quinta-feira, 12 de junho de 2025

Sistema Imunológico em desequilíbrio: Doenças Autoimunes e Hipersensibilidade


Autores: Fernanda Carvalho Dias de Castro (Graduanda Medicina Veterinária), Isabella Sousa da Silva (Graduanda Enfermagem), Luís Felipe Martins da Cruz (Mestrando PPGIPA), Maria Clara Alves Fernandes (Graduanda Medicina Veterinária). Editoras: Marielle Máximo Barbosa (Mestranda PPGIPA), Melissa de Souza Rodrigues (Mestranda PPGIPA), Ruth Opeyemi Awoyinka (Mestranda PPGIPA), Shiraz Feferbaum Leite (Doutoranda PPGIPA).


De fato, o sistema imunológico desempenha um papel essencial na defesa do organismo ao identificar e combater microrganismos potencialmente nocivos, como vírus, bactérias e toxinas. No entanto, esse sistema altamente sofisticado nem sempre funciona como deveria. Às vezes, ele exagera na resposta ou, pior, volta-se contra o próprio corpo. É aí que surgem os fenômenos da hipersensibilidade e das doenças autoimunes.


A hipersensibilidade é uma resposta imunológica exagerada a antígenos que normalmente seriam inofensivos, como pólen, alimentos ou medicamentos. Essas reações são classificadas em quatro tipos:

  • Tipo I (Imediata): Envolvem IgE e são responsáveis por alergias, como rinite, asma e anafilaxia;

  • Tipo II (Citotóxica): É mediada por anticorpos IgG e IgM, que reagem contra antígenos próprios, como ocorre na Anemia Hemolítica Autoimune;

  • Tipo III (Imunocomplexos): Ocorre quando anticorpos se ligam a antígenos, formando imunocomplexos, que se depositam em tecidos e provocam inflamação, como no Lúpus Eritematoso Sistêmico;

  • Tipo IV (Tardia ou Celular): É uma resposta celular tardia, mediada por linfócitos T, como visto na dermatite de contato ou na tuberculose. 



Figura 1- Esquema dos tipos de hipersensibilidade 



Disponível em: <https://sanarmed.com/disturbios-de-hipersensibilidade/>. Acesso em: 13 maio. 2025.



Por outro lado, as doenças autoimunes ocorrem quando células imunes autorreativas, principalmente as células B e as células T, estão demasiadamente ativadas e são levadas para causar danos aos seus próprios componentes, sejam células ou tecidos. Isso pode ocorrer em órgãos específicos ou de forma sistêmica:

  • Doenças autoimunes específicas de órgãos: O sistema imunológico ataca órgãos e tecidos específico, tais como no Diabetes tipo I (Destruição de células beta das ilhotas pancreáticas) e na Esclerose Múltipla (Doença desmielinizante - afeta SNC);

  • Doenças autoimunes sistêmicas: O sistema imune reage a diversos tipos de células próprias do indivíduo, tais como na Artrite Reumatoide (Ataque à sinovia por anticorpos) e no Lúpus Eritematoso Sistêmico (Síntese  de auto-anticorpos antinucleares e deposição de complexos imunes em diversos órgãos do corpo).


Ademais, os principais fatores que desencadeiam essas doenças são:

  • Desregulação imunológica: Problemas no processo de seleção negativa durante a diferenciação das células no timo, na seleção negativa na medula óssea e nos mecanismos periféricos (anergia, supressão por Tregs, dentre outros);

  • Fatores genéticos: Alterações genéticas que resultam na síntese de células auto- reativas;

  • Gatilhos ambientais: Antígenos que penetram no organismo e possuem material genético semelhante ao das células próprias do organismo.



