segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Você sabe como o HIV leva à Aids?

Por: Nathalya Pereira Barbosa (Estudante Biomedicina UFU)
Editora: Jacqueline Pádua de Queiroz (Mestranda PPIPA)

A AIDS, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é causada pelo vírus HIV, transmitida por via sexual ou por contato com sangue infectado. Como o próprio nome sugere, essa doença é caracterizada por debilitar gravemente o Sistema Imune do portador, deixando o indivíduo Imunocomprometido, intensamente sujeito a doenças oportunistas.

A Aids, ficou amplamente conhecida na década de 80, quando houve um “boom” de pessoas infectadas, sendo que o vírus foi isolado somente em 1983. O que mais preocupa as Organizações de saúde e os cientistas é que o vírus pode permanecer silencioso no organismo do hospedeiro por anos, se multiplicando lentamente. Isso permite com que a pessoa infectada possa transmitir o vírus para outros, sem ao menos saber que é soropositiva, já que ainda não chegou a desenvolver os sintomas da síndrome em si. Por isso existem, constantemente, campanhas que reforçam a importância de realizar os testes para detecção do vírus, principalmente em indivíduos com múltiplos parceiros sexuais.



Há muito o que se falar sobre essa síndrome, que permanece, até hoje, como um desafio aos pesquisadores que dedicam suas vidas a identificar curas, tratamentos e possibilidades na melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas. Porém, o foco do post será sobre como o vírus atua no Sistema Imune do indivíduo infectado e porque ele é tão letal.
Todo vírus possui um ciclo replicativo dentro de uma célula, já que estes não possuem metabolismo próprio. Assim, o HIV precisa depositar seu material genético (RNA) no citoplasma de células nas quais ele pode realizar o processo de adesão, ou seja, ligar seus receptores em proteínas específicas de membrana da célula alvo. Assim, o vírus tem um alto tropismo pelo linfócito T CD4+ que possui receptores que se encaixam perfeitamente ao ligantes do envelope do HIV.

 O microrganismo possui glicoproteínas de envelope chamadas Gp41 e Gp120 que se ligam ás moléculas CD4 da membrana dos linfócitos, como no esquema “chave-fechadura”. Com a ajuda de co-receptores, principalmente o CCR-5, o vírus se funde então com a célula, liberando o seu material genético, que irá ser transcrito reversamente em DNA e entrar no núcleo da célula, onde usará toda a maquinaria de transcrição e tradução, a fim de produzir novas partículas virais. Nesse momento, sabe-se que o DNA viral, integrado ao DNA celular, pode permanecer inativo, ao invés de iniciar as atividades de replicação, fazendo com que o indivíduo não desenvolva a AIDS, podendo se ativar somente anos depois do contato. Entretanto, ainda são desconhecidos os motivos pelos quais isso ocorre. Sabe-se, também, que o HIV pode infectar macrófagos, ainda que em menor quantidade.

 Os linfócitos TCD4+ são extremamente importantes para a defesa o organismo, pois coordenam as respostas a serem direcionadas para cada invasor. Essas células produzem diferentes citocinas que estimulam a atividade e diferenciação de linfócitos TCD8+ e linfócitos B, além de atraírem neutrófilos, basófilos e macrófagos para os locais de infecção. Esses linfócitos também ditam o perfil das respostas imunes, sendo basicamente divididas em inflamatórias ou anti-inflamatórias, regidas pelos linfócitos Th1 e Th2, respectivamente. Essa divisão é gerada pela especialização do linfócito TC4+, que passa a produzir citocinas específicas para cada perfil de resposta, também podendo se diferenciar em Threg e Th17.
Os macrófagos são células fagocíticas que, por meio da fagocitose, “digerem” microrganismos invasores e apresentam proteínas destes para os linfócitos, afim de que a resposta imune adaptativa seja ativada e os anticorpos sejam produzidos.
Com a infeção e a consequente morte dessas células imprescindíveis para a defesa do corpo humano, o paciente infectado fica susceptível até aos microrganismos menos patogênicos, que não causariam danos a pessoas imunocompetentes. Assim, nos estágios avançados da síndrome, os indivíduos podem contrair diversas infecções, como pneumonia, tuberculose, diarreia bacteriana, meningite, doenças fúngicas, hepatite C, infecções por protozoários e até mesmo o câncer, de modo que, sem a constante vigília dos linfócitos TCD4+, as células defeituosas se multiplicam livremente.

Apesar de haver vários coquetéis diferentes de antirretrovirais que auxiliam na qualidade de vida dos aidéticos, é essencial nos preocuparmos com a prevenção, que é a única maneira de se manter totalmente seguro contra o vírus. Por isso, não esqueça: sexo seguro pode salvar vidas, use sempre camisinha!
Fontes:
https://soropositivo.org/2015/01/30/o-que-sao-doencas-oportunistas-como-atuam-e-como-percebe-las/
http://www.bbc.com/portuguese/especial/1357_biologia_aids/page2.shtml
https://www.revistas.ufg.br/iptsp/article/view/17192
http://www.ocorpohumano.com.br/index1.html?http://www.ocorpohumano.com.br/dst_aids.htm
M. A. S. Mariane, B. V. G. Regina Beatriz, A. S. P. Gisner, T. J.  João, Q. D. F. Maria. “Entendendo como o HIV afeta células humanas: Quimiocinas e seus receptores”
http://www.fundec.edu.br/cipa/aids.html 

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