Por: Eliézer Lucas Pires Ramos (Doutorando
PPIPA/UFU)
Por muitos anos era comum
saber que a cada 10 anos as pessoas deveriam se vacinar contra a febre amarela,
isso se devia ao fato de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendava
tal imunização em populações de áreas endêmicas e viajantes durante este
período de tempo (WHO, 1985; 2008; Monath, 2001).
Todavia, recentes estudos demonstraram que a vacina é capaz de causar a
produção de anticorpos neutralizantes circulantes por um período de tempo mais
que o previamente considerado. Tais estudos constataram que 25% dos anticorpos
neutralizantes permaneciam nos indivíduos imunizados por mais de 10 anos (Nascimento
Silva et al., 2011).
A febre
amarela é uma doença viral consideravelmente prevalente em países tropicais
como a Africa sub-saariana e América do Sul, principalmente o Brasil. A doença
depende de um vetor culicídeo como por exemplo Aedes aegypti na África e Haemagogus
janthinomys na América do Sul (Monath &
Vasconcelos, 2015, Vasconcelos
& Monath, 2016) . Sendo uma doença de
alta severidade e mortal, o seu controle é um desafio de longa data para a
saúde pública, principalmente em centros urbanos (Monath &
Vasconcelos, 2015). Conhecida como 17D, a vacina que era empregada
periodicamente no indivíduo foi desenvolvida na década de 1930 (Theiler
& Smith, 1937) e desde então reduziu
significantemente a prevalência da doença no mundo, contribuindo para
erradicação em diversos países do globo. Contudo, desde 2013 a OMS tem
recomendado a aplicação de dose único devidos as conclusões dos estudos
previamente citados (WHO, 2013).
Contrariando
tais estudos, pesquisas realizadas no Brasil constataram que os níveis de
anticorpos neutralizantes diminuem dramaticamente em adultos e crianças até
após 8 anos da imunização primária (Caldas
et al., 2014, Campi-Azevedo,
et al., 2016). Além disso, entre 1980 e
2017 houveram 29 casos de febre amarela severa em pessoas vacinadas (PAHO,
2016 ). Todas essas informações geram questões acerca da
efetividade de uma dose simples durante o processo de imunização. Tal conclusão
se reforça com o último surto epidêmico que está ocorrendo no Brasil.

Dado estas
informações, é de extrema importância que os serviços de saúde pública chequem
se essa epidemia está associada às novas normas de vacinação da OMS para que
efetivas medidas de controle e erradicação da febre amarela sejam
providenciadas.
REFERências
- Caldas IR, Camacho LA, Freire MS, Torres CR, Martins RM, Homma A, et al. Duration of post-vaccination immunity against yellow fever in adults. Vaccine (Guildford). 2014; 32: 4977-84.
- Campi-Azevedo AC, Teixeira-Carvalho A, Antonelli LR, Fonseca CT, Villela-Rezende G, Santos RA, et al. Booster dose after 10 years is recommended following 17DD-YF primary vaccination. Hum Vaccin Immunother. 2016; 12(6): 491-502.
- Monath TP, Vasconcelos PFC. Yellow fever. J ClinVirol. 2015; 64: 160-73.
- Monath TP. Yellow fever: an update. Lancet Infect Dis. 2001; 1(1): 11-20.
- Nascimento Silva JRN, Camacho LA, Siqueira MM, Freire MS, Castro YP, Maia ML, et al. Mutual interference on the immune response to yellow fever vaccine and a combined vaccine against measles, mumps and rubella. Vaccine. 2011; 29(37): 6327-34.
- PAHO - Pan American Health Organization. Yellow fever: number of confirmed cases and deaths by country in the Americas, 1960-2015. 2016. [Accessed on 2017 July 25]. Health emergency information & risk assesment unit (HIM), PAHO Health Emergencies Department (PHE). Available from: http://ais.paho.org/phip/viz/ed_yellowfever.asp.
- Theiler M, Smith HH. Use of yellow fever virus modified by in vitro cultivation for human immunization. J Exp Med. 1937; 65: 787-800.
- Vasconcelos PFC, Monath TP. Yellow fever remains a potential threat to public health. Vector Borne Zoonotic Dis. 2016; 16(8): 566-7.
- Vasconcelos PFC. Yellow fever in Brazil: Thoughts and hypotheses on the emergence in previously free areas. Rev Saude Publica. 2010; 44: 1144-9.
- Vasconcelos PFC. Single shot of 17D vaccine may not confer life-long protection against yellow fever. Mem Ins Oswaldo Cruz. 2018; 113(2).
- WHO - World Health Organization. Background paper on yellow fever vaccine. SAGE Working Group. Geneva: World Health Organization; 2013. 43 pp.
- WHO - World Health Organization. Prevention and control of yellow fever in Africa. Geneva: World Health Organization; 1985.
- WHO - World Health Organization. Update on progress controlling yellow fever in Africa, 2004-2008. Wkly Epidemiol Rec. 2008; 83(50): 450-8.
Nenhum comentário:
Postar um comentário