Figura 2- Esquema sobre doenças autoimunes



Disponível em: <https://www.microbiologia.ufrj.br/desvendando-os-misterios-da-autoimunidade-e-doencas-autoimunes/>. Acesso em: 13 maio. 202



Em suma, as hipersensibilidades e as doenças autoimunes são de grande relevância no âmbito médico e acadêmico. Nesse viés, ao compreender melhor essas respostas, abrimos caminho para diagnósticos precoces, tratamentos mais eficazes e, futuramente, para a prevenção dessas condições que impactam milhões de vidas ao redor do mundo






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


Al-Ma'amouri, May Y. Artigo de revisão: Hipersensibilidade e seus transtornos (do inglês: A Review Article: Hypersensitivity and its Disorders). Journal for Research in Applied Sciences and Biotechnology. Vol. 2 No. 3 (2023): June Issue. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/371847505_A_Review_Article_Hypersensitivity_and_its_Disorders.


Autoimmune Diseases. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/autoimmune-disease>. Acesso em: 13 maio. 2025.


BARROS, Regina Wanderley de; et al. Avanços na compreensão e tratamento das doenças autoimunes. São José dos Pinhais - PR: Contribuciones a Las Ciencias Sociales, v.17, n.5, p. 01-14, 2024. Disponível em: https://ojs.revistacontribuciones.com/ojs/index.php/clcs/article/view/6704/4425.


MUÑOZ-CARRILLO, José Luis; et al. Distúrbios do Sistema Imunológico: Hipersensibilidade e Autoimunidade (do inglês: Immune System Disorders: Hypersensitivity and Autoimmunity). Immunoregulatory Aspects of Immunotherapy, 2018. InTech. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5772/intechopen.75794.


SONG, Y.; LI, J.; WU, Y. Evolving understanding of autoimmune mechanisms and new therapeutic strategies of autoimmune disorders. Signal transduction and targeted therapy, v. 9, n. 1, p. 263, 2024.






segunda-feira, 5 de maio de 2025

Imunidade Adaptativa: Mecanismos Específicos de Reconhecimento e Resposta Imune

Autoras: Ana Julia Alves dos Santos (Graduanda Enfermagem), Beatriz Pontes dos Santos (Graduanda Ciências Biólogicas), Camila Peredo Ramirez (Doutorada PPIPA), Luana Gonçalves Araújo (Graduanda Nutrição).

Editoras: Marielle Máximo Barbosa (Mestranda PPGIPA), Melissa de Souza Rodrigues (Mestranda PPGIPA), Ruth Opeyemi Awoyinka (Mestranda PPGIPA), Shiraz Feferbaum Leite (Doutoranda PPGIPA).


 

     O sistema imune inato é frequentemente capaz de conter e erradicar microrganismos invasores, mas alguns deles desenvolveram maneiras de subverter ou evadir-se da imunidade inata. A próxima linha de defesa do hospedeiro é a imunidade adaptativa, também conhecida como imunidade adquirida ou específica, a qual é mediada por linfócitos, que podem ser classificados em duas variedades principais, os linfócitos T (células T) e os linfócitos B (células B).

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023.

Figura 1 – Os mecanismos da imunidade inata fornecem a defesa inicial contra infecções. As respostas imunes adaptativas se desenvolvem posteriormente e necessitam de ativação dos linfócitos.

 

     A resposta imunológica adquirida destaca-se por quatro características que garantem sua eficiência e precisão:

  • Especificidade: permite que o sistema imune diferencie com exatidão entre moléculas distintas e direcione sua ação apenas contra os antígenos necessários, em vez de desencadear uma reação generalizada;
  • Capacidade de adaptação: capacidade do repertório de linfócitos em reconhecer uma grande quantidade de antígenos;
  • Memória: capacidade de recordar encontros anteriores com patógenos, o que permite reações mais rápidas e intensas em exposições subsequentes ao mesmo agente;
  • Discriminação entre o próprio e o não próprio (autotolerância): capacidade de reconhecer, responder e eliminar antígenos estranhos sem reagir de forma a prejudicar antígenos do próprio indivíduo.

     Existem dois tipos de imunidade adquirida, conhecidos como imunidade humoral e imunidade celular, que são mediados por células e moléculas diferentes e fornecem a defesa contra microrganismos extra e intracelulares.


