Por: Tamires Lopes Silva (doutoranda PPIPA)
Várias doenças imune mediadas
como artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico,
doença celíaca, dermatite herpetiforme, tireoidite crônica, diabetes mellitus,
psoríase, sarcoidosis, distúrbios intestinais inflamatórios (incluindo doença
de Crohn e colite ulcerativa) e esclerose sistêmica ou granulomatose de Wegener
ainda não possuem um tratamento que seja totalmente eficaz. Ainda, vários
agentes patogênicos, como Klebsiella
pneumoniae, apresentam resistência aos antimicrobianos atualmente utilizados ou não apresenta uma droga totalmente segura para o tratamento, como Toxoplasma gondii. Outra doença
bastante preocupante é o câncer em suas diversas formas, cujo o tratamento é bem
complicado, pois apresenta alta citotoxicidade e baixa eficácia. Sendo assim
novas alternativas de tratamento são necessárias.
Várias espécies de répteis e
anfíbios possuem peptídeos que apresentam uma vasta variedade de atividades
biológicas. Como exemplo, os peptídeos de rãs pertencentes às famílias
Ascaphidae, Alytidae, Pipidae, Dicroglossidae, Leptodactylidae, Hylidae e
Ranidae apresentam potencial anti-microbiano
para uso contra microrganismos multirresistentes. Embora a atenção tenha tem
sido focado principalmente na atividade antimicrobiana, este potencial
terapêutico dos peptídeos de pele de rã ainda apresenta a necessidade de ser
elucidado, uma vez que nenhum composto com base em suas estruturas ainda foi adotado
na prática clínica. Além do potencial anti-microbiano, aplicações alternativas
estão sendo exploradas. Como exemplo, análogos com propriedades terapêuticas melhoradas apresentam citotoxicidade seletiva contra células tumorais e vírus e têm
potencial para o desenvolvimento de agentes anti-câncer e anti-viral. Ainda, alguns
peptídeos apresentam propriedades imunomoduladoras mediadas por citocinas
complexas podendo ser utilizados como anti-inflamatórios, imunossupressores e
imunoestimulantes. Isso pois, foi observado efeitos na produção de citocinas
pró-inflamatórias e anti-inflamatórias por macrófagos peritoneais e células
mononucleares do sangue periférico. Ademais, vários peptídeos de pele de rã,
identificados pela primeira vez com base na atividade antimicrobiana, também
foram capazes de estimular a liberação de insulina tanto in vitro quanto in vivo e
assim se demonstra o potencial das terapias baseadas em incretinas para o tratamento
de pacientes com diabetes mellitus Tipo 2. Sobretudo, podemos concluir que uma
nova era de compostos baseados em peptídeos de ocorrência natural esta sendo
iniciada.
Referência:
CONLON, J. Michael et al. Potential therapeutic applications of multifunctional host-defense peptides from frog skin as anti-cancer, anti-viral, immunomodulatory, and anti-diabetic agents. Peptides, v. 57, p. 67-77, 2014.
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