Por:
Carolina Salomão Lopes (PostDoc UFU/PPIPA)
Acredita-se
que o Zika vírus é originário do continente africano, e que tenha chegado no
Brasil entre 2013-2014. O vírus é transmitido pela picada do mosquito Aedes sp., entretanto outras formas de
transmissão do vírus foram descritas como: via sexual, por transfusão sanguínea,
via transplacentária, através do leite materno e pela saliva. O Zika pode
causar sintomas como: febre baixa – entre 37,8º e 38,5º, artralgia,
mialgia, cefaleia, exantemas com prurido (na face, tronco e membros).
Em
2015-2016 a região nordeste do Brasil registrou muitos casos de Zika sendo
considerado uma grande epidemia que causou microcefalia em recém-nascidos, e também
foi associada ao desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré. A associação do
Zika vírus com aos casos de microcefalia foi uma super descoberta realizada
pelo grupo coordenado por Celina Turchi, do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães
da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), e permitiu aos pesquisadores e médicos
entenderem a origem do aumento do número de casos de microcefalia em recém-nascidos
e aplicar tratamentos mais adequados a estes casos. Embora essa epidemia tenha causado
profundo impacto na sociedade devido a quantidade de recém-nascidos afetados,
ela também permitiu avanços na pesquisa.
Historicamente
os vírus são vistos como vilões pois estão relacionados com surtos e epidemias,
sendo responsáveis por diversas doenças que acometem os homens, por exemplo,
Dengue, Zika, Rinovírus, HIV e H1N1. Entretanto estudos já demonstraram que alguns
vírus são benéficos como os bacteriófagos do sistema digestório que vivem em
estado latente dentro das bactérias, e podem entrar em uma fase ativa, quando ocorre
uma disbiose, e mais recentemente pesquisadores da UNICAMP e USP demonstraram
que o Zika vírus antes considerado vilão pode ser herói e ser utilizado para o tratamento
de neuroblastoma humana.
Kaid, C. et al.
(2018). Zika virus selectively kills aggressive human embryonal CNS tumor cells
in vitro and in vivo. Cancer research.
Os
estudos demonstraram que tanto em cultivo celular quanto em modelo murino após injetar pequenas quantidades do vírus em cultura ou no
encéfalo de camundongos com estágio avançado de neuroblastoma, observou-se uma
redução significativa da massa tumoral. Os resultados até agora obtidos
sugerem para perspectivas futuras que outros tipos de tumores agressivos do
sistema nervoso central poderiam ser tratados com a mesma abordagem envolvendo
o Zika.
Kaid, C. et al.
(2018). Zika virus selectively kills aggressive human embryonal CNS tumor cells
in vitro and in vivo. Cancer research.
Lima, E. O. et al. (2017) MALDI imaging detects endogenous digoxin in
glioblastoma cells infected by Zika virus—Would it be the oncolytic key?
Journal of mass spectrometry.
Manrique, P. et al. (2017). The Human Gut Phage Community and Its
Implications for Health and Disease. Viruses.
Newman, C. M. et al. (2017). Oropharyngeal mucosal
transmission of Zika virus in rhesus macaques. Nature communications.
Oliveira, W. A. (2017).
Revista de Medicina e Saúde de Brasília. Zika Vírus: histórico, epidemiologia e
possibilidades no Brasil.
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