  • Imunidade humoral: é mediada por proteínas chamadas anticorpos, produzidas pelos linfócitos B cuja função é impedir que os patógenos presentes no hospedeiro tenham acesso e colonizam as células e tecidos conjuntivos do hospedeiro, outra função dessa imunidade é evitar que a infecção se estabeleça, mas não actua contra microrganismos que vivem e se multiplicam intracelularmente.
  • Imunidade celular: é linha de defesa contra microrganismos intracelulares, porque é mediada pelas células conhecidas como linfócitos T. Existem variados tipos e funções dos linfócitos T.

 

 

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.Figura adaptada.

Figura 2  – Tipos de imunidade adquirida

 

Mecanismos de resposta do sistema imune adaptativo

      As respostas imunes adaptativas consistem em passos distintos, sendo os três primeiros: o reconhecimento do antígeno, a ativação dos linfócitos e a eliminação do antígeno (fase efetora). A resposta se contrai (declina) à medida que os linfócitos estimulados pelos antígenos morrem por apoptose, restaurando a homeostasia, e as células antígeno-específicas que sobrevivem são responsáveis pela memória. A duração de cada fase pode variar em diferentes respostas imunes. Na figura 3, o eixo y representa uma medida arbitrária da magnitude da resposta. Esses princípios se aplicam à imunidade humoral (mediada por linfócitos B) e à imunidade mediada por células (mediada por linfócitos T).

 

 


ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023.

Figura 3 – Desenvolvimento das respostas imunes adaptativas.


1. Reconhecimento de Antígenos

     As respostas adaptativas são iniciadas pelo reconhecimento de antígenos por receptores antigênicos dos linfócitos. Os receptores antigênicos dos linfócitos B, reconhecem muitas moléculas como proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos nucleicos, na forma solúvel como também associada à superfície celular.

     Mas os receptores antigênicos dos linfócitos T só reconhecem fragmentos peptídicos de antígenos proteicos e somente quando estes fragmentos são exibidos nas superfícies de células hospedeiras ligadas a proteínas especializadas chamadas de complexo principal de histocompatibilidade (MHC do inglês Major histocompatibility complex). Existem dois tipos principais de MHC: classe I, presente em todas as células nucleadas e atuam com linfócitos T citotóxicos, contra patógenos intracelulares; e MHC classe II é expresso apenas por células apresentadoras de antígenos (APCs) profissionais, atua com o TCD4, contra a patógenos extracelulares.

 

2. Ativação dos linfócitos.

     Uma vez que o antígeno é apresentado podem surgir 2 vias de resposta na imunidade Celular, em ambas vias existe a proliferação e diferenciação dos linfócitos T a células efetoras :

  • Via de MHC classe I: o antígeno é apresentado para os linfócitos T citotóxicos (célula efetora) que induzem a morte das células alvo que expressam esse antígeno.
  • Via de MHC classe II: o antígeno é apresentado para linfócitos T auxiliares que ativam aos macrofagos e aos linfócitos B para fagocitar e produzir anticorpos contra o microrganismo produtor do antígeno.

     Na imunidade Humoral o linfócito B naive reconhece antígenos e pode haver a participação ou não dos linfócitos T, podendo existir 2 tipos de resposta dos anticorpos:

  • Resposta T dependente: quando se produzem anticorpos de alta afinidade com troca de isotipo, células de memória e plasmócitos de vida longa em resposta a antígenos apresentados por linfócitos T auxiliares.
  • Resposta T independente: quando se produzem anticorpos de baixa afinidade e plasmócitos de vida curta em resposta a outros estímulos captados pelo próprio linfócito B. 

3. Eliminação do antígeno

Acontece quando as células diferenciadas, isto é, as células efetoras conseguem eliminar o microrganismo do hospedeiro. Cada célula efetora tem funções e características próprias.

 

Na Imunidade Celular:

  • Linfócito CD4: expressam moléculas que recrutam e ativam outros leucócitos para fagocitar e destruir o microrganismo alvo do antígeno.
  • Linfócito CD8: também chamado citotóxico mata as células infectadas contendo proteínas microbianas no citosol, eliminando assim os reservatórios celulares de infecção.

