Editor: Heber Leão Silva Barros (doutorando UFU/PPIPA)
A Toxoplasmose Congênita é uma consequência da primoinfecção por Toxoplasma gondii durante a gestação,
sua gravidade varia de acordo com o estágio da gestação. O diagnóstico desta
infecção no geral é feito durante o pré-natal. Gestantes com sorologias
negativas são consideradas de risco e devem ser acompanhadas durante todos os trimestres
da gestação, com exames sorológicos anti-Toxoplasma
gondii para detectar o mais precocemente a infecção. Sendo esta infecção
detectada durante a gestação é realizado o protocolo de tratamento preconizado e
ainda assim a criança deverá ser acompanhada após o nascimento para verificar o
seu real estado de saúde, pois a transmissão congênita muitas vezes não apresenta
sintomatologia e sinais característicos, ainda assim existe o risco de
desenvolvimento tardio de sequelas, principalmente oculares e neurológicas. Neste artigo, publicado em 2016 na Revista de Pediatria, os autores avaliaram o
método de Western Blot (WB) para detecção de imunoglobulina (Ig) G anti – Toxoplasma gondii no soro de crianças nascidas
com suspeita de toxoplasmose congênita. A confirmação de diagnóstico sorológico
de infecção por T. gondii através da
detecção específica de anticorpos IgM e /ou IgA contra o parasita não ocorre em
todos os recém nascidos. Os autores avaliaram que era necessário um método de
diagnóstico precoce e rápido, de baixa complexidade e que permitisse aos
laboratórios de referência em toxoplasmose diferenciar os resultados duvidosos
obtidos com métodos sorológicos convencionais como a imunofluorescência
indireta (IFI), o imunoensaio enzimático (ELISA) e imunoensaio de
micropartículas usando quimioluminescência (CL). Foram acompanhadas 47 mães com toxoplasmose adquirida
durante a gestação e seus filhos. O IgG – WB foi considerado positivo quando a
criança apresentava anticorpos que reconheciam pelo menos uma banda nas manchas
de IgG diferente das bandas da mãe ou com intensidade maior que a banda materna
correspondente, durante os 3 primeiros meses de vida (figura1). Dos resultados,
15 crianças (15,1%) foram consideradas positivas a partir dos critérios relacionados.
As sintomatologias mais frequentes observadas foram calcificação cerebral,
coriorretinite e hidrocefalia (tabela1). Anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii detectados por
quimioluminescência foram encontrados em seis crianças e a reação em cadeia
polimerase (PCR) para detecção do DNA de T.
gondii foi positiva em cinco das sete reações realizadas. A sensibilidade
do IgG-WB foi 60% e a especificidade foi 43,7%. Essa sensibilidade do IgG – WB
aumentou para 76,0% e 89,1% quando relacionada à pesquisa de IgM anti - T. gondii ou a PCR, respectivamente. Os
autores concluíram que o IgG-WB mostrou maior sensibilidade que a detecção de
IgM anti-T.gondii, portanto ele pode
ser utilizado para o diagnóstico de toxoplasmose congênita em associação com
outros marcadores de infecção congênita.
Fig. 1 - Reconhecimento de padrões de proteínas
de cepa RH de Toxoplasma gondii por anticorpos
IgG utilizando o método Western Blot (IgG-WB) realizado com amostras de soro de
mães com toxoplasmose adquirida durante a gravidez e os seus filhos com
suspeita de toxoplasmose congênita. (A) IgG positivo-Western blotting para
toxoplasmose congênita. Bandas iguais reconhecidas por anticorpos IgG, com
maior intensidade na amostra infantil em comparação com a amostra materna. (B)
IgG-Western blotting positivo para toxoplasmose congênita. Diferentes faixas
reconhecidas por IgG da amostra infantil em comparação com a amostra materna.
(C) Negativo IgG-Western blotting para toxoplasmose congênita. Bandas iguais
reconhecidas por anticorpos IgG de amostras de crianças e mães. (D) contoles
positivo e negativo da reação.
* PCR, reação em
cadeia da polimerase para detecção de DNA de Toxoplasma gondii; IFI, imunofluorescência indireta para a detecção
de IgG anti-T. gondii; CL,
imunoensaio de quimioluminescência de micropartículas para a detecção de
anticorpos anti-T. gondi IgG,
expresso em UI / mL; NR, não realizado;
↑, aumento dos níveis de anticorpos anti-T. gondii IgG em amostras de soro em série; ↔, persistência de níveis de anti-T. gondii IgG em amostras de soro
durante o acompanhamento; ↓, declínio de anticorpos. a Amostra recolhida no 1º mês de vida. b Amostra coletada nos primeiros 3 meses de vida, com todas as crianças em tratamento.
↑, aumento dos níveis de anticorpos anti-T. gondii IgG em amostras de soro em série; ↔, persistência de níveis de anti-T. gondii IgG em amostras de soro
durante o acompanhamento; ↓, declínio de anticorpos. a Amostra recolhida no 1º mês de vida. b Amostra coletada nos primeiros 3 meses de vida, com todas as crianças em tratamento.
Olá, poderia informar em qual laboratório é possível realizar esses exames?
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