terça-feira, 26 de setembro de 2017

O que seu gosto musical e os perfis de linfócitos TCD4+ têm em comum?

Por: Ronaldo de Almeida Júnior (Graduando em Biomedicina-UFU)
Editora:  Carolina Salomão Lopes (PostDoc/PPIPA)

Você provavelmente tem um gênero musical que gosta de ouvir ou cantar, né? E deve estar se perguntando o que suas músicas preferidas, aquelas que você canta no chuveiro tem em comum com os linfócitos, não? Acalme-se! Neste post vamos tentar explicar certinho para que você possa compreender um pouco melhor sobre os perfis dos linfócitos TCD4+.
Os linfócitos TCD4+ naives, são aqueles que nunca foram estimulados e recebem o nome de auxiliares ou helpers (Th). Ao adentrarem na corrente sanguínea eles são chamados de Th0 e apenas frente a estímulos específicos se diferenciam em subpopulações e são classificados de acordo com um perfil de citocinas secretadas (substâncias envolvidas na transmissão de sinais entre as células durante as respostas imune). Dessa forma, podemos fazer a seguinte analogia: cada linfócito TCD4+ tem como você, seu amigo, seus familiares um gosto musical diferente, ou seja, um estilo de música que gosta de “cantar” (secretar) e muitas vezes nossos gostos musicais são influenciados pelo o que escutamos durante a infância seja por influência dos pais, tios, avós ou até mesmo dos amigos. Comparando com o âmbito da Imunologia, cada linfócito terá seu perfil de acordo com o tipo de “música que mais ouviu na infância”, sendo assim, o que define o seu “gosto musical” ou perfil de citocinas.
Os principais tipos de perfis são: Th1, Th2, Th17 e Treg (linfócito T regulatório), entretanto também existem outros como: Th9, Th22.
As células naïves através da interação do TCR (T Cell Receptor – Receptor de Célula T) com o co-receptor CD3 e o complexo MHC II presentes nas Células Apresentadoras de Antígenos promovem a proliferação e diferenciação celular transformando as mesmas em uma célula efetora específica. O que determina o tipo de perfil depende da citocina que está influenciando a célula no microambiente em que ela se encontra (analogamente, “o tipo de música que ela está ouvindo”) para que seja caracterizada como um tipo de perfil específico, por exemplo, os principais perfis Th1 e Th2 são influenciados pelas citocinas IL-12 e IL-4 respectivamente (Figura 1).


Depois da diferenciação esses perfis são responsáveis pela secreção das seguintes citocinas com maior intensidade: Th1: (IL12, IFNγ), Th2: (IL4, IL5, IL-13), Th17: (IL6, IL 21, IL 17, TNF), Th9: (IL 9). Agora, você deve estar se perguntando para que existem esses tipos de perfis? Cada um desses perfis apresentados anteriormente é designado para um tipo de respostas imune, exemplo, o perfil Th1 é responsável pela resposta contra patógenos intracelulares como vírus e bactérias e o Th2 está envolvido em respostas contra helmintos e alergias. Em nosso organismo não podemos ter respostas imunes muito exacerbadas porque isso pode nos causar algum tipo de malefício, então o perfil Treg possui um papel antagonista aos outros dois já citados, e induz uma resposta moduladora.
Então, para melhor compreender esses diferentes perfis podemos fazer mais uma analogia, suponhamos que você está exposto a um “microambiente” (imagine-se em qualquer evento que tenha música) e começa a tocar aquela “música chiclete” e desde então você começa a cantá-la durante semanas não “saindo mais da sua cabeça”. Isso seria você atuando como uma célula TCD4+ secretando um perfil de citocinas!!!
Outro processo que pode ocorrer é o de Plasticidade Celular o qual consiste na possibilidade de mudança de um perfil para o outro dependendo da necessidade da resposta evidenciando que assim como você que já não gosta mais de um estilo de música de anos atrás as Células T auxiliares também podem se atualizar e curtir um estilo mais atual (Figura 2).


Bibliografia Consultada:
ZHU, Jinfang; YAMANE, Hidehiro; PAUL, William E. Differentiation of effector CD4 T cell populations. Annual review of immunology, v. 28, p. 445-489, 2009.

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