Por:
Nathalya Pereira Barbosa (Biomedicina/UFU)
Editora:
Jacqueline Pádua de Queiroz (Mestranda PPIPA/UFU)
https://www.maemequer.pt/a-vida-com-o-seu-bebe/pos-parto/
recem-nascido/vacinas-do-recem-nascido/
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Aproximadamente 6 milhões
de crianças morrem com menos de 5 anos de vida, sendo que 45% dessas mortes
ocorrem no período neonatal, que compreende 28 dias depois no nascimento. Você
deve estar se perguntando: “por que tantos infantes morrem tão cedo?” Uma das
respostas para essa pergunta se baseia no sistema imunológico humano e em seu
desenvolvimento. A discussão sobre esse tema se mostra extremamente importante
quando nos deparamos com dados dessa magnitude, já que entender o funcionamento
da imunologia dos pequenos é o primeiro passo para tentar encontrar melhores
formas de os proteger e evitar infecções mortais.
https://www.unicef.org/publications/files/
Child_Mortality_Report_2015_Web_8_Sept_15.pdf
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Como mencionado no post anterior, o ambiente uterino
durante a gravidez apresenta uma modulação de imunossupressão/regulação para
que o corpo materno consiga “ignorar” os aloantígenos do feto. Nos primeiros
momentos da vida, o sistema imune dos neonatos mantém essa conformação,
garantindo um ambiente favorável a infecções. Porém, além dessa influência
materna, o próprio sistema se mostra imaturo mesmo depois do nascimento, como
observado em relação a muitos outros sistemas do corpo humano.
Tudo começa muito cedo,
desde a quarta semana de gestação os progenitores das células imunes (os
mieloides e linfoides) já estão presentes no saco vitelínico e migram para o
fígado, onde sofrem uma discreta proliferação e diferenciação, sendo
encontrados, mais tarde, no baço, timo e medula óssea.
Em relação a imunidade
inata do recém-nascido, a primeira linha de defesa, a pele, já se mostra
enfraquecida em relação aos adultos, pois é mais permeável aos agentes
infecciosos, por ser mais alcalina e pobre em ácidos graxos. O sistema
complemento, outro agente importante no combate à microrganismos, também se
encontra reduzido no neonato (60-90% dos valores do adulto), já que, durante a
gravidez, a passagem de proteínas desse complexo através da membrana é baixa.
O Sistema Complemento.
http://defesasnaoespecificas.blogspot.com.br/2012/12/sistema-complemento.html
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Outro importante
componente da imunidade inata são as células NK (Natural Killer) que, apesar de
os recém-nascidos apresentarem a mesma quantidade que os adultos, elas têm
função reduzida e menos ação citotóxica contra vírus. Os seus macrófagos e
monócitos também possuem função reduzida, o que prejudica a fagocitose. Já os
neutrófilos são produzidos somente após o nascimento, mas eles também têm
prejuízo de função: o rolamento, migração, quimiotaxia e adesão até o sitio de
inflamação não são suficientes.
Outros mediadores
inflamatórios importantes também têm funções reduzidas se comparados aos
adultos:
“Outros mediadores inflamatórios importantes
como fibronectina, fatores da coagulação e sistema cinina também se encontram
reduzidos ao nascimento. Todos esses déficits são parcialmente responsáveis
pela reduzida capacidade de opsonização, reduzida capacidade em lisar bactérias
Gram-negativas e alguns vírus, pouca geração de processo inflamató- rio, assim
como reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos”. (Lilian M.O.D; Bruna de C.G e F)
Em relação a imunidade adaptativa celular, os linfócitos T se
encontram em número semelhante ao do adulto depois de 18 a 24 semanas de
gestação, no timo eles já receberam marcadores moleculares e tolerância aos
antígenos próprios. Porém, mesmo assim, são células imaturas e de pouca
memória, pois no ambiente intrauterino há pouca exposição a antígenos. Devido a
uma redução na produção de citocinas IL-12 e IFN-α pelas Células Apresentadoras
de Antígeno (APCs), causada pela função reduzida de moléculas trandutoras de
sinal, como o Fator de Resposta ao Interferon 3 (IRF3); as células T possuem um
desvio para o perfil Th2 de resposta até um ano de idade. Isso influencia a
resposta imune da criança, induzindo a resposta do tipo alergênica.
https://www.immunology.org/public-information/bitesized-immunology/immune-development/neonatal-immunology
A resposta
pró-inflamatória é completamente debilitada, devido a essa baixa produção de
IL-12, citocina responsável pelo desvio dos linfócitos T CD4+ para o perfil
Th1. A citotoxicidade é quase nula, já que o perfil Th1 não é ativado e outras
citocinas, como as IL-2, IL-6, IL-10 e IL-4, não são produzidas em níveis
significativos, devido à imunossupressão placentária e pela baixa exposição à
antígenos dentro do útero. (Para entender mais sobre os perfis de resposta dos
linfócitos, clique aqui).
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https://pt.slideshare.net/labimuno/introducao-ao-sistema-imune
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A resposta humoral é dada
pelos linfócitos B, que no feto, já estão presentes com 8 semanas. Com 10
semanas, as imunoglobulinas são produzidas e apresentam o pico na 26ª semana.
Depois, a produção cai drasticamente até o nascimento, pela falta de estímulo
para sua produção, uma vez que o ambiente intrauterino é quase estéril e há a
passagem que anticorpos passivamente (menos o IgM) através da placenta. Quando
a criança nasce, há baixa quantidade de IgM, IgA e IgE, sendo que o IgG é,
predominantemente, materno.
http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=564
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Com a exposição a
antígenos ambientares e alimentares após o nascimento, há o aumento da produção
própria de anticorpos, porém, esse período entre a queda das imunoglobulinas
maternas e a produção sustentada é chamado de hipogamaglobulinemia transitória
que pode ser concluído apenas aos 5 anos de idade.
Os anticorpos produzidos
pelos recém-nascidos atuam por curta duração e baixos picos séricos, e a
resposta é atrasada, isso é justificado pela presença das imunoglobulinas maternas
e a imaturidade das células T helper e linfócitos B.
Isso tudo nos leva à
importância da amamentação. Como visto, o neonato necessita da transferência de
anticorpos da mãe, tanto no útero, quanto após o nascimento, já que a maturação
completa do sistema imune se dá apenas na infância tardia. O leite materno
contém IgA, que protege o trato gastrointestinal e respiratório, citocinas (IL-4,
IL-6, IL-8, IL-10), fagócitos, células NK, linfócitos, lizosimas, lactoferrina,
peroxidases e substâncias antimicrobianas, anti-inflamatórias e
imunorreguladoras.
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