terça-feira, 10 de abril de 2018

Descoberto um “novo órgão” até então desconhecido pelos cientistas

Por: Lucas Vasconcelos Soares Costa (Mestrando PPIPA/UFU)

Recentemente, um grupo de médicos da Universidade de Nova Iorque (NYU) e do Centro Médico Mount Sinai Beth Israel publicaram na revista ScientificReports a descoberta de um novo “órgão” ainda não notado.

Durante a investigação de um ducto biliar de um paciente com suspeita de câncer, os médicos Dr. David Carr-Locke e Dr. Petros Benias se depararam com uma camada de células na submucosa que não era compatível com nenhuma das camadas já descritas. Assim, com a ajuda do patologista Dr. Neil Theise, eles descobriram que não se tratava apenas de uma nova camada, mas um tecido que está presente em outros locais além dos ductos biliares, como pulmões, aorta e demais vasos sanguíneos, trato digestivo, grande parte do trato urinário, pele e fáscias musculares. Tais tecidos são regiões que passam por frequentes distensões anatômicas onde este interstício atua suportando choques mecânicos.

No entanto, o que se questiona é o motivo de apenas agora perceber a existência deste órgão. A dificuldade reside nas técnicas de preservação utilizadas para preparar os tecidos. Os métodos tradicionais comprimiam esta camada. Deste modo, ao injetar fluoresceína no órgão antes de realizar a fixação do tecido, foi possível preservar o espaço intersticial cheio de fluido que compõe esta parte da camada submucosa.

A figura esquemática disponível no artigo (editada) mostra que esta camada é composta por filamentos de colágeno, células CD34+ (marcador presente em células hematopoiéticas imaturas e de mucosa, por exemplo) e espaços cheios de fluido. Os pesquisadores também perceberam que parte da fluoresceína injetada no órgão era rapidamente drenada para os ductos linfáticos. consequentemente, perceberam que seria uma possível forma efetiva de disseminação de células cancerígenas pelo corpo.


Os autores sugerem que esta descoberta pode redefinir as atividades funcionais normais de diferentes órgãos, bem como da dinâmica de fluidos. Desta forma, o estudo destes fluidos pode revelar importantes marcadores para o diagnóstico de algumas doenças, como o câncer.

No contexto imunológico, podemos imaginar este órgão envolvido no fluxo de células e moléculas da resposta imune, sendo assim mais uma fonte de pesquisa com o objetivo de aprender mais sobre os mecanismos que compõem as defesas do nosso corpo.

Ah! Como vocês já devem estar pensando, uma revisão na atual divisão de camadas da derme já foi sugerida e provavelmente veremos mudanças em breve!


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