Autores: Laura Calazans de Melo Gomes (Graduanda em Biotecnologia) e Alessandra Monteiro Rosini (Doutoranda PPIPA)
O Brasil, de acordo com dados estatísticos, é o país com maior número de cães de pequeno porte para cada indivíduo (per capita). Além disso, os Estados Unidos da América, estão em primeiro lugar no ranking de populações tanto de cachorros (em torno de 69 milhões) quanto de gatos (em torno de 74 milhões). Animais de estimação tem se tornado cada vez mais comuns em nossa sociedade, e com razão, dado que o contato com pets pode trazer benefícios para saúde humana. Entretanto, o contato direto ou indireto com pets pode trazer algumas desvantagens, uma delas, são as reações alérgicas que são respostas inadequadas do sistema imunológico a uma substância que normalmente é inofensiva.
As reações
alérgicas desencadeadas por gatos e cachorros têm se tornado um problema de
saúde pública, ainda sem solução, dado que os animais são a terceira maior
causa de crises de asma alérgica, sendo a primeira causa os ácaros e a segunda
os famosos poléns.
Os principais alérgenos (antígenos) advindos de
cachorros são Can f 1 e Can f 5, enquanto os principais alérgenos
produzidos por gatos são Fel d 1 e Fel d 4. Esses alérgenos podem
ser encontrados, por exemplo, na saliva (Canf 1, Fel d 4 e Fel d 1) e na urina
(Can f 5), entre outros locais (epitélio, glândulas sebáceas...) do animal. Além
disso, não é algo raro que pessoas estejam ao mesmo tempo sensibilizadas por
ambos os alérgenos (de gatos e cachorros) e ainda, pelo menos 75% das pessoas
que estão sensibilizadas por um desses alérgenos tem 14 vezes mais chances de
serem sensibilizadas por outros animais.
Ainda não está totalmente claro no meio científico a
relação entre o tempo de exposição a alérgenos e a indução de sensibilização
nos indivíduos, apesar de alguns estudos demonstrarem que a exposição (a
cachorros e gatos) logo no primeiro ano de vida, juntamente com outras
variáveis a serem levadas em consideração (ambientais e genéticas), podem levar
a um decréscimo do risco de desenvolvimento de asma alérgica. Outros estudos,
têm demonstrado que a exposição após o primeiro ano de vida pode
aumentar os riscos de sensibilização e de desenvolvimento de alergias.
Na literatura há algumas medidas descritas a fim de
diminuir alérgenos no ambiente, provenientes de animais de estimação. Tais
medidas são recomendadas e extremamente úteis na atual conjuntura, como por
exemplo, o uso de purificadores de ar com filtros HEPA; evitar os animais
dentro dos ambientes domésticos; dar banho constantemente; usar aspiradores de
pó; remover qualquer objeto que possa atuar como um reservatório de pelos entre
outras medidas. Apesar dessas medidas serem voltadas para indivíduos que tenham
o contato direto com animais de estimação, o contato indireto deve ser levado
em consideração, uma vez que, alérgenos são transferidos passivamente entre
casas que não possuem animais e casas que possuem. Além disso, para
exemplificar a importância do contato indireto, a ocorrência de alergias a
gatos pode chegar até 34% em indivíduos que nunca tiveram gatos em suas casas.
Para que haja o correto diagnóstico de alergia a cães
e gatos é necessário a realização de um conjunto de ações, são elas: exame
físico do paciente; análise do histórico médico do paciente; e a realização de
testes cutâneos ou testes sanguíneos específicos para IgE. Ainda, como forma de
tratamento, algumas imunoterapias têm emergido e sido recomendadas em casos
específicos, entretanto, necessitam de maior aprofundamento científico.
Diante dos fatos apresentados, sabe-se que é uma utopia evitar completamente cachorros e gatos, dada a população crescente desses animais e que há ambientes com a presença de alérgenos, mesmo que não haja os animais em questão. Desta maneira, a comunidade médica e científica continua seus esforços para produzir diagnósticos e tratamentos de uma maneira prática e eficaz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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