Por: Mariana
Ferreira Silva (Doutoranda/PPIPA)
Editora: Carolina Salomão Lopes (PostDoc UFU/PPIPA)
Você já deve saber que tanto Zika vírus
quanto Dengue vírus pertencem a família Flaviviridae e em
geral causam sintomas parecidos nos pacientes, mas o primeiro pode levar a uma
complicação mais severa que é a Síndrome de Guillan Barré. Devido a
similaridade entre estes vírus, durante a resposta imune contra esses
patógenos, pode ocorrer no organismo intensa reatividade cruzada. Como mostrado
na Figura 1, as duas infecções podem ser endêmicas nas mesmas regiões. Por
isso, um estudo publicado na revista Science avaliou a
produção de anticorpos contra Zika vírus em pacientes que tinham sido
previamente expostos ao vírus da dengue.
Para realização do estudo foram
selecionados 4 pacientes diagnosticados com Zika vírus, sendo 3 da Colômbia,
região em que a dengue é endêmica e 1 paciente dos Estados Unidos, onde não há
relatos de casos de dengue. Anticorpos e células B desses pacientes foram
isolados do sangue periférico e o que foi possível perceber é que os anticorpos
dos indivíduos que tinham sido previamente infectados com o vírus da dengue
eram produzidos em maior quantidade, porém não eram eficientes em neutralizar o
Zika vírus in vitro.
Figura 1 – Mapa mostrando áreas endêmicas
das infecções por Zika e Dengue vírus.
Isso pode ser explicado
pelo fato de que grande parte dos anticorpos produzidos por esses indivíduos possuíam
reatividade cruzada com o vírus da dengue e isto se deve a um fenômeno denominado
“pecado antigênico original”. Ou seja, o sistema imune utiliza os anticorpos
previamente produzidos pelas células de memória para combater o patógeno, mas
que não são os mais específicos para a resposta imediata. Além disso, quando o
anticorpo se liga a esse vírus e não consegue neutralizá-lo, a interação do
mesmo com a célula alvo é facilitada, o que contribui para a sua replicação.
Portanto, deve-se
ressaltar que este estudo identificou uma região do Zika vírus que não tem
homologia com o da dengue e que pertence ao envelope viral, a proteína E. Por
isso, no caso do desenvolvimento de vacinas para pacientes que foram
previamente expostos ao vírus da dengue, é mais viável desenvolver utilizando
este tipo de antígeno pois a resposta imune induzida será mais eficiente.
Referências Bibliográficas
ROGERS, T.F. et al., “Zika virus
activates de novo and cross-reactive memory B cell responses in dengue-experienced
donors,” Science
Immunology, 2017.
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