sexta-feira, 6 de julho de 2018

Enxaqueca e frio: você acredita que tem alguma relação?

Por: Mariana Ferreira Silva


Sabe-se que a enxaqueca é um mal que afeta boa parte da população mundial. Estima-se que cerca de 1 bilhão de pessoas sejam afetadas por essa doença e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante do mundo.
A enxaqueca é causada por reações neuronais que ocorrem no sistema nervoso central sendo causadas ou não por alterações no ambiente. A enxaqueca pode causar sintomas diversos e além disso, esses há diversas variações de pessoa para pessoa. Estudos recentes indicam que pacientes que sofrem com enxaqueca, principalmente de enxaqueca acompnhada de aura, tem um risco maior em desenvolver eventos vasculares.
A enxaqueca tem sido definida comumento como uma doença de causa primordialmente hereditária, ou seja, transmitida de pais para filhos. Porém, estudos indicam que mutações genéticas de ancestrais muito mais antigos podem contribuir para o desencadamento de enxaquecas. Tais mutações estão relacionadas com a adaptação de populações africanas ao frio, quando tiveram que migrar da África para a Europa e portanto sofreram mutações em alguns genes para se ajustarem às temperaturas mais baixas.
Pesquisadores Instituo Max Planck na Alemanha correlacionaram populações em diferentes latitudes do globo e que portanto estão submetidas a temperaturas diversas. Segundo a OMS, os relatos de enxaqueca em locais de temperatura mais alta, como por exemplo África e Ásia, são menores do que em países que possuem temperatura mais alta.
 Essas diferenças podem ser explicadas por uma modificação no gene TRPM8 que codifica um receptor responsável por sentir temperaturas mais baixas e também a dor. Estudos realizados em espécies de roedores que hibernam mostraram que esse receptor está relacionado com as percepções de frio pois, quando são depletados, sentem menos frio quando comparados aos animais que não hibernam. Populações localizadas em locais de temperatura mais baixa, como por exemplo a Finlândia, possuem 88% a mais de mutações nesse gene quando comparadas a apenas 5% de mutações presentes em populaçãoes localizadas em locais de temperatura mais alta, como a Nigéria.
Não se sabe ao certo quais os mecanismos moleculares que ocorrem nesse receptor que levam ao desencadeamento da enxaqueca. A proposta deste grupo de pesquisa é que como este receptor também é responsável pelas percepções de dor no organismo, o resfriamento do TRPM8, gerado pelas baixas temperaturas, amplifica a sensibilidade da dor causada pela enxaqueca. 

Referências Bibliográficas

Key FM, Abdul-Aziz MA, Mundry R, Peter BM, Sekar A, et al. (2018) Human local adaptation of the TRPM8 cold receptor along a latitudinal cline. PLOS Genetics 14(5): e1007298. https://doi.org/10.1371/journal.pgen.1007298

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