 

Na Imunidade Humoral: os anticorpos têm isotipos:

  • IgG: sua função é neutralizar microrganismos e toxinas, opsonização de antígenos, ativa a via clássica do complemento, e tem capacidade citotóxica com ajuda dos linfócitos natural killer.
  • IgM: ativa a via clássica do complemento
  • IgA: imunidade da mucosa do trato gastrointestinal e respiratório.
  • IgE: defesa contra helmintos mediada por eosinófilos e mastócitos, presentes também na hipersensibilidade tipo I.

     Assim, por conter diversas propriedades, a imunidade adaptativa é capaz de gerar diferentes tipos de resposta ao entrar em contato com distintos antígenos, desenvolvendo uma memória imunológica mais ágil para futuras infecções e se especializando nessas respostas.

 

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. Tabela adaptada.

Figura 4 – Propriedades das respostas imunológicas adquiridas.Resumo das propriedades importantes da resposta imunológica adquirida e como cada uma delas contribui para a defesa do hospedeiro contra os microrganismos.

  

     Em suma, a imunidade adaptativa transcende a simples defesa imediata, estabelecendo uma proteção aprimorada e de longo prazo contra os desafios do mundo microbiano. Sua capacidade de aprendizado e memorização imunológica não apenas resguarda o indivíduo de doenças recorrentes, mas também pavimenta o caminho para intervenções médicas preventivas eficazes, como a vacinação, que erradicaram e controlaram inúmeras enfermidades. Portanto, a imunidade adaptativa é um pilar fundamental para a saúde individual e coletiva, moldando nossa capacidade de coexistir com um ambiente repleto de microrganismos.

 

 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abul K. Abbas; Andrew H. Lichtman; Shiv Pillai: Imunologia básica. 4ª edição. Elsevier Editora.

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e Molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: GEN Guanabara Koogan, 2023. E-book. p.7. ISBN 9788595158924. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595158924/. Acesso em: 18 abr. 2025.


quinta-feira, 17 de abril de 2025

Imunidade Inata: A Primeira Linha de Defesa do Sistema Imunológico


Autoras: Ana Carolina Vilela Grossi (Graduanda Nutrição), Bruna Gonçalves Souza (Graduanda Nutrição), Giovanna Megumi Santos Koga Morais, (Graduanda Medicina Veterinária), Natalia Acosta Olivera (Mestranda PPGIPA).


Editoras: Marielle Máximo Barbosa (Mestranda PPGIPA), Melissa de Souza Rodrigues (Mestranda PPGIPA), Ruth Opeyemi Awoyinka (Mestranda PPGIPA), Shiraz Feferbaum Leite (Doutoranda PPGIPA)


   A imunidade inata, também conhecida como imunidade natural, é a primeira linha de defesa do organismo. Por ser constitutiva, ou seja, já está presente antes de ter contato com o antígeno, sua resposta é imediata e rápida, porém não apresenta memória imunológica. 

   Os principais constituintes da imunidade inata são: barreiras epiteliais, células efetoras circulantes, proteínas efetoras circulantes e citocinas. 

   A primeira linha de defesa do sistema imune inato são as barreiras epiteliais, que têm por função dificultar a entrada do patógeno no organismo. Algumas estruturas impedem essa infecção de maneira mecânica, como os pelos, cílios (projeções especializadas das vias aéreas formadas por microtúbulos que movimentam o muco e partículas para fora do trato respiratório), epitélio, cabelos e o muco, enquanto outras contribuem de maneira química, como a atuação de enzimas no suor, lágrimas e saliva, e a alteração de pH das secreções gástricas. Além disso, existe o papel importante da microbiota, que contribui para a eliminação do corpo estranho pela competição por espaço e alimento.

   Por outro lado, as células efetoras circulantes constituem a parte interna da imunidade, ou seja, é a próxima ação do sistema imune quando, por algum motivo, houve falha das barreiras epiteliais. Dessa maneira, alguns agentes se configuram como importantes nessa próxima etapa, tais como:

· Neutrófilos: atuam principalmente na defesa contra bactérias;

· Monócitos: estão presentes na corrente sanguínea e são responsáveis por se diferenciarem em macrófagos em caso de infecção dos tecidos.

