Por: Nathalia Caroline Teixeira
Zana
Editora: Tamires Lopes Silva
(doutoranda PPIPA)
O envelhecimento traz consequências para
todo o organismo, em todos os sistemas e não poderia ser diferente para sistema
imunológico. Desta maneira, sabe-se que idosos, principalmente a partir dos 70
anos, não respondem de maneira eficiente a novos antígenos.
Dentro
dessa realidade, o timo, um dos órgãos afetados, involui conforme envelhecemos.
Consequentemente a linfopoiese primária é menor, ocorrendo diminuição na
produção de linfócito T naive. Além disso,
a queda do hormônio de crescimento (GH) e do Fator de crescimento semelhante a
insulina 1 (IGF-1) também causam decréscimo da linfopoiese. Enquanto que ocorre
diminuição do microambiante da medula óssea, diminuindo a liberação de IL-17
pelo estroma e consequentemente gerando um envelhecimento nas células B, com
suas progenitoras não proliferando e ocorrendo um aumento da apoptose.
Desta
maneira, vê-se que as taxas de células B e T naive produzidas são alteradas, bem como, sua qualidade e
composição, como por exemplo a perca do receptor CD28 nos linfócitos T CD8+.
Outro exemplo, é a alteração na qualidade das células B que fazem switch, com a diminuição da enzima
citidina-desaminase (AID), responsáveis por criar mutações no DNA por
desaminação da citose, promovendo uma diminuição na produção de IgM.
Por
outro lado, tem-se um aumento nas células T de memória, as quais apresentam um
limite quantitativo, e cuja a estimulação crônica esgota o pool celular e gera expressão de células de memória oligoclonais,
causando um acúmulo de linfócito T CD8+ CD28-. Diante disso, ocorre alterações
na expressão de proteínas importantes ao sistema imune, como exemplo, a
secreção de SASP (Fenótipo secretor associado à senescência) adquirido pelas
células quando envelhecem, o que. desencadeia a liberação de IL-6 gerando
processos inflamatórios. O aumento da expressão da DUSP (Fosfatase Específicas
Duplas) desativa as quinases diminuindo a produção de citocinas, prejudicando a
função das células T CD4+, e consequentemente, piorando a resposta das células
B, ou ainda causando respostas para estímulos de baixas afinidades. Por fim,
tem-se alteração na diferenciação dessas células como a célula TCD4+ naive se diferenciando para o padrão de
Th17 ao invés de uma resposta de Th1 ou Th2.
A
exposição ao ambiente inflamatório induz modificações epigenéticas que alteram
a expressão gênica para o crescimento, sobrevivência ou diferenciação celular.
Dentre as mudanças, tem-se a metilação de DNA causada pelas DNMTs (DNA
metiltransferases) o que afetará o comportamento das HSCs (células tronco
hematopoiéticas), prejudicando sua diferenciação e causando seu aumento na
medula óssea. Por fim, o encurtamento dos telómeros, comportamento associado a
mudanças no metabolismo mitocondrial, está altamente relacionado com o
envelhecimento.
Tendo
em vista essas alterações, algumas intervenções farmacológicas vêm sendo
estudadas para o melhoramento de vida. Como exemplo, com o uso de antioxidades mostrou-se
uma melhora na função das HSCs, o uso de MicroRNAs, causando um aumento da
expressão da DUSP6 em linfócito T CD4+ naive.
Outro teste foi a utilização dos hormônios endócrinos (GH e IGF-1) que causaram
a liberação IL-7 e FGF7, estimulando a timopoiese, corrigindo a deficiência de
progenitores de células T e B maduras, resultando em uma alteração
significativa das funções no sistema imunológico de idosos. Pesquisas em
desenvolvidos, criaram um inibidor de mTOR, proteína responsável pela
multiplicação celular e seu envelhecimento, causando um retardo da senescência.
Em
suma, o envelhecimento causa alterações significativas no sistema imunológico.
Deixando-o mais susceptível a novas infecções devido as alterações de
quantidade e qualidade das células na imunidade adaptativa, mesmo que o
indivíduo possua um número alto de células de memória. Outro ponto, são as
respostas inflamatórias aumentadas nessa fase da vida, que causam alterações
não apenas para o sistema imunológico. Atualmente, muitos pesquisadores vêm buscando
como melhorar a resposta imunológica nesse estágio visando melhores condições
de vida para os idosos, mas muito ainda se tem a descobrir e explorar nesse
campo.
Referencia: Montecino-Rodriguez, E., Berent-Maoz, B.,
& Dorshkind, K. (2013). Causes, consequences, and reversal of immune system aging. The Journal of clinical
investigation, 123(3), 958-965.
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