 3 são ausentes. O reconhecimento dessas moléculas é realizado por Receptores Acoplados a Proteína G (GPCR), que apesar de serem capazes de reconhecer diferentes quimiocinas, são específicos para cada subfamília.
Apresentam função quimiotática caracterizada pelo direcionamento do movimento de células de acordo com a presença de substâncias no meio, e função homeostática, sendo expressas constitutivamente em órgãos linfóides e atuando no controle da migração celular de leucócitos (principalmente linfócitos e células dendríticas) durante processos de crescimento e manutenção de tecidos. Já as quimiocinas de função inflamatória são liberadas durante respostas imunes, e recrutam majoritariamente neutrófilos e macrófagos para os sítios de lesão tecidual ou processos infecciosos. Normalmente, pode ocorrer sobreposição das duas funções das quimiocinas, pois há relatos da atuação dessas proteínas na angiogênese, hematopoiese e em processos tumorais que evidenciam o papel das quimiocinas na modulação da senescência e da sobrevida celular.
Além disso, estudos mostram que os receptores de quimiocinas também são promissores para o desenvolvimento de drogas: o receptor CCR5 é sabidamente um co-receptor importante para a entrada do vírus HIV-1 nas células. Estão sendo elaboradas técnicas para ruptura desse mecanismo, incluindo edição gênica e inibição com uso de antagonistas - como o Maraviroc, para vírus R5-Trópico, droga aprovada pela FDA (Food and Drug Administration, USA) que tem se mostrado segura para uso em regimes de profilaxia pré-exposição. Portanto, a melhor investigação e entendimento desta classe de citocinas podem facilitar no desenvolvimento de novas terapias de diversas doenças, como câncer e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Referências:

ZLOTNIK, Albert; YOSHIE, Osamu. The chemokine superfamily revisited. Immunity, v. 36, n. 5, p. 705-716, 2012.

WOOLLARD, Shawna M.; KANMOGNE, Georgette D. Maraviroc: a review of its use in HIV infection and beyond. Drug design, development and therapy, v. 9, p. 5447, 2015.

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