Autoras: Débora Raquel dos Santos Cantuara (Graduanda em Medicina Veterinária) e Hellen Dayane Silva Borges (Doutoranda PPIPA)
A imunodepressão pode ser causada por imunodeficiências
primárias ou secudanárias. É primária quando
dependente de fatores genéticos hereditários, como
doenças autoimunes e determinados tipos de neoplasias, e secundária
quando se deve a um fator externo que afeta o sistema imunológico, como doenças
sistêmicas (ex. diabetes, desnutrição, infecção pelo HIV), tratamentos imunossupressores (ex. quimioterapia
citotóxica, radioterapia) e doenças graves
prolongadas.
O desenvolvimento da infecção por COVID-19 em
indivíduos imunodeprimidos é um fator de risco, uma vez que uma boa resposta imune adaptativa específica é
necessária durante os estágios iniciais e não graves da doença para eliminar o
vírus e impedir a progressão para estágios graves. Pacientes imunodeprimidos possuem os mecanismos de
defesa contra infecções comprometidos, de forma que doenças que em indivíduos
saudáveis são consideradas de baixa gravidade, podem apresentar riscos e
complicações maiores nesses pacientes. Isso acontece porque conforme o
sistema imune se torna mais afetado, os microrganismos menos virulentos se
tornam mais perigosos, pois os pacientes apresentam graves deficiências
imunológicas, se tornando vulneráveis a uma variedade de doenças infecciosas.
Em relação a pandemia do COVID-19, o amplo espectro de
manifestações clínicas encontradas nos pacientes tem sido associado a fatores de
risco. Doenças ou tratamentos que afetam o sistema imunológico, como diabetes e
doenças cardiovasculares, resultam no maior risco de doença grave e morte. A
resposta imune ao SARS-CoV-2 é conhecida por envolver todos os componentes do
sistema imune que, juntos, parecem responsáveis pela eliminação viral e
recuperação da infecção. O ponto crítico
onde ocorre a progressão da doença parece centrar-se na perda da regulação
imunológica entre as respostas protetoras devido à exacerbação dos processos
inflamatórios.
Os dados disponíveis até o momento
permitem tirar algumas conclusões preliminares sobre COVID-19 em populações de
pacientes imunocomprometidos. Em primeiro lugar, os pacientes
imunocomprometidos parecem ter manifestações clínicas típicas de
COVID-19. Em segundo lugar, pacientes com câncer e receptores de
transplante de orgãos podem estar em maior risco de desenvolver a forma mais
grave da COVID-19. Terceiro, os pacientes que fazem uso de produtos
biológicos podem não ter maior risco de doença grave com base nos dados atuais
mas, se eles realmente apresentam menor risco de COVID-19 grave, ainda não está
claro. Em quarto lugar, os dados atuais em pacientes HIV+ são
inconclusivos quanto ao fato de o HIV apresentar um risco maior de doença
grave.
O que se sabe é que indivíduo acometido pelo SARS-CoV-2 deve estar em boas condições gerais de saúde e ter uma base genética apropriada que apresenta imunidade antiviral específica para produzir resposta imune protetora já nos estágios de incubação viral. Quando a imunidade protetora não é adequada ocorre a propagação do vírus e destruição maciça dos tecidos afetados. A resposta imune pode induzir a inflamação do tecido pulmonar, mediada por macrófagos e granulócitos pró-inflamatórios e essa inflamação é a principal causa de distúrbios respiratórios com risco de vida no estágio grave. Portanto, um sistema imunológico saudável, que permite uma resposta imune adequada, é um fator relevante no controle da infecção nos estágios inicias da doença, impedindo sua evolução e possíveis complições clínicas, como o desconforto respiratório agudo e até morte.
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