terça-feira, 19 de setembro de 2017

PERFORMANCE IMUNOLÓGICA DO SEDENTARISMO À PRATICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS

Por: Vinícius José de Oliveira (Mestrando/PPIPA)
Editora: Jacqueline Pádua de Queiroz (Mestranda/PPIPA)

Nas últimas décadas o avanço da tecnologia promoveu maior comodidade para os seres humanos, porém muitas dessas comodidades interferem no seu estilo de vida. Isso acontece quando deixam de exigir que os mesmos gastem quantidades mínimas calóricas diárias com qualquer tipo de atividade física como andar para ir ao trabalho ou fazer serviços domésticos, até a pratica de exercícios físicos, podendo levá-los ao sedentarismo.
O sedentarismo é capaz de afetar diversas funções orgânicas como diminuição do metabolismo de gordura levando à obesidade e também à formação de ateromas ou “placas de gordura” nas paredes dos vasos sanguíneos, aumento da ansiedade, aumento do depósito de cristais de cálcio nas articulações, até mesmo ao desenvolvimento de doenças mais graves como a diabetes, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia e a gota.
Contudo, o sedentarismo não vai, diretamente, enfraquecer a resposta imune, pois o exercício físico é importante para diminuir níveis de estresse oxidativo celular, e o estresse, em excesso, pode enfraquecer o funcionamento dessa resposta. Assim, a charge abaixo traz um importante aspecto sobre a pratica do exercício físico.


A charge em questão traz uma pergunta que, apesar de ter sido usada de forma irônica pelo profissional de saúde, estimula pesquisadores a desenvolverem estudos sobre a temática “Exercícios físicos e saúde” delimitando fatores importantes sobre o tema como duração e intensidade do exercício, alterações morfológicas e funcionais no corpo do indivíduo, e mais recentemente da regulação da resposta imunológica de quem pratica algum exercício para manutenção da saúde e/ou tratamento de doenças.
O exercício físico é um importante modulador da função imunológica, pois seus efeitos são mediados por fatores hormonais, metabólicos e também de fatores mecânicos provenientes dos diferentes grupos musculares envolvidos no exercício praticado. Sendo assim, a prática regular de exercício físico pode ser benéfica para a saúde, desde que parâmetros como volume semanal de treinamento, a intensidade, duração ou frequência devem ser analisados individualmente para que se obtenha os resultados esperados quanto a sua prescrição.
Exercícios de intensidade moderada (aqueles onde o praticante mantém sua frequência cardíaca entre 60% e 70% de sua frequência cardíaca máxima) direcionam a resposta imune para a predominância de um padrão Th1, com aumento da produção de citocinas como IL-12 pelas células dendríticas, aumento da produção de IFN-gamma levando a uma elevada liberação de oxido nítrico e TNF-alpha pelos macrófagos, induzindo proteção contra infecções causadas por microrganismos intracelulares (vírus, bactérias e alguns protozoários) e também contra neoplasias.
Em contrapartida, exercícios de alta intensidade (aqueles onde o praticante mantém sua frequência cardíaca entre 71% e 90% de sua frequência cardíaca máxima) direcionam a resposta imune para a predominância de um padrão Th2, com aumento das concentrações de citocinas como IL-4, IL10 e TGF-beta, inativando macrófagos e também diminuindo a quimiotaxia de neutrófilos, além de promover o aumento a apoptose de linfócitos, visando a diminuição dos danos no tecido muscular resultantes da inflamação proveniente da pratica do exercício, resultando no aumento da susceptibilidade à infecções.
Por fim, após optar por praticar algum exercício físico procure um profissional responsável que poderá prescrever o melhor tipo de treinamento para a condição que o motivou a essa busca, de forma a não expor você a riscos desnecessários e facilmente evitáveis assim como promover um ótimo aproveitamento do exercício realizado tanto para manutenção da saúde como para tratamento de doenças.
Exercite-se!



Bibliografia consultada:

1) CÓRDOVA MARTÍNEZ, Alfredo; ALVAREZ-MON, Melchor. O sistema imunológico (I): conceitos gerais, adaptação ao exercício físico e implicações clínicas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 5, n. 3, p. 120-125, 1999.

2) DARWIN, Eryati; ELFI, Eka Fithra; HAFIZAH, Indria. The Effect of Physical Exercise to Level of Nuclear Factor Kappa B on Serum, Macrophages and Myocytes. World Academy of Science, Engineering and Technology, International Journal of Medical, Health, Biomedical, Bioengineering and Pharmaceutical Engineering, v. 11, n. 3, p. 90-93, 2017.

3) KRINSKI, Kleverton et al. Efeitos do exercício físico no sistema imunológico. RBM, v. 67, n. 7, 2010.

4) SILVA, Fernando Oliveira Catanho da; MACEDO, Denise Vaz. Physical exercise, inflammatory process and adaptive condition: an overview. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 13, n. 4, p. 320-328, 2011.

5) TERRA, Rodrigo et al. Effect of exercise on immune system: response, adaptation and cell signaling. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 18, n. 3, p. 208-214, 2012.

6) UIMARÃES, Thiago et al. Crossfit, musculação e corrida: vício, lesões e vulnerabilidade imunológica. REVISTA DE EDUCAÇÃO FÍSICA/JOURNAL OF PHYSICAL EDUCATION, v. 86, n. 1, 2017.

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