Editora: Vanessa Resende (Doutoranda em Imunologia e Parasitlogia Aplicadas)
Não é novidade aqui no
blog que o sistema imune inato possui receptores que reconhecem diferentes
moléculas para nos proteger de patógenos. A variedade é tanta que agrada a
todos os gostos, tem receptor para proteínas, lipídeos de membrana,
carboidratos, proteínas induzidas por estresse, DNA, RNA, etc.
Esses receptores
funcionam como vigilantes em tempo integral e muitos deles são evolutivamente
conservados, incluindo os receptores do tipo Toll e do tipo RIG, os quais podem
reconhecer ácidos nucléicos de origem patogênica. Recentemente descobriu-se um
novo sensor celular de DNA e RNA chamado de STING, que é capaz de induzir uma
ativação da resposta imune adaptativa logo após estabelecer contato com os
ácidos nucléicos. Essa descoberta se deu pela habilidade deste sensor em
induzir a transcrição de genes e, consequentemente, produção de citocinas
importantes da imunidade, como IFN-tipo 1.
Quando a célula é
invadida por algum vírus de DNA ou RNA ou até mesmo por bactérias e
protozoários, a sinalização dependente de STING é ativada culminando na
translocação nuclear de fatores de transcrição como IRF3 e NF-κB,
que funcionam como um motor para iniciar a produção de citocinas contra o
patógeno. Deste modo, camundongos geneticamente deficientes para STING são
altamente frágeis perante infecções desta origem.
Como a maioria dos
sensores celulares STING não funciona sozinho e conta com a ajuda de uma
molécula mensageira chamada cGAS, que tem atividade catalítica e é responsável
pela liberação de dinucleotídeos cíclicos (CDN), cGAMP e ATP para finalizar a
via produzindo IFN-α e IFN-β, citocinas do grupo IFN-I. Todo esse processo
precisa ser muito bem regulado, pois essas citocinas são requeridas para a
proteção do hospedeiro e posterior estimulação da imunidade adaptativa, mas a
sua produção excessiva pode ocasionar doença inflamatória. A sorte é que nosso
sistema imune é tão inteligente, que possui um mecanismo de “feedback” que
reduz a expressão de interferon no momento certo para evitar a hiperinflamação.
Depois da descoberta da
via cGAS-cGAMP-STING no reconhecimento de ácidos nucléicos, os pesquisadores
almejam descobrir a nível genético, estrutural e bioquímico como ocorrem os
mecanismos de reconhecimento de forma detalhada. Vírus e bactérias que se
cuidem...
Referências
1-
Chen Q., Sun L., J Chen Z. Regulation
and function of the cGAS–STING
pathway of cytosolic DNA sensing. Nature Immunology, 2016.
pathway of cytosolic DNA sensing. Nature Immunology, 2016.
2-
Konno H., Barber N. G. The STING controlled cytosolic-DNA activated innate
immune
pathway and microbial disease. Microbes Infect, 2014.
pathway and microbial disease. Microbes Infect, 2014.
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