segunda-feira, 2 de novembro de 2020

IMUNIDADE INATA E LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

Autores: Ludmilla Sousa Quirino (Graduanda em Biotecnologia)Mikaela dos Santos Marinho (Graduanda em Biomedicina), Valter Augusto Souza Ricarte (Graduanda em Biotecnologia) e Marco Miguel de Oliveira (Doutorando PPIPA)

 

O sistema imunológico possui a capacidade de distinguir moléculas do próprio organismo de antígenos “estranhos”. Esse mecanismo é denominado auto tolerância e baseia-se na não responsividade aos componentes celulares e teciduais normais. Falhas na auto tolerância desencadeiam doenças onde o sistema imunológico ataca o próprio organismo. Do ponto de vista clínico, essas enfermidades são classificadas em órgãos-específicas e/ou sistêmicas. Aqui discutiremos o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), uma doença autoimune que afeta múltiplos sistemas do corpo.

Apesar do LES possuir etiologia desconhecida, sabe-se que ele se caracteriza por um conjunto de aberrações do sistema imunológico, que vão desde a produção de autoanticorpos contra componentes nucleares, deposição de complexos imunes fixadores do complemento e inflamações. Em um momento inicial, o LES promove alterações na pele e juntas, quadro que logo progride para distúrbios cardiovasculares e inflamações em diferentes órgãos. Pacientes em estágios avançados apresentam alta morbidade e mortalidade associada a inflamações em órgãos vitais como os rins e o sistema nervoso.

Atualmente, o tratamento do LES baseia-se na utilização de corticoides e drogas imunossupressoras, apesar de existirem terapias voltadas aos linfócitos B. Embora muito se saiba sobre aspectos hormonais, ambientais, genéticos e imunológicos (principalmente relacionados a células T e B) do LES, ainda existem poucos estudos sobre como os fatores e células da imunidade inata (macrófagos, neutrófilos, células dendríticas e basófilos) contribuem para o desenvolvimento dessa doença. Conhecer como é a resposta inata no LES é essencial para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas.

A Figura 1 apresenta de forma simplificada o que sabemos de mais atual sobre a relação entre a imunidade inata e o desenvolvimento e progressão do LES. Na parte superior vemos como o organismo saudável atua na eliminação de células apoptóticas de forma a reduzir a exposição de antígenos nucleares e, dessa forma, reduzir o risco de quebras na tolerância imunológica. Em um paciente com LES, entretanto, observa-se: prevalência de macrófagos M1 (que promovem inflamação e destruição tecidual), maior tendência a formação das Armadilhas Extracelulares de Neutrófilos (NETs), supressão da heme oxidaxe-1 (HO-1, um importante imunossupressor que controla monócitos e células dendríticas), intensa migração de basófilos para as lesões, elevação da atividade oxidativa e produção de IL-6, IL-17, IL-18, IL-23, IFN-γ e outros interferons do tipo I. Juntos, esses componentes promovem a apresentação de autoantígenos e estimulação de uma resposta pro inflamatória que culmina na produção de autoanticorpos e dano tecidual.




Figura 1: Rede de interação das células da imunidade inata na patogênese do LES (HERRADA et al., 2019).

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

HERRADA, A. A. et al. Innate Immune Cells' Contribution to Systemic Lupus Erythematosus. Frontiers in Immunology, v. 10, 2019. https://doi.org/10.3389/fimmu.2019.00772

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