segunda-feira, 12 de julho de 2021

RECÉM-NASCIDOS PODEM ADQUIRIR ANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA O SARS-CoV-2 DE MÃES VACINADAS PARA A COVID-19

 Autor: Fernando William Moreira Santana (Mestrando PPIPA)


Após mais de um ano investigando a infecção por SARS-CoV-2 em humanos, os pesquisadores continuam buscando novas informações sobre essa doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, atualmente há mais de 186.000.000 casos confirmados e 4.000.000 mortes pela COVID-19 em todo o mundo, sendo que as vacinas surgiram como uma forma de prevenir as infecções consideradas graves da doença. Com os estudos de segurança e eficácia de algumas vacinas para a grande maioria da população já publicados, os pesquisadores estão buscando entender como funciona a passagem de anticorpos, ou imunoglobulinas (Ig), de mães vacinadas para o feto, na fase gestacional, ou para o recém-nascido, no período de amamentação.

No cordão umbilical ocorre a passagem de alguns componentes sanguíneos da mãe para o feto e vice-versa, incluindo a passagem de anticorpos. Sabendo disso, os pesquisadores relataram sobre a passagem de IgG específico para o SARS-CoV-2 pela barreira placentária de mães vacinadas com a vacina Pfizer/BioNTech (BEHARIER et al., 2021). Ademais, um estudo com 131 mulheres vacinadas com a vacina Pfizer-BioNTech ou Moderna/NIH (84 gestantes, 31 lactantes e 16 não grávidas nem lactantes) demonstrou que pode ocorrer a transferência de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 de mães vacinadas para os filhos, tanto pelo cordão umbilical quanto pelo leite materno (GRAY et al., 2021).

O leite materno, uma fonte rica em proteínas, incluindo os anticorpos, é o principal alimento para os recém-nascidos. Sendo assim, os anticorpos que a mãe passa para o bebê são de extrema importância para a sua proteção nos primeiros estágios de vida. Em Israel, um estudo feito com 84 mulheres em período de amamentação que foram imunizadas contra o SARS-CoV-2 com a vacina Pfizer-BioNTech, demonstrou que há um aumento nos níveis de IgA e IgG no leite materno entre a primeira e a segunda dose da vacina (Figura 1) (PERL et al., 2021). Além disso, pesquisadores também demonstraram que os anticorpos gerados pela completa vacinação estavam presentes em todas as amostras de sangue do cordão umbilical e no leite materno analisados (GRAY et al., 2021).

Figura 1. Variações dos níveis de IgA e IgG no leite materno com o passar do tempo. Adaptado de PERL et al., 2021.

Tendo isso em vista, a discussão sobre a vacinação de gestantes está em voga, sendo que há relatos científicos que demonstram pontos positivos para a vacinação desse grupo de indivíduos, ressaltando a importância da passagem de anticorpos para o recém-nascido de forma passiva. Também vale ressaltar que essas pesquisas foram restritas para certos tipos de vacinas, porém outros estudos científicos serão publicados para o melhor entendimento da vacinação em gestantes.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEHARIER, O. et al., Efficient maternal to neonatal transfer of antibodies against SARS-CoV-2 and BNT162b2 mRNA COVID-19 vaccine. The Journal of Clinical Investigation, v. 131, n. 13, 2021.

GRAY, K. J. et al., COVID-19 vaccine response in pregnant and lactating women: a cohort study. medRxiv, 2021.

PERL, S. H. et al., SARS-CoV-2-specific antibodies in breast milk after COVID-19 vaccination of breastfeeding women. JAMA, v. 325, n. 19, 2021.

WHO COVID-19 Dashboard. Geneva: World Health Organization, 2020. Disponível em: <https://covid19.who.int/>. Acesso em: 12 de julho de 2021.

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