Autoras: Mariana Laura Dias Silva (Graduanda em Medicina Veterinária) e Caroline Martins Mota (PosDoc PPIPA)
Nanocorpos (nAbs) são proteínas
recombinantes, fragmentos de anticorpos de domínio único que contêm as propriedades estruturais e
funcionais exclusivas de anticorpos convencionais apenas de cadeia pesada,
que se ligam aos antígenos com grande especificidade e exclusividade. Possuem tamanho menor se
comparados aos anticorpos convencionais (1/10 dos anticorpos IgG
convencionais), o que lhes confere uma melhor farmacocinética e biofísica no
ambiente celular. Em sua morfologia, diferem-se dos anticorpos convencionais
pois apresentam mudanças que aumentam a sua solubilidade, estabilidade térmica
e conformacional, permitindo seu grande uso na biotecnologia. A tecnologia dos
nAbs foi originalmente desenvolvida após
a descoberta e identificação de que os camelídeos possuem anticorpos totalmente
funcionais que consistem apenas em cadeias pesadas e, portanto, não possuem
cadeias leves. Estes anticorpos apenas de cadeia pesada contêm um único domínio
variável e dois domínios constantes (Figura 1).
Figura 1: Comparação das regiões de ligação e estruturas de superfície de nanocorpos e dos domínios N-terminais variáveis da cadeia pesada (VH) derivados de humanos (SCHUMACHER et al., 2018).
Devido
ao seu tamanho pequeno e estrutura única, os nanocorpos são blocos de
construção ideais para a geração de novos medicamentos biológicos com múltiplas
vantagens competitivas sobre outras moléculas terapêuticas. Portanto, esta
tecnologia de nAbs é utilizada em programas pré-clínicos e clínicos, que
através de estudos randomizados, selecionam seus ligantes por meio de técnicas in vitro, objetivando seu uso como
anticorpos intracelulares em células vivas. Podem ser usados na determinação da
conformação de proteínas e na sua ligação a elas no organismo animal, sendo
assim capazes de determinar a sua função. Um exemplo da utilização de
nanocorpos é a sua capacidade de se ligar na lplastina (uma proteína de
agregação da actina) e determinar a sua função na regulação do sistema
imunológico, atuação nas sinapses e proliferação de células T. Ademais, pode se
ligar em epítopos pequenos que são difíceis de serem combinados, podendo
identificar e quantificar diferentes biomarcadores, e podem ser imunomarcadores
em células neuronais ou não neuronais.
Adicionalmente, os mamíferos apresentam diferenças na composição proteica de suas células neuronais, o que resulta também em cascatas de sinalização intra e extracelulares diversificadas, distinguindo a sua função neuronal. Atualmente, existem nanocorpos desenvolvidos pelas indústrias de biotecnologia às proteínas neuronais dos mamíferos, que possuem funções vitais e necessárias à plasticidade neuronal (as proteínas denominadas Homer1, localizada em posição pós-sináptica) como esquematizado na figura 2.
Figura 2: Esquema de geração e validação de nanocorpos usados como intracorpos e imunomoduladores em mamíferos (DONG et al., 2019).
A HÉLICE de Interrupção
Dependente de Cálcio da L-Plastina Regula o Agrupamento de Actina. [S. l.], 1 nov. 2020. Disponível em:
https://por.acousticbiotech.com/calcium-dependent-switch-helix-l-plastin-regulates-actin-bundling-791036.
Acesso em: 8 nov. 2020.
DONG, Jie-Xian et al. A toolbox of nanobodies developed and validated for use as intrabodies and nanoscale immunolabels in mammalian brain neurons. Elife Science, [s. l.], ano 2019, p. 0-25, 30 set. 2019. DOI: https://doi.org/10.7554/eLife.48750. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6785268/pdf/elife-48750.pdf. Acesso em: 1 nov. 2020.
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