Por: Heber Leão Silva Barros (Doutorando/PPIPA)
Editora: Carolina Salomão Lopes (Pós-Doc/PPIPA)
Numa revisão publicada recentemente na Nature reviews in Immunology, foi discutido o papel dos diferentes tipos de morte celular programada frente a infecção por algumas bactérias extracelulares, intracelulares e vírus. Nessa revisão, os autores mostraram o conhecimento atual disponível sobre as vias de ativação mais comumente estimuladas por bactérias e vírus, além das diferentes formas como esses patógenos podem inibir a morte celular programada e, consequentemente, se salvarem.
Editora: Carolina Salomão Lopes (Pós-Doc/PPIPA)
Numa revisão publicada recentemente na Nature reviews in Immunology, foi discutido o papel dos diferentes tipos de morte celular programada frente a infecção por algumas bactérias extracelulares, intracelulares e vírus. Nessa revisão, os autores mostraram o conhecimento atual disponível sobre as vias de ativação mais comumente estimuladas por bactérias e vírus, além das diferentes formas como esses patógenos podem inibir a morte celular programada e, consequentemente, se salvarem.
Mas
o que é a morte celular programada? Quais são suas principais formas?
A
resposta para a primeira pergunta é relativamente simples. Uma célula pode
receber diversos estímulos, de diferentes fontes, indicando a ela que é
necessário que inicie um processo de autodestruição. Essa destruição, quando
programada, pode ser dividida em dois tipos: lítico ou não lítico. O que
diferencia ambos é o derramamento do conteúdo citoplasmático
no meio extracelular,ou ausência deste. Entre os tipos de morte celular programada lítica, a
piroptose é um dos mais estudados atualmente.
A
piroptose é um tipo de morte celular que ocorre durante a infecção por diversas
patógenos intracelulares, como a bactéria Burkholderia
thailandensis. Um trabalho publicado em 2015 demonstrou que essa bactéria ativa o NLRP3, que é um receptor da resposta
imunológica inata. Essa ativação resulta na clivagem da forma inativa da
caspase 1, a qual irá, por sua vez, ativar a Gasdermina D. Esta, ao assumir sua
conformação ativa, será responsável por induzir a formação de poros na membrana
da célula hospedeira e, possivelmente, também em algumas organelas. Com a
abertura dos poros, ocorrerá a fuga de íons essenciais e a entrada excessiva de
líquido, resultando na lise (figura 1).
Miao et al., 2015. Programmed cell death as a defence against infection.
Mas por que ativar esse
tipo de morte celular ao invés de outros tipos, como a apoptose? A resposta
está justamente no que é liberado para o meio após a lise celular. Se o
patógeno for intracelular, como é a B.
thailandensis, o benefício de “desalojar” a bactéria é bastante evidente,
pois retira o meio onde ela estava se nutrindo e replicando, atirando-a num ambiente
desfavorável. E esse ambiente se torna ainda mais desfavorável quando os
elementos citoplasmáticos, como fragmentos de organelas e DNA celular, ativam
os receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) presentes nas células
vizinhas, levando ao recrutamento de células do sistema imunológico que
promovem a captura e destruição dos elementos estranhos.
Esse
é mais um exemplo de como o organismo é capaz de se organizar e realizar
tarefas complexas, como sacrificar pequenas partes, buscando a homeostase.
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