Autores: Ludmilla Sousa Quirino (Graduanda em Biotecnologia), Alessandro Sousa Correa (Doutorando PPIPA)
Senescência, do latim Senescere, é um percurso natural do envelhecimento. Este, na perspectiva biológica, é o processo da perda progressiva da integridade fisiológica e das funções dos órgãos. A nível celular é uma série de fenômenos gradativos ocasionados em resposta a estresses celulares, como oxidação; danificação da molécula de DNA, disfunções mitocondriais e encurtamento dos telômeros. Além disso, as células senescentes invocam respostas imunológicas que se relacionam com manifestações patológicas como diabetes, hipertensão pulmonar, osteoartrites, etc. (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018)
Figura
1:
Esquema ilustrativo dos processos da senescência e contribuição para o
envelhecimento do organismo. Retirado de Dodig et al, 2019.
Contudo,
a senescência celular tem como finalidade a retenção da fase G1 do ciclo
celular para evitar transformações malignas causadas pelos estressores, além de
estar envolvida na supressão da proliferação e invasão de células tumorais ao
parar o ciclo. De acordo com o ponto de vista cinético, o processo natural do
envelhecimento pode ser dividido em duas categorias: aguda e crônica. e é
mediado por fatores como p53, p16 e demais vias relacionadas à supressão tumoral
(DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).
A
senescência aguda é um processo programado e transitório, relacionado ao
desenvolvimento embrionário, ao reparo tecidual e à cicatrização de feridas; já
a senescência crônica não é direcionada e possui uma característica mais
persistente, além de limitar a proliferação de células danificadas. Ao
contrário do que possa se imaginar, no início da vida, há presença de células
senescentes que atuam na homeostasia, desenvolvimento e regeneração. Porém, em
uma idade avançada, há o acúmulo destas células e produção de efeitos
prejudicais, como as doenças relacionadas ao envelhecimento (Figura 1) (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019).
Mas
a dúvida que perdura na mente dos cientistas é como os organismos envelhecem e por
quê? Diversas teorias são discutidas e uma delas é a influência do meio
ambiente na senescência celular. Sabe-se que alguns hábitos alimentares ou
comportamentais promovem o maior acúmulo de espécies reativas de oxigênio que
causam danos celulares. Além disso, o encurtamento dos telômeros que busca
evitar a degradação dos cromossomos é um processo natural do envelhecimento e
pode ser acelerado por patologias (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).
Dessa
forma, o envelhecer é um processo intrínseco e complexo da natureza humana resultante
da genética, assim como dos fatores ambientais que a influenciam, e do tempo. Inúmeras
são as evidências desse processo que pode ser natural, por manifestações
patológicas, alterações fisiológicas, sociais e cognitivas.
Na
forma de indicadores do processo de envelhecimento podemos citar: enfraquecimento
muscular, mudanças sensoriais e redução da mobilidade, assim como
suscetibilidade a hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose,
doenças neurodegenerativas assim como diminuição da capacidade respiratória,
aumento da taxa de células CD4+/CD8+, etc. E existem fatores
primordiais no processo do envelhecimento como: fatores inflamatórios,
cronicidade envolvida e a senescência celular citada no texto (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019).
Em
suma, o envelhecimento do organismo afeta cada nível da vida, há um
enfraquecimento do sistema imunológico marcado por função fagocitária reduzida
o que implica na maior suscetibilidade à entrada de patógenos, incidência maior
de linfócitos CD8+ e diversas outras
alterações que corroboram para aumento de inflamações, processos neurodegenerativos
e tantas outras questões prejudiciais à manutenção da vida (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019). Entretanto a
identificação, entendimento e seleção dos biomarcadores podem trazer luz à
complexidade da senescência, assim como a intervenções farmacológicas adequadas
para um envelhecimento saudável, apesar das descobertas moleculares e celulares
ainda serem limitadas (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
WEI, W.; JI,
S. Cellular senescence: Molecular mechanisms and pathogenicity. Journal
of Cellular Physiology, v. 233, n. 12, p. 9121–9135, 2018.
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