Condição
clínica em que ocorre a diminuição da concentração sérica de plaquetas, a
trombocitopenia pode ter sua etiologia relacionada a destruição acentuada das
células ou com sua diminuição de sua produção. No caso da trombocitopenia
imunomediada é observada a destruição dessas células já diferenciadas. Entre os
sinais mais comuns dessa patologia estão a presença de petéquias, equimoses,
sangramento gengival, hemorragia pós pequenos traumas e diminuição da contagem
de plaquetas. O diagnóstico baseia-se no aumento de megacariócitos na medula,
exclusão de trombocitopenia secundária e expressão clínica.
Diversos
mecanismos imunológicos já foram identificados e elucidados na literatura,
entretanto, é evidente a dificuldade de validação da causa primária desta condição.
Dentre os principais mecanismos responsáveis pode-se destacar a alteração do
funcionamento de células T regulatórias, que são responsáveis sobretudo por
mediar processos inflamatórios e de tolerância imunológica. Ou seja, mudanças
em sua atividade pode culminar em autoimunidade. Outro mecanismo importante
identificado e que poderia estar envolvido nesse processo é expressão de
marcadores de apoptose e diferentes moléculas imunogênicas na superfície da
membrana da plaqueta, fenômeno que acaba por favorecer a degradação dessas
células.
Vale
ressaltar que foi observado uma possível participação do baço nesse processo,
identificada em função da melhora do quadro clínico pós esplenectomia em
paciente com trombocitopenia imunomediada ativa. Algumas formas de tratamento
podem ser utilizadas como a administração de corticosteróides e
imunoglobulinas.
A trombocitopenia imunomediada primária também acomete cães, sendo as
raças mais predispostas o Cocker Spaniel, Pastor Alemão e Old English Sheepdog,
principalmente fêmeas de meia idade, e possui como sinais clínicos
principalmente hemorragias puntiformes na pele e mucosas, como petéquias e
equimoses, além de letargia e fraqueza. Assim como nos seres humanos, a
principal hipótese da destruição de plaquetas mediada por autoanticorpos
anti-plaquetários é a desregulação das células Treg nesses animais.
As
glicoproteínas IIb e IIIa da superfície plaquetária são os principais alvos da
reação imune, as quais são reconhecidas por autoanticorpos do isotipo IgG.
Dessa maneira as plaquetas são opsonizadas e fagocitadas por macrófagos. Os
macrófagos, por sua vez, expressam o epítopo plaquetário aos linfócitos TCD4
autoreativos, através do MHC de classe II, os quais estimulam a produção de
autoanticorpos antiplaquetários pelos linfócitos B autoreativos.
Para diagnosticar a doença, é necessário excluir as possíveis causas da trombocitopenia imunomediada secundária, a qual, nos cães, apresenta como principais causas infecciosas a erliquiose, babesiose e leishmaniose. Também é possível a realização de mielograma (exame citológico do aspirado de medula óssea), para analisar a contagem da série celular megacariocítica. O tratamento se baseia no uso de glicocorticoides em doses imunossupressoras, além da possibilidade de realização de esplenectonia como terapia adjuvante. Estudos demonstram também a utilização da Imunoglobulina Intravenosa Humana como tratamento da TIM primária em cães, sendo sua principal ação o bloqueio de receptores Fc nas células fagocíticas mononucleares, os quais deixam de captar os anticorpos que estavam opsonizando plaquetas. Este tratamento é efetivo quando adicionado à terapia com glicocorticoides, gerando poucos efeitos adversos, e sendo eficaz para o aumento da contagem plaquetária em cães acometidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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