Autor: Julio Cesar Neves de Almeida (Medicina Veterinária/UFU)
Editor: Lucas Vasconcelos Soares Costa (PPIPA/UFU)
Você sabia que os gatos
também são atingidos por um vírus que causa imunodeficiência semelhante a AIDS?
Como assim? Você deve
estar pensando! Então vamos falar mais sobre isso.

O FIV e o HIV tem como principal alvo as células que
expressam CD4 em sua membrana, principalmente os Linfócitos T. Essas
células tem uma grande importância, tanto na regulação da resposta imune
humoral e produção de anticorpos, quanto na resposta celular. A notável
diferença entre os vírus são os mecanismos de invasão celular, enquanto o FIV
utiliza a molécula CD134 como receptor primário, o HIV utiliza o CD4. Com
relação a patogenia, as síndromes apresentam uma clínica de fase aguda similar,
com episódios de febre e linfoadenopatia generalizada. Após dois meses de
infecção, o hospedeiro possui uma maior carga viral. Com isso, ocorre um
declínio das células potencialmente infectivas, ocasionando uma diminuição da
carga viral, e assim o hospedeiro apresentará uma fase assintomática que pode
perdurar por anos.
A
importância da prevenção para ambas infecções deve ser ressaltada, considerando
que não existe cura para essas doenças. Como a transmissão sexual é a principal
forma de infecção, o uso do preservativo é a principal forma de prevenção. Entretanto,
ainda que não totalmente seguros, eficazes e aconselháveis, atualmente existem
outros métodos para evitar a doença. Por exemplo, podemos citar o PrEP, ou
Profilaxia Pré-exposição, é um medicamento utilizado para evitar que uma pessoa
soronegativa adquira a infecção antes da exposição ao vírus, principalmente se
a pessoa mantém uma relação estavél com pessoa soropositiva. O composto utilizado
para a profilaxia, chamado Truvada, é a combinação de dois antirretrovirais. Existe
também a PEP, ou Profilaxia Pós-exposição, medicamento dado a pessoa que
possivelmente foi exposta ao vírus nos últimos três dias. É importante lembrar
que para prevenção é melhor combinar os tratamentos, então mesmo que sob uso do
PrEP, o uso de preservativo é imprescindível. Afinal, esta é uma prevenção
apenas para retrovírus, e não para todas as doenças sexualmente transmissíveis.
Apesar
das dificuldades, alguns avanços vem sido realizados para produção de vacina
contra o vírus FIV. Em 2003, o Departamento da Agricultura dos EUA aprovou a
primeira vacina contra FIV, a qual foi feita a partir de vírus vivos
inativados. No entanto, esta vacina não foi capaz de gerar uma proteção
adequada, uma vez que o vírus possui variantes altamente divergentes, o que
desfavorece a produção de anticorpos mais específicos.Isso é importante pois,
embora o FIV seja espécie-específico, acometendo somente felinos, é bastante relevante
para a ciência devido às suas semelhanças com o HIV e a não infecção de
primatas pelo mesmo. Tais aspectos podem ser determinantes para o estudo dos
Lentivírus e, possivelmente, encontrar meios para combater a infecção causada
por estes microorganismos de uma maneira mais eficiente e a produção de uma
vacina protetora para o vírus HIV.
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