Autores: Mikaela dos Santos Marinho (Graduanda em Biomedicina) e Caroline Martins Mota (PosDoc PPIPA)
A prática de exercícios físicos gera diversos efeitos em vários níveis do
organismo humano. Um dos sistemas em que as atividades físicas produzem alterações
é o imune, que tem tanto a quantidade quanto a função de alguns de seus
componentes afetados. Deve-se enfatizar que o funcionamento
perfeito do sistema imunológico é
de suma importância, considerando-se que a imunidade celular e humoral são
essenciais para proteção contra infecções e promovem a homeostasia do nosso
organismo, respostas às vacinas, detecção e remoção de células defeituosas e
prevenção de doenças autoimunes, por exemplo.
Dessa forma, os exercícios físicos podem trazer diversos benefícios ao
sistema imune humano, provocando liberação de catecolaminas, de
glicocorticoides e o aumento da hemodinâmica, que favorecem a leucocitose e
redistribuição de células efetoras entre o compartimento sanguíneo e os tecidos
linfoide e periférico. A prática regular de treino também retarda a imunossenescência, o que favorece o aumento da expectativa e qualidade de vida
dos indivíduos fisicamente ativos (Figura 1).
O músculo esquelético é o principal produtor de
citocinas ou peptídeos (miocinas). Um músculo ativo libera diversas miocinas,
como a IL-6 que possui ação anti-inflamatória; IL-15 que entre suas funções possui
a promoção de células T naïve e o aumento na produção e na citotoxicidade das
células NK; e IL-7 que tem ação timoprotetora. Além disso, o músculo
esquelético produz IGF1(fator de crescimento insulínico), e MTRNL
(Meteorin-like), que atuam no aumento da secreção de IL-4 e polarização
de macrófagos M2 (Figura 2). Além disso, IGF1 promove o desenvolvimento da
musculatura, diminuição dos níveis de glicose no sangue e transformação do
tecido adiposo branco em marrom, e MTRNL atua na tolerância à glicose,
expressão de genes associados à termogênese da gordura marrom e produção de citocinas anti-inflamatórias.
DUGGAL, N.A., et al; o músculo esquelético como um regulador do sistema imune.
Contudo, estudos demonstram que períodos extremamente prolongados de treino podem acarretar a imunodepressão. Sessões extensas de exercícios podem prejudicar as células T, células NK, e a função de neutrófilos, alterando o equilíbrio de citocinas do perfil Tipo I e Tipo II, enfraquecendo as respostas imunes a antígenos primários.
Em síntese, observa-se que a prática de exercícios físicos, de maneira
frequente e moderada, traz diversos benefícios ao sistema imune, afetando
positivamente a resposta imunológica humana. Pois, a ausência dessa ação pode
quebrar a harmonia do sistema imune, proporcionando um ambiente mais
inflamatório ao nosso organismo e consequentemente favorecendo o
desenvolvimento de doenças autoimunes e contribuindo para uma maior susceptibilidade
às infecções patogênicas.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SIMPSON R.J, KUNZ H,
AGHA N, GRAFF R. Exercise and the Regulation of Immune Functions. Progress in
Molecular Biology and Translational Science., v. 135, p. 355-380, 2015.
DUGGAL, N.A., NIEMIRO,
G., HARRIDGE, S.D.R. et al. Can physical activity ameliorate
immunosenescence and thereby reduce age-related multi-morbidity?, Nature Reviews
Immunology, v. 19, p. 563–572, 2019.
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