quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Ação das nanopartículas no ambiente placentário: principais modelos experimentais no estudo da interação materno-fetal

AUTORES: Alessandra Monteiro Rosini, Thádia Evelyn de Araújo, Iliana Claudia Balga Milián, Marina Aparecida Soares, Idessania Nazareth da Costa (Laboratório de Imunofisiologia da Reprodução da UFU)

EDITOR: Vinícius José de Oliveira (Doutorando PPIPA)

A nanotecnologia é o estudo de partículas em escalas nanométricas (1 a 100 nm) utilizadas em diferentes campos. Uma dessas áreas é a medicina, que oferece novas oportunidades no desenvolvimento de terapias e diagnósticos, através da utilização de  nanomaterias como estratégias de intervenção. Com isso, os avanços tecnológicos juntamente com a pesquisa estão utilizando a nanotecnologia em terapias como um novo modelo, sendo aplicadas para entender a respeito de várias doenças relacionadas à interface materno-fetal como, a passagem de alguns fármacos através da barreira placentária alcançando células alvos, combate a alguns patógenos presentes nos compartimentos placentários, testes citotóxicos dessas nanomatérias, entre outros estudos. Alguns exemplos de doenças tratadas por nanopartículas citadas na literatura incluem a pré-eclâmpsia, gravidez ectópica e algumas infecções congênitas, como a toxoplasmose. Para o estudo dessas doenças podem ser utilizados diversos modelos celulares, que mimetizam o ambiente placentário.

Nisso, alguns modelos experimentais utilizados na avaliação do uso desses componentes na placenta, são:
-A placenta perfusada: modelo ex vivo que utiliza o órgão inteiro para avaliação de quais componentes são transferidos para o feto e quais permanecem na placenta, e se determinado componente é tóxico.
-Vilos coriônicos: modelo ex vivo que utiliza explantes de placenta em cultura.
-Modelos celulares (células primárias, linhagens BeWo, HTR-8/SVneo, JEG-3 e HUVEC):
modelos in vitro utilizados para a avaliação da resposta celular na interação com as nanopartículas.


Dentre as células que lembram o ambiente placentário para estudo das nanopartículas, temos: as células trofoblásticas denominadas como, BeWo que se assemelham ao citotrofoblasto, sendo capazes de formar monocamadas; não se diferenciarem em sinciciotrofoblasto espontaneamente e crescer rapidamente em cultura, são ótimos modelos experimentais (modelo placentário) para uso de nanopartículas poliméricas na avaliação do transporte transplacentário  de fármacos e tratamento de taquiarritmias e insuficiência cardíaca.

 Outro modelo de citotrofoblasto são as células JEG-3, que possuem vários receptores de membrana essenciais para a resposta imune, excelente modelo para uso de nanopartículas magnéticas e de polímeros lipídicos usadas no tratamento de alguns tumores.

As células de trofoblasto extraviloso HTR-8/SVneo, que participam do processo de invasão e migração em direção a decídua materna, também ótimos modelos para estudos com nanopartículas de poliamidaamina usadas no tratamento de pré-eclâmpsia. E por fim as células endoteliais da veia umbilical humana (HUVEC) utilizadas como modelo para estudos que envolvem angiogênese. Elas apresentam papel importante na regulação de várias funções fisiológicas e imunológicas, além da placentação, e são excelentes no tratamento com nanopartículas de polímero lipídico e de ouro contra tumores e lesão ocular, respectivamente.

Os modelos apresentados que simulam a interface materno-fetal possibilitam o estudo das nanopartículas nesse microambiente placentário, podendo ser utilizados na avaliação de novos protocolos terapêuticos contra patógenos, e no desenvolvimento de ferramentas diagnósticas durante a gestação.

REFERÊNCIAS UTILIZADAS
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Gude NM, Roberts CT, Kalionis B, et al.,. Growth and function of the normal human placenta. Thrombosis research. 2004; 114: 397-407.
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Knot J, Paul S, Transcriptional Regulators of the Trophoblast Lineage in Mammals with Hemochorial Placentation. Reproduction, 2014; 148(6): R121–R136
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Wick P, Malek A, Manser P, et al. Barrier capacity of human placenta for nanosized materials. Environmental health perspectives. 2010;118:432-436.

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