quarta-feira, 2 de maio de 2018

Peptídeos derivados de rã: Uma nova alternativa terapêutica.


Por: Tamires Lopes Silva (doutoranda PPIPA)

Várias doenças imune mediadas como artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico, doença celíaca, dermatite herpetiforme, tireoidite crônica, diabetes mellitus, psoríase, sarcoidosis, distúrbios intestinais inflamatórios (incluindo doença de Crohn e colite ulcerativa) e esclerose sistêmica ou granulomatose de Wegener ainda não possuem um tratamento que seja totalmente eficaz. Ainda, vários agentes patogênicos, como Klebsiella pneumoniae, apresentam resistência aos antimicrobianos atualmente utilizados ou não apresenta uma droga totalmente segura para o tratamento, como Toxoplasma gondii. Outra doença bastante preocupante é o câncer em suas diversas formas, cujo o tratamento é bem complicado, pois apresenta alta citotoxicidade e baixa eficácia. Sendo assim novas alternativas de tratamento são necessárias.

Várias espécies de répteis e anfíbios possuem peptídeos que apresentam uma vasta variedade de atividades biológicas. Como exemplo, os peptídeos de rãs pertencentes às famílias Ascaphidae, Alytidae, Pipidae, Dicroglossidae, Leptodactylidae, Hylidae e Ranidae apresentam potencial anti-microbiano para uso contra microrganismos multirresistentes. Embora a atenção tenha tem sido focado principalmente na atividade antimicrobiana, este potencial terapêutico dos peptídeos de pele de rã ainda apresenta a necessidade de ser elucidado, uma vez que nenhum composto com base em suas estruturas ainda foi adotado na prática clínica. Além do potencial anti-microbiano, aplicações alternativas estão sendo exploradas. Como exemplo, análogos com propriedades terapêuticas melhoradas apresentam citotoxicidade seletiva contra células tumorais e vírus e têm potencial para o desenvolvimento de agentes anti-câncer e anti-viral. Ainda, alguns peptídeos apresentam propriedades imunomoduladoras mediadas por citocinas complexas podendo ser utilizados como anti-inflamatórios, imunossupressores e imunoestimulantes. Isso pois, foi observado efeitos na produção de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias por macrófagos peritoneais e células mononucleares do sangue periférico. Ademais, vários peptídeos de pele de rã, identificados pela primeira vez com base na atividade antimicrobiana, também foram capazes de estimular a liberação de insulina tanto in vitro quanto in vivo e assim se demonstra o potencial das terapias baseadas em incretinas para o tratamento de pacientes com diabetes mellitus Tipo 2. Sobretudo, podemos concluir que uma nova era de compostos baseados em peptídeos de ocorrência natural esta sendo iniciada.

Referência:
CONLON, J. Michael et al. Potential therapeutic applications of multifunctional host-defense peptides from frog skin as anti-cancer, anti-viral, immunomodulatory, and anti-diabetic agents. Peptides, v. 57, p. 67-77, 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário