Autores: Ana Laura
Martins Ferreira e Mariana Laura Dias Silva
Editora: Mariana
Ferreira Silva (PPIPA)
Psoríase é uma doença de pele em que fatores
genéticos e ambientais levam a uma disfunção imune celular, que promove uma
renovação celular constante induzida por um quadro inflamatório crônico. Vários
mecanismos imunopatogênicos da doença já foram esclarecidos e, atualmente, o
modelo mais aceito diz respeito a interação entre células T autorreativas e os queratinócito
(células da epiderme responsáveis pela produção de queratina). Estudos
anteriores identificaram auto antígenos derivados de queratinócitos, responsáveis
pela ativação inicial de células T que produzem citocinas e que quando
liberadas em lesões cutâneas estimulam a produção de moléculas inflamatórias.
Na psoríase, tem-se
uma infiltração de populações distintas de leucócitos efetores causando uma
hiperproliferação da epiderme através da diferenciação aberrante de queratinócitos.
Após ativação por fatores desencadeadores, como por exemplo trauma cutâneo ou
patógenos, os queratinócitos tornam-se uma fonte de mediadores imunológicos
inatos, incluindo as citocinas da família IL-1 e as quimiocinas ativas no
recrutamento de subpopulações de leucócitos da imunidade inata, como as células
dendriticas plasmocitoides (PDC), neutrófilos, mastócitos e macrófagos.
Durante a fase
inicial da doença, as células dendriticas plasmocitóides e os neutrófilos causam
lesões na placa cutânea através da indução de um processo inflamatório intenso.
As células dendriticas captam moléculas antigênicas e migram para linfonodos,
onde interagem com linfócitos TCD4+ que, quando ativados, produzem citocinas
pró-inflamatórias dentre elas TNF-α, IFN-γ e IL-2. Além disso, populações de
macrófagos presentes no tecido lesionado podem ser ativados pela catelicidina
LL37 promovendo sua diferenciação e consequentemente a regulação positiva da
expressão de citocinas da família IL-1, induzindo quimiocinas tais como CXCL8 e
CXCL1 que intensificam o recrutamento e a ação de neutrófilos na pele lesionada.
Já na fase crônica, ocorre
a expansão de células dendríticas e células T produtoras de TNF-α, IFN-γ e
IL-17 em áreas de lesão, intensificando a inflamação. Os queratinócitos
possuem receptores para essas citocinas e respondem liberando mais citocinas.
Ainda sob o efeito dessas citocinas, os queratinócitos apresentam processos de
diferenciação e proliferação alterados e uma maior resistência a apoptose. Na
pele psoriásica lesionada, estudos mostraram que IFN-γ predomina e que
representa o estímulo mais potente para ativação inflamatória. Deve-se
ressaltar que o TNF-α também tem o seu papel durante a fase crônica da psoríase, pois induz a
expressão de ICAM-1 nos queratinócitos permitindo que leucócitos circulantes se
fixem aos queratinócitos e estimula a produção de várias quimiocinas ativas em neutrófilos,
células dendriticas e células T.
Ainda não há teorias para
explicar certas características da psoríase, como por exemplo, lesões de forma
acentuada e a localização mais frequente em certos locais, como couro cabeludo
e articulações. Portanto, estudos futuros são necessários para entender o
mecanismo genético da doença e a ativação dos queratinócitos, bem como o tipo
de resposta imune envolvida em cada paciente, para que terapias específicas e
personalizadas possam ser implementadas.
Referências Bibliográficas:
Albanesi, Cristina; Madonna, Stefania. Gisondi, Paolo;
Girolomoni, Giampiero. (2018) The Interplay Between Keratinocytes and Immune
Cells in the Pathogenesis of Psoriasis. Front. Immunol.
Azulay-Abulafia L, Gripp A. Imunobiológicos na psoríase.
In: Sociedade Brasileira de Dermatologia. Consenso Brasileiro de Psoríase e
Guias de Tratamento. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Dermatologia.;
2009. p. 87-94.
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