Por: Jean Carlos Teixeira Mendes
Editora: Carolina Salomão Lopes (PosDoc PPIPA)
Quando
estudamos a disciplina de imunologia na graduação, aprendemos de forma sucinta
alguns efeitos biológicos das lectinas, por exemplo, a ativação do complemento
pela via das lectinas, e também a atuação das selectinas, que são responsáveis
pela interação dos leucócitos com células endoteliais, permitindo assim o
rolamento de leucócitos.
Entretanto,
suas funções biológicas vão muito além...(Figura 1)
As
selectinas representam outro grupo de lectinas tipo-C, e são responsáveis pelo
rolamento de leucócitos durante uma resposta inflamatória e possivelmente
também estão envolvidas no espalhamento de algumas células tumorais para outros
locais do corpo, constituindo alvos promissores na terapia antitumoral.
Além das selectinas, outro
grupo de lectina tipo-C bastante estudado são as galectinas, que estão
relacionadas aos mais diversos processos, como adesão celular, organização e
estabilização de domínios de membrana, sinalização celular, endereçamento
intracelular, cicatrização, apoptose, regulação do ciclo celular. As galectinas
também participam da sinalização celular associada ao desenvolvimento da
angiogênese por meio da regulação da expressão de fatores de crescimento, como
fator de crescimento vascular endotelial (VEGF), fator de crescimento epidermal
(EGF) e fator de crescimento de fibroblastos básico (bFGF), mostrando-se como
eficientes moduladores da angiogênese.
A ação
antiparasitária de galectinas também tem sido amplamente investigada,
principalmente sobre Toxoplasma gondii.
A galectina-3, por exemplo, aumenta a resposta inflamatória em camundongos
infectados por T. gondii,
desempenhando papéis protetor e regulatório, sobretudo no estágio inicial da
infecção, provavelmente devido a sua capacidade de controlar a produção de
citocinas, especialmente aquelas relacionadas ao perfil Th1.
Portanto,
as lectinas podem ser usadas para diversas funcionalidades no organismo, e seu
estudo é de suma importância para o desenvolvimento de novas moléculas
terapêuticas.
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