Por: Caroline
Martins Mota (PostDoc UFU/PPIPA)
O
papel chave no desenvolvimento da resposta imune é o contato entre as células.
Recentemente o grupo de pesquisa do professor Gabriel Victora da Universidade
de Rockefeller publicou um trabalho na revista Nature que descreve um
método que pode quantificar as interações entre células T e APCs em modelos
murinos, para isso eles criaram um sistema para rotular as estruturas celulares
que realmente fazem contato físico quando duas células se encontram. O método
utiliza a transferência enzimática de um marcador molecular contendo um tag de
aminoácidos, unida a uma molécula facilmente monitorada, como a biotina. O
marcador pode ser transferido de uma célula para outra apenas se as células
estiverem próximas o suficiente para que uma interação ocorra entre um receptor
e um ligante nas superfícies das células que interagem. A marcação molecular
pode então ser detectada por métodos padrão de análise celular, como
microscopia, ou quantificados in vitro usando análise de
fluorescência. Os autores se referem a este método de rastreamento de um
"beijo" molecular entre as células como LIPSTIC.
Para
testar a técnica o grupo demonstrou uma interação chave na superfície de
células imunes que é altamente dinâmica: o contato entre CD40L, que está
presente em células T, e o receptor CD40, em APCs. Usando modelos murinos, os
autores criaram uma proteína de fusão contendo uma enzima sortase e CD40L, e gerou uma versão de CD40 que continha resíduos
de aminoácidos de glicina na região amino terminal. A sortase foi fornecida com um tag, que se tornou ligada à enzima. Neste
sistema, quando CD40 e CD40L interagiram, a sortase da célula T atribuiu o tag ao resíduo de glicina N-terminal no
CD40 da APC, permitindo assim que as interações célula-célula no sistema
imunológico fossem quantificadas - quanto maior contato entre APCs e células T,
maior a quantidade de marcação celular detectada.
Desse
modo, o trabalho tem um impacto no estudo da resposta imune, uma vez que poderá
contribuir para desvendar as interações celulares, que são essenciais para o
sucesso no desenvolvimento de ferramentas terapêuticas como vacinação,
imunoterapias contra câncer e a eliminação de doenças.
Referência: Pasqual,
G. et al. Nature 553, 496–500 (2018).
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