Por: Jacqueline Pádua de Queiroz (Mestranda/PPIPA)
Editor: Heber Leão Silva Barros (Doutorando/PPIPA)
Didaticamente definimos citocinas como proteínas de baixo peso molecular produzidas por diferentes populações celulares que estão envolvidas no desenvolvimento da resposta imune e homeostasia. Estas moléculas podem atuar na própria célula produtora (autócrina), em células próximas (parácrina) ou em células distantes (endócrina). Muitas citocinas foram descritas ao longo dos anos e, recentemente, a IL-32 vem ganhando espaço nas publicações. Muitos estudos e revisões relacionados com esta citocinas foram publicados em 2016, e em 2017 já foram mais de 25 artigos.
Editor: Heber Leão Silva Barros (Doutorando/PPIPA)
Didaticamente definimos citocinas como proteínas de baixo peso molecular produzidas por diferentes populações celulares que estão envolvidas no desenvolvimento da resposta imune e homeostasia. Estas moléculas podem atuar na própria célula produtora (autócrina), em células próximas (parácrina) ou em células distantes (endócrina). Muitas citocinas foram descritas ao longo dos anos e, recentemente, a IL-32 vem ganhando espaço nas publicações. Muitos estudos e revisões relacionados com esta citocinas foram publicados em 2016, e em 2017 já foram mais de 25 artigos.
A interleucina-32 (IL-32) foi
identificada em 1992 por Dahl e colaboradores e é expressa pela maioria dos
mamíferos com exceção dos roedores. Esta citocina é produzida por diversas
células imunes, dentre elas as células natural
killer (NK), monócitos, macrófagos e linfócitos T, e por outros tipos
celulares como células epiteliais, endoteliais, fibroblastos e hepatócitos. Desde
sua descoberta, nove isoformas de IL-32 foram descritas, e a maioria possui
caráter pró-inflamatório e são expressas na forma intracelular, entretanto a
isoforma γ (IL-32γ) é a mais frequente e biologicamente ativa, podendo ser
encontrada na forma extracelular (secretada). Um fato curioso sobre a síntese
das outras isoformas é que todas são produzidas a partir de diferentes splicings do RNA mensageiro (mRNA) da
isoforma IL-32γ.
Nesses 25 anos de descoberta, muitos
estudos foram desenvolvidos com a finalidade de estabelecer as funções
biológicas da IL-32, identificar seus receptores e sua participação na
fisiopatogenia de diversas doenças. Com relação a sua atividade biológica e síntese, uma revisão publicada por Fátima Ribeiro-Dias e colaboradores (2017) elencou diversos estímulos responsáveis por induzir a produção de IL-32, bem como as células que realizam essa função: citocinas como IFN-γ, IL-1β
e IL-18 em células epiteliais; TNF-α em macrófagos; IL-12 e IL-18 em células NK
e linfócitos T CD4+. Da mesma forma que estas citocinas estimulam a
produção de IL-32, outros estudos relatam a existência de um feedback positivo em que IL-32 estimula
a expressão de TNF-α, IFN-γ, IL-1β e IL-18.
Podemos
ressaltar ainda que as funções biológicas da IL-32 vão além de estimular a
produção de citocinas pró-inflamatórias. Ela pode atuar na indução da apoptose,
promover maior migração e diferenciação celular, efeitos típicos de citocinas
inflamatórias. Existe, no entanto, uma exceção importante dentre as isoformas
dessa citocina, que é a isoforma β (IL-32 β), cuja presença normalmente está associado
a uma resposta anti-inflamatória. Durante o processo de revisão do assunto fica
evidente a existência de algumas controvérsias e, embora várias funções tenham
sido descritas, os mecanismos de ação de cada isoforma, as vias de sinalização
e receptores envolvidos permanecem incertos.
Como mencionado, muitas questões
sobre a biologia e a função da IL-32 ainda não foram esclarecidas, e ainda sem
conhecer todos os mecanismos envolvidos, muitos artigos estão sendo publicados
descrevendo o papel da IL-32 em doenças inflamatórias, neoplásicas e doenças
infecciosas. Por exemplo: Estudos demonstraram que níveis elevados de IL-32
estão associados com doenças cardíacas e aterosclerose. Pacientes com miastenia
grave, uma doença autoimune, apresentaram níveis elevados de IL-32, em
contrapartida pacientes com asma possuem níveis reduzidos. Xiyuan Bai ecolaboradores (2015) demonstraram que a produção da IL-32 durante a infecção
por Mycobacterium tuberculosis auxilia no controle da
infecção, e um papel similar é observado em infecções virais por HIV, HCV, HBV
e Influenza A. Em relação às infecções causadas por protozoários, foi descrito
somente que existem níveis aumentados de IL-32 em lesões cutâneas e de mucosa
em infecções causadas por Leishmania.
Em recente publicação na revista Pharmacology & Therapeutics, Jin TaeHong e colaboradores (2017) revisaram o papel da IL-32 em diferentes neoplasias,
e demonstraram a existência de dados contraditórios, alguns estudos relatam que
a IL-32 tem atividade pró-neoplásicas enquanto outros relatam atividade
anti-neoplásicas. Podemos concluir que ainda é necessário muito trabalho e
estudo para desvendar a ação dessa citocina, especialmente para descrever quais
isoformas são atuantes em cada patologia estudada.
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