Por: Caroline Martins Mota (PostDoc UFU/PPIPA)
O câncer é a segunda principal causa de mortalidade no mundo, que ocorre devido uma série de mutações sucessivas em genes que alteram as funções celulares normais, resultando assim na disfunção de genes vitais e levando à proliferação anormal da célula.
Nas últimas décadas, artigos têm demonstrado o crescimento exponencial de novas imunoterapias contra o câncer e a relação da microbiota, ou seja, a composição do intestino por micróbios, com diversas condições aparentemente não relacionadas, como da depressão à obesidade. Dessa forma, têm se estudado como a microbiota intestinal pode interagir com o tratamento contra o câncer e como essas interações podem ser aproveitadas. Descobertas preliminares em ratos e humanos revelaram que as bactérias intestinais podem influenciar nas respostas a essas drogas utilizadas no tratamento do câncer, dando início a pesquisas que visam decifrar os mecanismos envolvidos.
Embora algumas bactérias tenham sido associadas ao surgimento e progressão do câncer, como a bactéria Helicobacter pylori relacionada ao câncer gástrico, descrito na década de 1990, foi demonstrado também que as bactérias intestinais podem ajudar a combater os tumores. Em 2013, um grupo de pesquisadores mostraram que alguns tratamentos contra o câncer dependem da microbiota intestinal que ativa o sistema imunológico. Ainda não está claro exatamente como a microbiota pode interagir com os imunoterapêuticos. Uma hipótese é que alguns micróbios estimulem a resposta do organismo contra os tumores, regulando ativação do sistema imunológico. Mas os mecanismos precisos, incluindo quais bactérias modulam quais células imunológicas, permanecem desconhecidos.
Pesquisadores já demonstraram que modelos murinos, quando criados livres de micróbios ou receberam micróbios de pessoas que não responderam a imunoterapias, a droga em grande parte perdeu seus efeitos anticancerígenos. No entanto, quando os camundongos receberam a bactéria Bacteroides fragilis ou receberam as bactérias de pessoas que responderam bem as drogas desenvolveram tumores menores respondendo assim melhor ao tratamento. Atualmente, testes clínicos estão sendo realizados e se espera que possa ajudar a esclarecer melhor todo o processo.
Referência:
Guglielmi G. How gut microbes are joining the fight against
cancer. Nature,
557, 482-484 (2018).
Kang YP, Ward NP, DeNicola GM. Recent advances in
cancer metabolism: a technological perspective. Experimental &
Molecular Medicine, 50, 31 (2018).
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