· Macrófagos: atuam como apresentadores de antígenos, realizam fagocitose e secretam citocinas que estimulam a inflamação. Eles são encontrados nos tecidos.

· Células Natural Killer (NK): identificam e eliminam células infectadas, liberando grânulos contendo perforinas e granzimas.

· Células dendríticas: são as principais células apresentadoras de antígenos (APCs) e fazem conexão entre a resposta imune inata e adaptativa.

· Eosinófilos e mastócitos: modulam as reações alérgicas e liberam mediadores inflamatórios.

  

ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023. Figura adaptada.
Figura 1 – Células NK reconhecem alterações na superfície de células infectadas e induzem sua morte.



ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023. Figura adaptada.
Figura 2 – Estágios do amadurecimento dos fagócitos mononucleares desde a medula óssea até sua diferenciação e ativação tecidual.

 

   As células da imunidade inata identificam patógenos por meio de Receptores de Reconhecimento de Padrões (PRRs), que detectam Padrões Moleculares Associados a Patógenos (PAMPs), estruturas típicas de patógenos e que não estão presentes no hospedeiro (ex.: LPS de bactérias, RNA viral), e Padrões Moleculares Associados a Danos (DAMPs), estruturas ou moléculas que representam a ocorrência de um dano em um tecido ou célula, como a presença de proteínas nucleadas (histonas) no meio extracelular. Os principais tipos de PRRs são:

· TLRs (Receptores Tipo Toll): localizados na membrana plasmática ou endossomos, atuam como moduladores da expressão de genes da inflamação (citocinas, quimiocinas, moléculas coestimuladoras e de adesão endotelial) e reconhecem uma variedade de PAMPs;

· NLRs (Receptores Tipo NOD): detectam PAMPs no citosol (ex.: peptidoglicano);

· RLRs (Receptores Tipo RIG-I): reconhecem RNA viral;

· CLRs (Receptores de Lectina Tipo C): se ligam a carboidratos de fungos e bactérias.

   Além dos PRRs, a imunidade inata utiliza inflamassomos, complexos proteicos que funcionam como sensores de sinais de perigo, como infecções, e ativam respostas inflamatórias intensas.

   As proteínas efetoras circulantes são proteínas que fazem parte do sistema complemento (ativado pelas vias clássica, alternativa e lectina), onde há opsonização, lise de patógenos e ativação de células imunológicas, como a lectina ligante de manose (MBL) e a proteína C reativa (PCR).

   As citocinas fazem parte da imunidade inata fisiológica, como o interferon (IFN), fator de necrose tumoral (TNF) e interleucina (IL). Elas desempenham papéis importantes, como inibir a replicação viral, induzir a febre, promover inflamação, ativar leucócitos e favorecer a comunicação entre células imunológicas. Além disso, elas são responsáveis por intensificar a ativação e proliferação de células efetoras e proteínas que melhoram a resposta contra os microrganismos.




ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023. Figura adaptada.
Figura 3 – Interação entre macrófagos e células NK, com liberação de citocinas inflamatórias e recrutamento de neutrófilos.

   Ademais, a inflamação, originada pelas citocinas, é de suma importância para garantir o bom funcionamento da resposta imune inata, tendo em vista que ela garante condições ideais (temperatura) para que as células imunológicas atuem da melhor forma, e que a região danificada volte a sua condição normal. Portanto, inflamação é uma reação complexa dos tecidos vascularizados em resposta a uma infecção ou dano tecidual. Nesse contexto, as citocinas atuam aumentando a vasodilatação e a permeabilidade vascular (gerando dor, vermelhidão e calor), permitindo uma maior migração e atuação das células da imunidade inata. Em contrapartida, a febre seria a reação sistêmica da inflamação.

 


ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2023. Figura adaptada.
Figura 4 – Etapas da resposta inflamatória aguda desde a entrada do microrganismo até a fagocitose.

   Dessa forma, a imunidade inata representa um sistema de defesa essencial e imediato contra agentes infecciosos, atuando de forma rápida e eficiente por meio de barreiras físicas, células especializadas, proteínas circulantes e sinais químicos. Embora não possua memória imunológica, ela é essencial para conter infecções nas fases iniciais, atuar na vigilância contra células anormais, como as tumorais, e para ativar e direcionar a resposta imune adaptativa.


