Editora: Carolina Salomão Lopes (PostDoc/PPIPA)
Você provavelmente tem um
gênero musical que gosta de ouvir ou cantar, né? E deve estar se perguntando o que
suas músicas preferidas, aquelas que você canta no chuveiro tem em comum com os
linfócitos, não? Acalme-se! Neste post vamos
tentar explicar certinho para que você possa compreender um pouco melhor sobre os
perfis dos linfócitos TCD4+.
Os linfócitos TCD4+ naives,
são aqueles que nunca foram estimulados e recebem o nome de auxiliares ou helpers (Th). Ao adentrarem na corrente sanguínea eles são chamados de Th0 e
apenas frente a estímulos específicos se diferenciam em subpopulações e são classificados
de acordo com um perfil de citocinas secretadas (substâncias envolvidas na
transmissão de sinais entre as células durante as respostas imune). Dessa
forma, podemos fazer a seguinte analogia: cada linfócito TCD4+ tem como você,
seu amigo, seus familiares um gosto musical diferente, ou seja, um estilo de
música que gosta de “cantar” (secretar) e muitas vezes nossos gostos musicais
são influenciados pelo o que escutamos durante a infância seja por influência
dos pais, tios, avós ou até mesmo dos amigos. Comparando com o âmbito da
Imunologia, cada linfócito terá seu perfil de acordo com o tipo de “música que
mais ouviu na infância”, sendo assim, o que define o seu “gosto musical” ou
perfil de citocinas.
Os principais tipos de
perfis são: Th1, Th2, Th17 e Treg (linfócito T regulatório), entretanto também
existem outros como: Th9, Th22.
As células naïves através da interação do TCR (T Cell Receptor – Receptor de Célula T)
com o co-receptor CD3 e o complexo MHC II presentes nas Células Apresentadoras
de Antígenos promovem a proliferação e diferenciação celular transformando as
mesmas em uma célula efetora específica. O que determina o tipo de perfil
depende da citocina que está influenciando a célula no microambiente em que ela
se encontra (analogamente, “o tipo de música que ela está ouvindo”) para que
seja caracterizada como um tipo de perfil específico, por exemplo, os principais
perfis Th1 e Th2 são influenciados pelas citocinas IL-12 e IL-4 respectivamente
(Figura 1).
Depois da diferenciação
esses perfis são responsáveis pela secreção das seguintes citocinas com maior
intensidade: Th1: (IL12, IFNγ), Th2: (IL4, IL5, IL-13), Th17: (IL6, IL 21, IL 17,
TNF), Th9: (IL 9). Agora, você deve estar se perguntando para que existem esses
tipos de perfis? Cada um desses perfis apresentados anteriormente é designado
para um tipo de respostas imune, exemplo, o perfil Th1 é responsável pela
resposta contra patógenos intracelulares como vírus e bactérias e o Th2 está
envolvido em respostas contra helmintos e alergias. Em nosso organismo não
podemos ter respostas imunes muito exacerbadas porque isso pode nos causar
algum tipo de malefício, então o perfil Treg possui um papel antagonista aos
outros dois já citados, e induz uma resposta moduladora.
Então, para melhor compreender
esses diferentes perfis podemos fazer mais uma analogia, suponhamos que você
está exposto a um “microambiente” (imagine-se em qualquer evento que tenha
música) e começa a tocar aquela “música chiclete” e desde então você começa a
cantá-la durante semanas não “saindo mais da sua cabeça”. Isso seria você atuando
como uma célula TCD4+ secretando um perfil de citocinas!!!
Outro processo que pode
ocorrer é o de Plasticidade Celular o qual consiste na possibilidade de mudança
de um perfil para o outro dependendo da necessidade da resposta evidenciando
que assim como você que já não gosta mais de um estilo de música de anos atrás
as Células T auxiliares também podem se atualizar e curtir um estilo mais atual
(Figura 2).
Bibliografia Consultada:
ZHU, Jinfang; YAMANE, Hidehiro; PAUL, William E. Differentiation of effector CD4 T cell populations. Annual review of immunology, v. 28, p. 445-489, 2009.
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