terça-feira, 25 de julho de 2017

O papel da Piroptose no combate a patógenos

Por: Heber Leão Silva Barros (Doutorando/PPIPA)
Editora: Carolina Salomão Lopes (Pós-Doc/PPIPA)

Numa revisão publicada recentemente na Nature reviews in Immunology, foi discutido o papel dos diferentes tipos de morte celular programada frente a infecção por algumas bactérias extracelulares, intracelulares e vírus. Nessa revisão, os autores mostraram o conhecimento atual disponível sobre as vias de ativação mais comumente estimuladas por bactérias e vírus, além das diferentes formas como esses patógenos podem inibir a morte celular programada e, consequentemente, se salvarem.
            Mas o que é a morte celular programada? Quais são suas principais formas?
            A resposta para a primeira pergunta é relativamente simples. Uma célula pode receber diversos estímulos, de diferentes fontes, indicando a ela que é necessário que inicie um processo de autodestruição. Essa destruição, quando programada, pode ser dividida em dois tipos: lítico ou não lítico. O que diferencia ambos é o derramamento do conteúdo citoplasmático no meio extracelular,ou ausência deste. Entre os tipos de morte celular programada lítica, a piroptose é um dos mais estudados atualmente.
            A piroptose é um tipo de morte celular que ocorre durante a infecção por diversas patógenos intracelulares, como a bactéria Burkholderia thailandensis. Um trabalho publicado em 2015 demonstrou que essa bactéria ativa o NLRP3, que é um receptor da resposta imunológica inata. Essa ativação resulta na clivagem da forma inativa da caspase 1, a qual irá, por sua vez, ativar a Gasdermina D. Esta, ao assumir sua conformação ativa, será responsável por induzir a formação de poros na membrana da célula hospedeira e, possivelmente, também em algumas organelas. Com a abertura dos poros, ocorrerá a fuga de íons essenciais e a entrada excessiva de líquido, resultando na lise (figura 1).

Miao et al., 2015. Programmed cell death as a defence against infection.

Mas por que ativar esse tipo de morte celular ao invés de outros tipos, como a apoptose? A resposta está justamente no que é liberado para o meio após a lise celular. Se o patógeno for intracelular, como é a B. thailandensis, o benefício de “desalojar” a bactéria é bastante evidente, pois retira o meio onde ela estava se nutrindo e replicando, atirando-a num ambiente desfavorável. E esse ambiente se torna ainda mais desfavorável quando os elementos citoplasmáticos, como fragmentos de organelas e DNA celular, ativam os receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) presentes nas células vizinhas, levando ao recrutamento de células do sistema imunológico que promovem a captura e destruição dos elementos estranhos.
Esse é mais um exemplo de como o organismo é capaz de se organizar e realizar tarefas complexas, como sacrificar pequenas partes, buscando a homeostase.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário