Por: Luíz Paulo Chaves de Souza
Editora: Mariana Ferreira Silva
Há tempos ouvimos falar que uma
das coisas mais importantes para a escolha dos parceiros sexuais nos animais
são os feromônios. Humanos entretanto, não possuem o órgão vomeronasal (ou
órgão de Jacobsen), porção auxiliar do sistema olfatório responsável por esse
tipo de percepção. Será que ficamos restritos a fatores socioculturais, como
aparência? Estudos psico e neurofisiológicos dizem que não – essa escolha seria
determinada pelo que os imunologistas chamam de MHC (Fator Principal de
Histocompatibilidade).
O que é MHC, ou HLA (Antígeno Leucocitário Humano)?
Complexo principal de
histocompatibilidade é uma glicoproteína de membrana codificada por um grande
grupo de genes que são altamente polimórficos, ou seja, existem vários tipos
dessa molécula e cada um desses tipos é expresso numa quantidade muito grande de
pessoas na população. Cada pessoa possui, basicamente, 2 tipos de MHC, um deles
para caracterizar células próprias do organismo e outro expresso pelas APC
(Células Apresentadores de Antígeno) e cuja função é exatamente apresentar
porções imunogênicas dos organismos invasores para os linfócitos T e B.
Como funciona?
O que essas pesquisas apontam é
que existe uma grande relação, comprovada em animais e ainda em estudo em
humanos, entre as combinações de alelos que codificam o MHC e o odor basal e
natural expresso pelas pessoas. Surpreendentemente, pesquisadores encontraram
relação entre os MHCs e as preferências pessoais de fragrâncias, que nesse caso
não é só a basal, mas também a de perfumes, por exemplo.
Ainda não se sabe exatamente qual
o mecanismo (molecular) que relaciona esses fatores, mas a hipótese é de que
peptídeos ligantes do MHC podem sensibilizar, de alguma maneira, neurônios
olfatórios. Uma das possibilidades é que moléculas derivadas desse complexo
eliminadas na urina, mesmo que em baixas quantidades, podem ser voláteis, sendo
assim potenciais sensibilizadores.
Evolutivamente, a diversidade de
genótipos codificantes de MHC é mais favorável, visto que, quanto mais díspares
são essas moléculas, maior a probabilidade de uma melhor resposta a diferentes
antígenos. Essa é a provável justificativa para o fato apontado por essas
pesquisas, de que fêmeas tendem a preferir odores de machos cujos alelos
codificantes do MHC são diferentes dos seus. Além disso, foi observado que
participantes com genótipos semelhantes, apresentam preferência por perfumes
com ingredientes naturais parecidos para usar em si, mas não para um parceiro
em potencial.
Percebeu-se ainda que a ativação
olfatória por esses peptídeos estimula o córtex frontal médio direito, centro
de integração importante por reunir todos os impactos sensoriais causados por
alguém e referenciar essa memória. Esses artigos sugerem ainda que a percepção
olfatória pode ser considerável no reconhecimento de familiares e, em segunda
instância, na satisfação sexual e na vontade de ter filhos.
Como sempre na ciência, mais experimentos ainda precisam ser feitos para chegar a informações mais
conclusivas, independente disso, o que já foi descoberto é substancial para
começarmos a pensar em respostas menos subjetivas para desvendar a fisiologia
por trás da paixão e das interações sociais.
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