DICAS PARA UMA BOA PROVA DIDÁTICA EM CONCURSOS PÚBLICOS PARA PROFESSOR ADJUNTO

Por:  Silas Silva Santana (Doutor em Imunologia e Parasitologia Aplicadas/PPIPA) 

Editora: Carolina Salomão Lopes (Pós-Doc/PPIPA)

Grande parte dos alunos que entram na pós-graduação tem a intenção de, após o término doutorado, ingressarem em uma universidade pública como professores através de um concurso público. Uma etapa de suma importância no decorrer de um concurso público para professor adjunto em uma universidade pública é a prova didática. Esta etapa é realizada após o sorteio de um tema presente no edital, tendo o candidato 24 horas para montar a aula. Infelizmente, na maioria dos casos o recém-doutor ainda não tem o domínio de alguns “macetes” que poderiam ajudar a pontuar melhor neste quesito. Deste modo, abaixo estarão explanadas algumas dicas baseadas na minha experiência pessoal a partir dos concursos que eu prestei e nos feedbacks que eu recebi das bancas avaliadoras.

PRIMEIRO MACETE - CONSTRUÇÃO DOS SLIDES: Durante as 24 horas após o sorteio do tema, o primeiro passo é a construção dos slides. A confecção da aula em si é muito pessoal, embora existam dicas gerais como fazer uma aula com pouco texto, com bastante figura e uso de cores que não incomodem a plateia. Em relação à estrutura, toda aula tem que ter um começo, meio e fim. Além disso, o número de slides tem que estar de acordo com o tempo que dispomos para aula (este tópico continuará a ser abordado abaixo). Outra dica importante é que a aula esteja de acordo com o plano de aula (descrito no tópico abaixo) que será entregue a banca antes da prova didática.

SEGUNDO MACETE- PLANO DE AULA: É comum o recém-doutor não apresentar familiaridade com o plano de aula. Normalmente, o plano de aula é confeccionado durante as 24 horas para preparo da aula e entregue antes da aula ser apresentada. O plano de aula se refere à descrição específica de tudo que o professor executará em sala de aula durante um período determinado. Geralmente, o plano de aula tem uma quantidade de 2 a 5 páginas e é um roteiro do que vai ser abordado na aula. Um exemplo estrutural de um plano de aula está abaixo:

PLANO DE AULA  

1. OBJETIVO GERAL

Explicitar o objetivo da aula.

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS (Opcional)

3. DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO A SER MINISTRADO:

Explicitar os tópicos que serão abordados em sintonia com o que será abordado nos slides.

4. METODOLOGIA

Explicitar que é aula expositiva sobre o tema sorteado e a duração.

5. RECURSOS DIDÁTICOS:

Explicitar os recursos didáticos utilizados (computador, data show, apontador laser, quadro negro). Uma dica é só colocar o que você vai realmente utilizar, pois a banca pode chamar atenção deste tópico. Um exemplo do que NÃO fazer é você colocar que vai utilizar o quadro negro e não utilizar.

6.  AVALIAÇÃO

Além de colocar a forma que será feita a avaliação (ex: prova escrita). Uma boa opção é falar que o conteúdo desta aula em especifico será avaliado em forma de questionário. Um adicional que é muito bem visto é incluir em anexo este questionário no plano de aula e combinar com a plateia de ser “devolvido” na próxima aula. Com isto você garante o princípio da educação continuada.

 BIBLIOGRAFIA

Explicitar a bibliografia utilizada para a confecção da aula. A bibliografia encontrada nesta parte tem que estar de acordo com a que é encontrada nos slides.

TERCEIRO MACETE- APRESENTAÇÃO DA AULA: O ideal é que a aula seja ao mesmo tempo abrangente e profunda. Por mais que seja uma aula para a graduação, o candidato tem que apresentar domínio extremo sobre o tema, pois ao final da aula a banca pode arguir de forma extensiva. Ainda em relação à aula, uma dica importantíssima é comprar um relógio, pois a aula tem um tempo limitado (ex: 50- 60 min). Se o candidato ficar fora desta faixa, a depender do edital o candidato pode perder 1 ponto da média final ou ser eliminado da prova.

A diferenciação de uma aula de um seminário apresentado na pós-graduação é de grande importância, pois a banca pode perceber se inconscientemente você estiver apresentando um seminário. Para contornar esta situação, o candidato pode fazer um “teatro”, ou seja, tratar a banca como se fossem alunos, de modo que se pode perguntar se existe alguma dúvida sobre o que foi explicado até o momento, comentar que determinada parte vai ser mais explorada na aula prática. A banca não vai responder a suas questões (e você nem pode esperar que eles respondessem), mas essa interação mostra que você tem experiência didática.

Outras dicas mais clássicas são a de se movimentar durante a aula, olhar para os membros da banca, usar um tom de voz adequado, não ficar de costa para banca, usar o português adequado. Se o candidato estiver usando o apontador laser evitar a “tremedeira”, pois pode desconcentrar a banca.

QUARTO MACETE- FOCO: Não se distraia ou se desconcentre com outras pessoas presentes na sala ou ao ver que um membro da banca examinadora está fazendo uma anotação ou está aparentemente “disperso”.  Este momento é a hora de focar e ministrar a aula que você gostaria de assistir.