As peçonhas apresentam 98% de proteínas em seu peso seco,
que podem ser altamente imunogênicas, o que significa que esses componentes são
capazes de induzir uma resposta imune. Muitas das proteínas presentes na
peçonha são denominadas de toxinas pois apresentam características
físico-químicas que induzem efeitos tóxicos, sendo reconhecido como estranho
pelo sistema imune do hospedeiro, provocando uma resposta imune. Dentre os
componentes mais importantes estão proteínas como as metaloproteinases, desintegrinas,
proteínas tipo lectinas, L-aminoacido oxidase, serino-proteases, fosfolipases
A2 e outras.
Em um acidente ofídico pode-se encontrar o seguinte quadro
clínico:
No local da picada observa-se alterações como dor, edema
(inchaço) e equimoses (manchas roxas), resultantes de um processo inflamatório intenso.
Muitas das toxinas interagem com diferentes alvos moleculares do paciente. Por
exemplo, as metaloproteinases estão relacionadas com processos hemorrágicos,
lesão tecidual e choque cardiovascular. As metaloproteinases e serino-proteases
presentes na peçonha interferem na cascata de coagulação predispondo a hemorragias,
fraqueza, turvação da vista, queda das pálpebras, dores musculares, sudorese,
náuseas e vômitos, cólicas abdominais, diarreia e bradicardia (diminuição da
frequência dos batimentos cardíacos) e hipotensão (queda da pressão arterial),
entre outros.
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| Google imagens: https://www.mundoecologia.com.br/natureza/tratamento-para-picada-de-cobra-coral/ |
A resposta imune humoral é extremamente importante, os
anticorpos são capazes de neutralizar esses componentes tóxicos da peçonha,
entretanto a ação da toxina é mais rápida do que a capacidade do organismo em
desenvolver a resposta imune humoral apropriada, dessa forma é necessário a administração
de um soro geralmente heterólogo (produzido em outra espécie) composto de
anticorpos contra uma peçonha especifica.
O tratamento disponível mais eficaz é a soroterapia que
consiste em administrar soro antiofídico que é definido como medicamento especifico para tratar
picada de serpentes peçonhentas. A origem da maioria dos soros antiofídicos
utilizados é equina, o que pode promover diversos efeitos colaterais. É
de fundamental importância que o tratamento seja realizado o mais rápido
possível para que se neutralize a maior quantidade possível de veneno
circulante. A eficiência do tratamento depende da identificação do animal
peçonhento, da agilidade da administração e da dose adequada do soro.
Referências:
BRASILIA.
Ministério da saúde. Manual de diagnósticos e tratamentos de acidentes por
animas peçonhentos, Brasília, OUTUBRO DE 2001.
LEON ,
Guilherme;
SANCHEZ,Laura,HERNANDEZ;Andres,VILLALTA;Malta,HERRERA;Maria,SEGURA;Alvaro,ESTRADA;Ricardo,GUTIERREZ. Immune response towards snake venoms.
Inflammation e allergy-Drung Targets, 2011,10,381-398.
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