Referências bibliográficas: 

Abul K. Abbas; Andrew H. Lichtman; Shiv Pillai: Imunologia celular e molecular. 6ª, 7ª, 8ª, 9ª ou 10ª edição. Saunders Editora.

Charles A. Janeway; Paul Travers; Walport Mark; Mark J. Shlomchik: Imunobiologia: o sistema imune na saúde e na doença. 6ª edição. Artmed Editora.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Conheça as Coordenações da Liga Universitária de Imunologia (LUI)

Saiba como cada coordenação faz a diferença na Liga!



A Liga Universitária de Imunologia (LUI) é um espaço dedicado ao aprofundamento do conhecimento e à disseminação da imunologia. Para garantir a organização e o funcionamento eficiente das nossas atividades, contamos com quatro coordenações: Científica, Marketing, Extensão e Administrativa. Cada uma desempenha um papel essencial no desenvolvimento da Liga. Confira a seguir um pouco mais sobre cada uma delas!  


Coordenação Científica

A Coordenação Científica tem como objetivo principal promover o conhecimento acadêmico e a troca de informações sobre imunologia. Para isso, organiza eventos científicos como palestras, workshops e seminários, além de fomentar a pesquisa e a discussão de temas relevantes na área. Os membros desta coordenação são responsáveis por selecionar e desenvolver tópicos de estudo que serão debatidos dentro da Liga, promovendo o aprimoramento contínuo dos participantes.  


Coordenação de Marketing

A Coordenação de Marketing cuida da comunicação e da identidade visual da Liga. Essa equipe é responsável por divulgar nossas atividades por meio de campanhas estratégicas nas redes sociais e na produção de materiais gráficos. Além disso, gerencia o blog da Liga, criando conteúdos informativos e atualizados sobre imunologia, eventos e atividades promovidas. O objetivo é ampliar o alcance da Liga e engajar o público com informações relevantes.  


Coordenação de Extensão

A Coordenação de Extensão desempenha um papel fundamental na aproximação entre a Liga e a comunidade. Através de ações educativas, como a Imunologia nas Escolas, essa equipe promove atividades voltadas para o ensino da imunologia de forma acessível a estudantes do ensino básico e médio. O objetivo é levar conhecimento científico de qualidade a um público mais amplo, incentivando o interesse pela ciência desde cedo.  


Coordenação Administrativa  

A Coordenação Administrativa é a base organizacional da Liga, garantindo que todas as atividades sejam executadas de forma eficiente. Essa equipe gerencia o controle dos membros, define funções e organiza reuniões e eventos. Além disso, cuida da parte administrativa, assegurando que os recursos necessários estejam disponíveis para o funcionamento da Liga. Também atua como um elo entre as coordenações, garantindo uma comunicação clara e estruturada.  


Cada coordenação desempenha um papel essencial para o crescimento da Liga Universitária de Imunologia. Se você deseja fazer parte desse time, temos uma ótima notícia: o processo seletivo foi prorrogado até sexta-feira, dia 14 de março de 2025! Não perca essa oportunidade de se envolver com a imunologia e contribuir para a nossa missão.  


Inscreva-se agora e faça parte da LUI! 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

EDITAL DE SELEÇÃO DA LIGA UNIVERSITÁRIA DE IMUNOLOGIA (LUI) – 2025 EDITAL Nº 001/2025

 EDITAL DE SELEÇÃO DA LIGA UNIVERSITÁRIA DE IMUNOLOGIA (LUI) – 2025

 EDITAL Nº 001/2025

 


A Liga Universitária de Imunologia (LUI) torna pública a abertura do processo seletivo para novos membros, destinado a estudantes interessados em aprofundar seus conhecimentos na área da Imunologia, contribuir para projetos de ensino, pesquisa e extensão e integrar atividades científicas e acadêmicas.

 

Este edital estabelece as diretrizes, requisitos e etapas do processo seletivo para ingresso na LUI no ano de 2025.

