sexta-feira, 27 de novembro de 2020

EFEITOS DA PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS SOBRE A IMUNIDADE HUMANA

Autores: Mikaela dos Santos Marinho (Graduanda em Biomedicina) e Caroline Martins Mota (PosDoc PPIPA)

 

            A prática de exercícios físicos gera diversos efeitos em vários níveis do organismo humano. Um dos sistemas em que as atividades físicas produzem alterações é o imune, que tem tanto a quantidade quanto a função de alguns de seus componentes afetados. Deve-se enfatizar que o funcionamento perfeito do sistema imunológico é de suma importância, considerando-se que a imunidade celular e humoral são essenciais para proteção contra infecções e promovem a homeostasia do nosso organismo, respostas às vacinas, detecção e remoção de células defeituosas e prevenção de doenças autoimunes, por exemplo.

            Dessa forma, os exercícios físicos podem trazer diversos benefícios ao sistema imune humano, provocando liberação de catecolaminas, de glicocorticoides e o aumento da hemodinâmica, que favorecem a leucocitose e redistribuição de células efetoras entre o compartimento sanguíneo e os tecidos linfoide e periférico. A prática regular de treino também retarda a imunossenescência, o que favorece o aumento da expectativa e qualidade de vida dos indivíduos fisicamente ativos (Figura 1).

 


DUGGAL, N.A., et al; Atividade física como adjuvante imunológico.

            O músculo esquelético é o principal produtor de citocinas ou peptídeos (miocinas). Um músculo ativo libera diversas miocinas, como a IL-6 que possui ação anti-inflamatória; IL-15 que entre suas funções possui a promoção de células T naïve e o aumento na produção e na citotoxicidade das células NK; e IL-7 que tem ação timoprotetora. Além disso, o músculo esquelético produz IGF1(fator de crescimento insulínico), e MTRNL (Meteorin-like), que atuam no aumento da secreção de IL-4 e polarização de macrófagos M2 (Figura 2). Além disso, IGF1 promove o desenvolvimento da musculatura, diminuição dos níveis de glicose no sangue e transformação do tecido adiposo branco em marrom, e MTRNL atua na tolerância à glicose, expressão de genes associados à termogênese da gordura marrom e produção de citocinas anti-inflamatórias.

 

DUGGAL, N.A., et al; o músculo esquelético como um regulador do sistema imune.


            Contudo, estudos demonstram que períodos extremamente prolongados de treino podem acarretar a imunodepressão. Sessões extensas de exercícios podem prejudicar as células T, células NK, e a função de neutrófilos, alterando o equilíbrio de citocinas do perfil Tipo I e Tipo II, enfraquecendo as respostas imunes a antígenos primários.

            Em síntese, observa-se que a prática de exercícios físicos, de maneira frequente e moderada, traz diversos benefícios ao sistema imune, afetando positivamente a resposta imunológica humana. Pois, a ausência dessa ação pode quebrar a harmonia do sistema imune, proporcionando um ambiente mais inflamatório ao nosso organismo e consequentemente favorecendo o desenvolvimento de doenças autoimunes e contribuindo para uma maior susceptibilidade às infecções patogênicas.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

SIMPSON R.J, KUNZ H, AGHA N, GRAFF R. Exercise and the Regulation of Immune Functions. Progress in Molecular Biology and Translational Science., v. 135, p. 355-380, 2015.

DUGGAL, N.A., NIEMIRO, G., HARRIDGE, S.D.R. et al. Can physical activity ameliorate immunosenescence and thereby reduce age-related multi-morbidity?, Nature Reviews Immunology, v. 19, p. 563–572, 2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário