Autores: Ana Flávia De Paula Pereira (Graduanda em Medicina Veterinária) e Vinícius José de Oliveira (Doutorando PPIPA).
DIABETES MELLITUS
A Diabetes Mellitus tipo 1 é uma doença autoimune que
acomete o pâncreas com o ataque das suas ilhotas, promovendo a morte das
células beta desse órgão pela liberação de antígenos próprios diante de lesões
causadas por diversos fatores, isso desencadeia uma reatividade de linfócitos
que culmina na falha de produção e circulação de insulina no sangue. Com esse
perfil, os portadores dessa patologia desenvolvem hiperglicemia, além de outros
sintomas clínicos com a progressão da afecção. Entretanto, mesmo com a noção de
que se trata de uma doença autoimune, não se sabe ao certo os mecanismos que
levam à destruição das células beta pancreáticas, por isso, por meio de
diversos estudos, foi possível garantir algumas atividades, não concretizadas
como principais mas muito importantes associadas, para o desenvolvimento da
enfermidade.
Acredita-se que a doença se torna autoimune quando há destruição
das células pancreáticas por uma reação inflamatória diante de uma infecção
viral ou produtos tóxicos, causando uma apresentação via MHC que desencadeia
respostas de linfócitos. Essas células podem se tornar reativas com a presença
de antígenos próprios não expressos antes, além de haver uma quebra da
tolerância quanto a eles, o que faz dessa patologia órgão-específica. Além
disso, existe infiltração de células da imunidade inata, produzindo suas
citocinas que aumentam cada vez mais a característica inflamatória e o recrutamento
de outras células, tornando a lesão tecidual e destruição celular constantes. O
problema dessa enfermidade é que os sinais clínicos só são percebidos após a
destruição de cerca de 80% das células beta, que, por serem as principais
constituintes do órgão, causam sua atrofia, assim como a perda das ilhotas de
Largerhans.
A imunidade inata, como primeira barreira do
organismo, possui diversas formas de atuar nessa doença, sendo as principais
por meio das células apresentadoras de antígenos e fagócitos. Independente do
fator que ocasionou a morte das células nas ilhotas, os responsáveis por
reconhecer os antígenos liberados por elas são os macrófagos e células
dendríticas, por meio dos receptores TLR. Diante dessa verificação de Ag, uma
cascata inflamatória é desencadeada, assim como o estímulo para a síntese de
citocinas, quimiocinas e coestimuladores. Em pesquisas com portadores da
patologia, notou-se uma presença marcante de TLR2 e TLR4 em monócitos, confirmando
a atuação desse receptor como uma fonte principal do desenvolvimento da doença.
Percebeu-se, também, que a resposta causada pela imunidade inata contra as
próprias proteínas é um fator fundamental para a quebra de tolerância do
organismo. Com todo esse mecanismo, as células apresentadoras de antígenos
carregam essas amostras para os linfonodos, gerando um reconhecimento pelos
linfócitos para o desenvolvimento de respostas específicas.
A imunidade adaptativa começa agir depois da
apresentação dos antígenos. Primeiramente, a fração celular dessa resposta
começa com a expansão clonal de linfócitos TCD4 e TCD8 autorreativos,
caracterizando a doença autoimune. A atuação dos linfócitos TCD8 tem grande
impacto, pois sua característica citotóxica com perfil perforina e granzima
levam à apoptose celular. Por isso, é aceito que a apresentação via MHC tipo 1
é a principal para a morte das células pancreáticas, pois é muito raro obter a
doença quando essa via não é a utilizada. Por outro lado, as respostas por TCD4
acontecem pelos subgrupos Th1 e Th17 que tem perfil inflamatório com suas
citocinas, sendo a IL-17, produzida pelas Th17, a principal citocina associada ao
avanço da doença, pois é responsável por grande ativação das TCD4.
Quanto as células regulatórias, pode haver uma mutação
no fator de transcrição Foxp3 de células CD25+CD4+, promovendo uma disfunção
imunológica, que tem efeito sistêmico no organismo, pois há um defeito na
regulação das respostas. Mas, além disso, existe uma confiança na falha das
células efetoras em reconhecer as ações regulatórias sobre elas, tornando
inviável o ajustamento mesmo sem alterações genéticas.
Já na parte humoral, há produção de autoanticorpos
pelos linfócitos B, mas somente após a destruição das ilhotas pelos linfócitos
T, podendo ativar a via clássica do sistema complemento, promovendo a apoptose
de mais células. Porém, apesar dessa ação, não são considerados fundamentais
para o desenvolvimento da enfermidade.
Portanto, a doença gera queda na insulina circulante, evitando o reconhecimento da glicose pelos tecidos, o que compromete atividades fisiológicas essenciais. Causa um emagrecimento rápido, por sua agressividade e tentativa do corpo de produzir mais energia com a liberação de triacilglicerol pela degradação do tecido adiposo, mas que também é acumulado, pois os ácidos graxos são dependentes de insulina para entrar nos tecidos. Outrossim, há uma toxicidade causada por essa doença, pois muitos corpos cetônicos são produzidos, já que a falta de reconhecimento de glicose indica para o organismo um estado de jejum prologado.
DIABETE MELLITUS E OUTRAS DIABETES
Sendo a Diabetes Mellitus uma doença associada à
distúrbios metabólicos, causando um quadro de hiperglicemia crônica. A tipo 1,
explicada anteriormente está relacionada a destruição das células pancreáticas,
mas outros tipos existem. A diabetes do tipo 2 tem crescido e se destacado cada
vez mais na população, tanto de animais, quanto de humanos, pela característica
sedentária da atualidade.
As características do tipo 2 desse distúrbio resultam
em uma deficiência no reconhecimento da insulina, que vem de uma resistência
desenvolvida pelos tecidos, mas sem motivo esclarecido, essencialmente quanto a
predisposição genética. Mas fatores externos, como obesidade e sedentarismo
auxiliam esse atributo.
O sedentarismo instalado na sociedade atual, prega uma
cultura de fast-food e comodidade, sem estímulos para exercitação, por isso é
um fator de predisposição de obesidade. Nesse quadro, há uma produção maior de
insulina, porém seus tipos podem influenciar na forma que esse hormônio será
interpretado por órgãos periféricos.
Os tecidos musculares e adiposo são os principais
afetados, sendo que a resistência leva a um estresse oxidativo, pelo acúmulo de
insulina e falta de regulação da glicemia sanguínea, levando à produção de
citocinas que aumentam o tamanho do tecido na tentativa de aumentar sua
sensibilidade ao hormônio, mas alguns desses produtos tem efeito contrário,
aumentando a resistência. Por isso, a Diabetes Mellitus tipo 2 possui um
mecanismo complexo de funcionamento, mas as formas de prevenção são
relativamente simples e acessíveis, como a mudança de alguns hábitos, para evitando
despesas futuras com tratamentos.
Existe, também, a diabetes gestacional, que apresenta
altos índices de sucesso caso tenha sido diagnosticada e tratada da forma
correta. Acredita-se que é um distúrbio causado com a primeira hiperglicemia
reconhecida na gravidez, associada as mudanças fisiológicas desse período, que
altera os hábitos alimentares, de atividade física e, automaticamente, de
necessidade de insulina, pois o feto recruta muitas fontes de energia para o
seu desenvolvimento e, caso a mãe não esteja saudável, pode desencadear a
diabetes. Os hormônios progesterona e estrógeno são produzidos no inicio da
gestação e tem atuação antagonista à insulina, promovendo uma resposta maior a uma
quantidade de glicose, favorecendo atividades gliconeogênicas. Já nos segundo e
terceiro trimestre é instalada uma resistência a ela, promovendo o
desenvolvimento da diabetes, pois sua concentração fica elevada com a produção
contínua pelas células beta pancreáticas, podendo levar a um estresse oxidativo,
desencadeando outros problemas e sintomas da diabetes. O tratamento dessa
enfermidade acontece para evitar qualquer dano ou sequelas deixadas no
recém-nascido, assim como auxiliar a mãe, para que tenha uma gravidez mais
tranquila.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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