 

SOBRE A LIGA UNIVERSITÁRIA DE IMUNOLOGIA (LUI)

A Liga Universitária de Imunologia (LUI) é uma organização acadêmica que tem como propósito:

 

  • Promover a integração entre discentes de diferentes cursos da área da saúde, biológicas e pós-graduação em imunologia;
  • Aprimorar a formação profissional e a atualização contínua na área de imunologia;
  • Fomentar a pesquisa científica, promovendo discussões acadêmicas e produção de conhecimento;
  • Desenvolver atividades de extensão, levando a imunologia para além do ambiente universitário.

Atividades Oferecidas pela LUI:

  • Tutorias;
  • Quiz Day – Tarde de jogos imunológicos com premiações;
  • Oportunidade de publicações no Blog da LUI;
  • Projetos de Extensão, como Imunologia nas Escolas;
  • Produção de Gibis Imunológicos, voltados à divulgação científica.

 

Missão: Unificar diferentes áreas do conhecimento para aprofundar a compreensão sobre o sistema imunológico, as patologias associadas, a relação patógeno-hospedeiro e estratégias de prevenção contra doenças infecciosas.

Meta: Integrar docentes e discentes da comunidade acadêmica, promover qualificação científica e ampliar a divulgação do conhecimento imunológico.

Visão: Disseminar conhecimento científico de forma interdisciplinar, inclusiva e inovadora, incentivando a participação dos acadêmicos em projetos de impacto social.

Valores: Ensino, Pesquisa e Extensão, impactando a sociedade de forma ética, plural e colaborativa.

 

PÚBLICO-ALVO

O processo seletivo está aberto para estudantes regularmente matriculados nos seguintes cursos:

Ciências Biológicas;

Biomedicina;

Medicina;

Enfermagem;

Farmácia;

Odontologia;

Fisioterapia;

Outros cursos da área da saúde e biológicas;

Pós-graduandos na área de imunologia.

 

Requisitos obrigatórios para candidatura:

  • Ter cursado ou estar cursando a disciplina de Imunologia;
  • Ter disponibilidade mínima de 3 horas semanais para participação ativa nas atividades da LUI;
  • Ter interesse genuíno pela área da imunologia e comprometimento com as atividades acadêmicas, científicas e extensões da liga.

 

PROCESSO SELETIVO

O processo seletivo será realizado em três etapas:

 

Inscrição (Preenchimento do Formulário)

 

Os candidatos devem preencher o formulário de inscrição online, disponível no link: [https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSecczP5HBTP_uXSsiRUXOoIJoWR0lEvQkmoYb-TycKsa9OPbA/viewform]

No formulário, será solicitado o preenchimento de informações como:

  • Dados pessoais (Nome, CPF, e-mail, telefone);
  • Curso e período acadêmico;
  • Disponibilidade de tempo semanal;
  • Áreas de interesse dentro da LUI (Pesquisa, Ensino, Extensão, Marketing, etc.);
  • Histórico Acadêmico
  • Resumo sobre interesse na imunologia.

 

 

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

A seleção será realizada com base nos seguintes critérios:

 

Critérios eliminatórios:

  • Não ter cursado ou não estar cursando a disciplina de Imunologia;
  • Não preencher todos os campos obrigatórios do formulário de inscrição.

 

 

Os candidatos aprovados serão informados por e-mail e em nossas redes sociais!

 

CRONOGRAMA

Período de inscrições: 21 de fevereiro a 9 de março de 2025

Divulgação dos aprovados:  13 de março de 2025

Início das atividades na LUI: 17 de março de 2025

 

DISPOSIÇÕES FINAIS

- Os membros selecionados terão acesso a todas as atividades e benefícios da LUI, incluindo eventos, publicações e projetos científicos.

- A participação na LUI não gera vínculo empregatício e é de caráter acadêmico e voluntário.

- Casos omissos serão analisados e resolvidos pela Coordenação da Liga Universitária de Imunologia.

 

Dúvidas e mais informações: ligaimunoufu@gmail.com

 

 

Uberlândia, 21 de fevereiro de 2025.

Coordenação da Liga Universitária de Imunologia (LUI)