segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Papel dos leucotrienos na resposta imunológica contra parasitos


Autores: Ludmilla Sousa Quirino e Mariana Laura Dias Silva
Editor: Marco Miguel de Oliveira (Doutorando PPIPA)

Os leucotrienos (LTs) são uma classe de mediadores lipídicos conhecidos por seu papel na asma e alergias. A biossíntese dos LTs é dependente da ação da enzima 5-Lipoxigenase e disponibilidade do ácido araquidônico, que é um precursor do LTA4, LTB4, LTC4, LTD4 e LTE4. A ação dos leucotrienos é de grande importância nas respostas inatas e adaptativas, estando essas moléculas envolvidas em processos inflamatórios, bem como a resistência e susceptibilidade a infecções. Basicamente, os LTs auxiliam na quimiotaxia de leucócitos e outras células, degranulação de neutrófilos, secreção de enzimas lisossômicas, fagocitose e produção de óxido nítrico (NO).
Os LTs possuem um papel importante tanto na resposta Th1 quanto na Th2, sendo a primeira relacionada a resistência a infecções por protozoários e a segunda a helmintos, respectivamente. A modulação ocasionada pelos LTs pode tanto ser benéfica ou maléfica ao hospedeiro. A resposta a protozoários intracelulares como Leishmania spp., Plasmodium sp., Trypanosoma cruzi e Toxoplasma gondii, por exemplo, é caracterizada pela produção de citocinas inflamatórias (IL-12, TNF-  e IFN- ) que ativam os fagócitos e os estimulam a produzir NO (Figura 1). Este mecanismo de eliminação de patógenos é estimulado pela ação do LTB4, LTC4 e LTD4. No caso da malária, por exemplo, o LTC4 estimula a depuração dos eritrócitos infectados, entretanto, a morte excessiva das células sanguíneas leva ao desenvolvimento da anemia. Assim sendo, os LTs também possuem um papel duplo, podendo ou não contribuir com a patogênese da doença.


Figura 1: Modulação das respostas inata e adaptativa pelos LTs durante a infecção dos protozoários. Fonte: ROGERIO; ANIBAL, 2012.
No caso das infecções helmínticas ocasionadas por nematódeos como Ascaris lumbricoides, Strongyloides spp., Enterobius vermicularis, Trichuris trichiura, Ancylostoma duodenale, Necator americanos, filarídeos e platelmintos como Schistosoma mansoni , a resposta imunológica frente a esses patógenos é característica do tipo Th2, incluindo a produção de citocinas (IL-4, IL-5 e IL-13), quimiocínas, LTs e imunoglobulina E (IgE, que se liga aos basófilos e mastócitos). Além disso, há uma forte participação dos eosinófilos (Figura 2). O LTC4, por exemplo, leva ao aumento de contratilidade das células musculares lisas intestinais e a hipersecreção de muco, auxiliando na expulsão desses parasitos.

Figura 2: Modulação das respostas do sistema imune inato e adaptativo em uma infecção por helmintos. Fonte: ROGERIO; ANIBAL, 2012.
Fica evidente, portanto, a importância dos LTs nas respostas a protozoários e helmintos. Entretanto, convém destacar que a biologia de cada parasito e patogenia de cada doença deve ser entendida separadamente, pois muitas vezes um mesmo LT pode modular diferentes tipos de resposta, quer seja Th1 ou Th2.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ROGERIO, A. P.; ANIBAL, F. F. Role of leukotrienes on protozoan and helminth infections. Mediators of Inflamation, 2012. http://dx.doi.org/10.1155/2012/595694


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