segunda-feira, 17 de julho de 2017

STING: um exame de DNA a nível celular

Por: Vanessa Miranda (Doutoranda em Imunologia e Parasitlogia Aplicadas)
Editora: Vanessa Resende (Doutoranda em Imunologia e Parasitlogia Aplicadas)

Não é novidade aqui no blog que o sistema imune inato possui receptores que reconhecem diferentes moléculas para nos proteger de patógenos. A variedade é tanta que agrada a todos os gostos, tem receptor para proteínas, lipídeos de membrana, carboidratos, proteínas induzidas por estresse, DNA, RNA, etc.
Esses receptores funcionam como vigilantes em tempo integral e muitos deles são evolutivamente conservados, incluindo os receptores do tipo Toll e do tipo RIG, os quais podem reconhecer ácidos nucléicos de origem patogênica. Recentemente descobriu-se um novo sensor celular de DNA e RNA chamado de STING, que é capaz de induzir uma ativação da resposta imune adaptativa logo após estabelecer contato com os ácidos nucléicos. Essa descoberta se deu pela habilidade deste sensor em induzir a transcrição de genes e, consequentemente, produção de citocinas importantes da imunidade, como IFN-tipo 1.

Quando a célula é invadida por algum vírus de DNA ou RNA ou até mesmo por bactérias e protozoários, a sinalização dependente de STING é ativada culminando na translocação nuclear de fatores de transcrição como IRF3 e NF-κB, que funcionam como um motor para iniciar a produção de citocinas contra o patógeno. Deste modo, camundongos geneticamente deficientes para STING são altamente frágeis perante infecções desta origem.


Como a maioria dos sensores celulares STING não funciona sozinho e conta com a ajuda de uma molécula mensageira chamada cGAS, que tem atividade catalítica e é responsável pela liberação de dinucleotídeos cíclicos (CDN), cGAMP e ATP para finalizar a via produzindo IFN-α e IFN-β, citocinas do grupo IFN-I. Todo esse processo precisa ser muito bem regulado, pois essas citocinas são requeridas para a proteção do hospedeiro e posterior estimulação da imunidade adaptativa, mas a sua produção excessiva pode ocasionar doença inflamatória. A sorte é que nosso sistema imune é tão inteligente, que possui um mecanismo de “feedback” que reduz a expressão de interferon no momento certo para evitar a hiperinflamação.
Depois da descoberta da via cGAS-cGAMP-STING no reconhecimento de ácidos nucléicos, os pesquisadores almejam descobrir a nível genético, estrutural e bioquímico como ocorrem os mecanismos de reconhecimento de forma detalhada. Vírus e bactérias que se cuidem...

Referências
1-     Chen Q., Sun L., J Chen Z. Regulation and function of the cGAS–STING
pathway of cytosolic DNA sensing. Nature Immunology, 2016.
2-     Konno H., Barber N. G. The STING controlled cytosolic-DNA activated innate immune
pathway and microbial disease.
Microbes Infect, 2014.




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