Por: Vinícius José de
Oliveira (Mestrando/PPIPA)
Editora:
Jacqueline Pádua de Queiroz (Mestranda/PPIPA)
Nas últimas décadas o avanço da
tecnologia promoveu maior comodidade para os seres humanos, porém muitas dessas
comodidades interferem no seu estilo de vida. Isso acontece quando deixam de
exigir que os mesmos gastem quantidades mínimas calóricas diárias com qualquer
tipo de atividade física como andar para ir ao trabalho ou fazer serviços
domésticos, até a pratica de exercícios físicos, podendo levá-los ao
sedentarismo.
O sedentarismo é capaz de afetar
diversas funções orgânicas como diminuição do metabolismo de gordura levando à
obesidade e também à formação de ateromas ou “placas de gordura” nas paredes
dos vasos sanguíneos, aumento da ansiedade, aumento do depósito de cristais de
cálcio nas articulações, até mesmo ao desenvolvimento de doenças mais graves
como a diabetes, a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia e a gota.
Contudo, o sedentarismo não vai,
diretamente, enfraquecer a resposta imune, pois o exercício físico é importante
para diminuir níveis de estresse oxidativo celular, e o estresse, em excesso,
pode enfraquecer o funcionamento dessa resposta. Assim, a charge abaixo traz um
importante aspecto sobre a pratica do exercício físico.
A charge em questão
traz uma pergunta que, apesar de ter sido usada de forma irônica pelo
profissional de saúde, estimula pesquisadores a desenvolverem estudos sobre a
temática “Exercícios físicos e saúde” delimitando fatores importantes sobre o
tema como duração e intensidade do exercício, alterações morfológicas e
funcionais no corpo do indivíduo, e mais recentemente da regulação da resposta
imunológica de quem pratica algum exercício para manutenção da saúde e/ou
tratamento de doenças.
O exercício físico é
um importante modulador da função imunológica, pois seus efeitos são mediados
por fatores hormonais, metabólicos e também de fatores mecânicos provenientes
dos diferentes grupos musculares envolvidos no exercício praticado. Sendo
assim, a prática regular de exercício físico pode ser benéfica para a saúde, desde
que parâmetros como volume semanal de treinamento, a
intensidade, duração ou frequência devem ser analisados individualmente
para que se obtenha os resultados esperados quanto a sua prescrição.
Exercícios de
intensidade moderada (aqueles onde o praticante mantém sua frequência cardíaca
entre 60% e 70% de sua frequência cardíaca máxima) direcionam a resposta imune
para a predominância de um padrão Th1, com aumento da produção de citocinas
como IL-12 pelas células dendríticas, aumento da produção de IFN-gamma levando
a uma elevada liberação de oxido nítrico e TNF-alpha pelos macrófagos,
induzindo proteção contra infecções causadas por microrganismos intracelulares (vírus,
bactérias e alguns protozoários) e também contra neoplasias.
Em contrapartida, exercícios
de alta intensidade (aqueles onde o praticante mantém sua frequência cardíaca
entre 71% e 90% de sua frequência cardíaca máxima) direcionam a resposta imune
para a predominância de um padrão Th2, com aumento das concentrações de
citocinas como IL-4, IL10 e TGF-beta, inativando macrófagos e também diminuindo
a quimiotaxia de neutrófilos, além de promover o aumento a apoptose de
linfócitos, visando a diminuição dos danos no tecido muscular resultantes da
inflamação proveniente da pratica do exercício, resultando no aumento da
susceptibilidade à infecções.
Por fim, após optar
por praticar algum exercício físico procure um profissional responsável que
poderá prescrever o melhor tipo de treinamento para a condição que o motivou a essa
busca, de forma a não expor você a riscos desnecessários e facilmente evitáveis
assim como promover um ótimo aproveitamento do exercício realizado tanto para
manutenção da saúde como para tratamento de doenças.
Bibliografia consultada:
1)
CÓRDOVA MARTÍNEZ, Alfredo; ALVAREZ-MON, Melchor. O sistema imunológico (I):
conceitos gerais, adaptação ao exercício físico e implicações clínicas. Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, v. 5, n. 3, p. 120-125, 1999.
2)
DARWIN, Eryati; ELFI, Eka Fithra; HAFIZAH, Indria. The Effect of Physical
Exercise to Level of Nuclear Factor Kappa B on Serum, Macrophages and
Myocytes. World Academy of Science, Engineering and Technology,
International Journal of Medical, Health, Biomedical, Bioengineering and
Pharmaceutical Engineering, v. 11, n. 3, p. 90-93, 2017.
3) KRINSKI, Kleverton et al. Efeitos do
exercício físico no sistema imunológico. RBM, v. 67, n. 7, 2010.
4) SILVA, Fernando Oliveira Catanho da; MACEDO,
Denise Vaz. Physical exercise,
inflammatory process and adaptive condition: an overview. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho
Humano, v. 13, n. 4, p. 320-328, 2011.
5) TERRA, Rodrigo et al. Effect of exercise on immune system:
response, adaptation and cell signaling. Revista
Brasileira de Medicina do Esporte, v. 18, n. 3,
p. 208-214, 2012.
6) UIMARÃES, Thiago et al. Crossfit, musculação
e corrida: vício, lesões e vulnerabilidade imunológica. REVISTA DE
EDUCAÇÃO FÍSICA/JOURNAL OF PHYSICAL EDUCATION, v. 86, n. 1, 2017.
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