terça-feira, 29 de dezembro de 2020

MECANISMOS DA SENESCÊNCIA E SEU EFEITO NO SISTEMA IMUNOLÓGICO

Autores: Ludmilla Sousa Quirino (Graduanda em Biotecnologia), Alessandro Sousa Correa (Doutorando PPIPA)

 

Senescência, do latim Senescere, é um percurso natural do envelhecimento. Este, na perspectiva biológica, é o processo da perda progressiva da integridade fisiológica e das funções dos órgãos. A nível celular é uma série de fenômenos gradativos ocasionados em resposta a estresses celulares, como oxidação; danificação da molécula de DNA, disfunções mitocondriais e encurtamento dos telômeros. Além disso, as células senescentes invocam respostas imunológicas que se relacionam com manifestações patológicas como diabetes, hipertensão pulmonar, osteoartrites, etc. (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018)

                                

Figura 1: Esquema ilustrativo dos processos da senescência e contribuição para o envelhecimento do organismo. Retirado de Dodig et al, 2019.

Contudo, a senescência celular tem como finalidade a retenção da fase G1 do ciclo celular para evitar transformações malignas causadas pelos estressores, além de estar envolvida na supressão da proliferação e invasão de células tumorais ao parar o ciclo. De acordo com o ponto de vista cinético, o processo natural do envelhecimento pode ser dividido em duas categorias: aguda e crônica. e é mediado por fatores como p53, p16 e demais vias relacionadas à supressão tumoral (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).

A senescência aguda é um processo programado e transitório, relacionado ao desenvolvimento embrionário, ao reparo tecidual e à cicatrização de feridas; já a senescência crônica não é direcionada e possui uma característica mais persistente, além de limitar a proliferação de células danificadas. Ao contrário do que possa se imaginar, no início da vida, há presença de células senescentes que atuam na homeostasia, desenvolvimento e regeneração. Porém, em uma idade avançada, há o acúmulo destas células e produção de efeitos prejudicais, como as doenças relacionadas ao envelhecimento (Figura 1) (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019).

Mas a dúvida que perdura na mente dos cientistas é como os organismos envelhecem e por quê? Diversas teorias são discutidas e uma delas é a influência do meio ambiente na senescência celular. Sabe-se que alguns hábitos alimentares ou comportamentais promovem o maior acúmulo de espécies reativas de oxigênio que causam danos celulares. Além disso, o encurtamento dos telômeros que busca evitar a degradação dos cromossomos é um processo natural do envelhecimento e pode ser acelerado por patologias (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).

Dessa forma, o envelhecer é um processo intrínseco e complexo da natureza humana resultante da genética, assim como dos fatores ambientais que a influenciam, e do tempo. Inúmeras são as evidências desse processo que pode ser natural, por manifestações patológicas, alterações fisiológicas, sociais e cognitivas.

Na forma de indicadores do processo de envelhecimento podemos citar: enfraquecimento muscular, mudanças sensoriais e redução da mobilidade, assim como suscetibilidade a hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, doenças neurodegenerativas assim como diminuição da capacidade respiratória, aumento da taxa de células CD4+/CD8+, etc. E existem fatores primordiais no processo do envelhecimento como: fatores inflamatórios, cronicidade envolvida e a senescência celular citada no texto (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019).

Em suma, o envelhecimento do organismo afeta cada nível da vida, há um enfraquecimento do sistema imunológico marcado por função fagocitária reduzida o que implica na maior suscetibilidade à entrada de patógenos, incidência maior de linfócitos CD8+ e diversas outras alterações que corroboram para aumento de inflamações, processos neurodegenerativos e tantas outras questões prejudiciais à manutenção da vida (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019). Entretanto a identificação, entendimento e seleção dos biomarcadores podem trazer luz à complexidade da senescência, assim como a intervenções farmacológicas adequadas para um envelhecimento saudável, apesar das descobertas moleculares e celulares ainda serem limitadas (DODIG; ČEPELAK; PAVIĆ, 2019; WEI; JI, 2018).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


DODIG, S.; ČEPELAK, I.; PAVIĆ, I. Hallmarks of senescence and aging. Biochemia Medica, v. 29, n. 3, p. 1–15, 2019.

WEI, W.; JI, S. Cellular senescence: Molecular mechanisms and pathogenicity. Journal of Cellular Physiology, v. 233, n. 12, p. 9121–9135, 2018.

 

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