segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Príons: O que é?

Autores: Christabel Akorfa Afua Dzimabi (Biomedicina/UFU) e Thamires S. Santos (Biotecnologia/UFU)

Editor: Vanessa Resende Souza Silva (PPIPA/UFU)

“Príons... Como assim? Um agente infeccioso composto apenas por proteínas?” Essa foi minha primeira reação quando um colega de faculdade falou sobre o assunto. Se você também está se perguntando o que são esses tais de príons, então, esta é a sua oportunidade de acrescentar mais um pouco seus conhecimentos sobre proteínas.
Os príons (proteinaceous infectious particles) são proteínas (ou seja, sem material genético e sem vida) capazes se replicarem dentro de uma célula, alterando o metabolismo celular. São responsáveis por inúmeras doenças fatais tanto no ser humano quanto em animais (doenças priônicas). São capazes de invadir os neurônios cerebrais, atrapalhar os comandos do seu núcleo e a partir daí causar estragos significativos.
Mas como descobriram tais partículas infecciosas. Algumas décadas atrás os cientistas começaram a prestar atenção a um grupo de doenças neurodegenerativos (encefalopatias espongioformes) que ocorrem tanto em animais como em humanos. Nestas doenças, os neurônios deformaram e depois de algum tempo começaram a desaparecer. Porém, o agente infeccioso destas doenças nunca foi entendido claramente. Vários teste e estudos mostraram que o agente infeccioso não era bactéria, vírus ou fungo. Era um agente desconhecido. Portanto, estudos dos últimos 20-30 vem mostrando que este agente na verdade é uma proteína.
Hoje, sabe-se que o gene príon está localizado no braço curto cromossomo 20 e codifica a proteína PrP. Essa proteína possui importantes funções de sinalização trans-membrana e sua forma patogênica é simbolizada por PrPSc. Uma mutação nesse gene produz a isoforma PrPSc que é extremante estável e possui a capacidade de modificar a estrutura espacial da proteína PrP normal que entrar em contato.  Qual seria, então, a diferença entre a proteína normal e a proteína patogênica? Sabe-se hoje que ambas as proteínas possuem a mesma sequência de aminoácidos, porém, a isoforma PrPSc apresenta mais cadeias beta do que alfa.
Algumas doenças causadas por príons são a doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), a síndrome de GerstmannStraussler-Scheinker (GSS) e a encefalopatia espongiosiforme bovina (BSE), mais conhecida como "doença da vaca louca". É importante notar que a transmissão de príon se dá simplesmente pelo contato com a mesma, sendo que um príon proveniente de um animal é capaz de causar doença em humanos também. Devido à semelhança do príon à proteína normal, o sistema imune não a reconhece como patogênica e, assim, os príons conseguem se instalar no organismo e transformar as proteínas normais causando alterações irreversíveis. Além disso, os príons são resistentes às proteases, radiação ultravioleta, calor (até 170°C), óxido nítrico, peróxido de hidrogênio, hidroxilaminas ou enzimas capazes de fragmentar ácidos nucléicos (nucleases). Muito assustadora não é! No momento, sabe-se que agentes como fenol, dietilpirocarbonato (DEP) ou tioproteases, capazes de desnaturar proteínas, são capazes de inativar os príons.



Com toda esta informação, gostaria de deixar essa pergunta para os nossos queridos leitores: Será que devemos nos preocupar ao nos alimentar e fazer uso de produtos provenientes dos animais, principalmente o boi.

Referências: 

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