segunda-feira, 5 de junho de 2017

Western Blotting como método de diagnóstico para Toxoplasmose congênita

Por: Thaís Cabral Mônica e Beatriz de Souza Lima Nino (doutorandas do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - Universidade Estadual de Londrina (UEL) - Paraná
Editor: Heber Leão Silva Barros (doutorando UFU/PPIPA)

A Toxoplasmose Congênita é uma consequência da primoinfecção por Toxoplasma gondii durante a gestação, sua gravidade varia de acordo com o estágio da gestação. O diagnóstico desta infecção no geral é feito durante o pré-natal. Gestantes com sorologias negativas são consideradas de risco e devem ser acompanhadas durante todos os trimestres da gestação, com exames sorológicos anti-Toxoplasma gondii para detectar o mais precocemente a infecção. Sendo esta infecção detectada durante a gestação é realizado o protocolo de tratamento preconizado e ainda assim a criança deverá ser acompanhada após o nascimento para verificar o seu real estado de saúde, pois a transmissão congênita muitas vezes não apresenta sintomatologia e sinais característicos, ainda assim existe o risco de desenvolvimento tardio de sequelas, principalmente oculares e neurológicas. Neste artigo, publicado em 2016 na Revista de Pediatria, os autores avaliaram o método de Western Blot (WB) para detecção de imunoglobulina (Ig) G anti – Toxoplasma gondii no soro de crianças nascidas com suspeita de toxoplasmose congênita. A confirmação de diagnóstico sorológico de infecção por T. gondii através da detecção específica de anticorpos IgM e /ou IgA contra o parasita não ocorre em todos os recém nascidos. Os autores avaliaram que era necessário um método de diagnóstico precoce e rápido, de baixa complexidade e que permitisse aos laboratórios de referência em toxoplasmose diferenciar os resultados duvidosos obtidos com métodos sorológicos convencionais como a imunofluorescência indireta (IFI), o imunoensaio enzimático (ELISA) e imunoensaio de micropartículas usando quimioluminescência (CL). Foram acompanhadas 47 mães com toxoplasmose adquirida durante a gestação e seus filhos. O IgG – WB foi considerado positivo quando a criança apresentava anticorpos que reconheciam pelo menos uma banda nas manchas de IgG diferente das bandas da mãe ou com intensidade maior que a banda materna correspondente, durante os 3 primeiros meses de vida (figura1). Dos resultados, 15 crianças (15,1%) foram consideradas positivas a partir dos critérios relacionados. As sintomatologias mais frequentes observadas foram calcificação cerebral, coriorretinite e hidrocefalia (tabela1). Anticorpos IgM anti-Toxoplasma gondii detectados por quimioluminescência foram encontrados em seis crianças e a reação em cadeia polimerase (PCR) para detecção do DNA de T. gondii foi positiva em cinco das sete reações realizadas. A sensibilidade do IgG-WB foi 60% e a especificidade foi 43,7%. Essa sensibilidade do IgG – WB aumentou para 76,0% e 89,1% quando relacionada à pesquisa de IgM anti - T. gondii ou a PCR, respectivamente. Os autores concluíram que o IgG-WB mostrou maior sensibilidade que a detecção de IgM anti-T.gondii, portanto ele pode ser utilizado para o diagnóstico de toxoplasmose congênita em associação com outros marcadores de infecção congênita.

Fig. 1 - Reconhecimento de padrões de proteínas de cepa RH de Toxoplasma gondii por anticorpos IgG utilizando o método Western Blot (IgG-WB) realizado com amostras de soro de mães com toxoplasmose adquirida durante a gravidez e os seus filhos com suspeita de toxoplasmose congênita. (A) IgG positivo-Western blotting para toxoplasmose congênita. Bandas iguais reconhecidas por anticorpos IgG, com maior intensidade na amostra infantil em comparação com a amostra materna. (B) IgG-Western blotting positivo para toxoplasmose congênita. Diferentes faixas reconhecidas por IgG da amostra infantil em comparação com a amostra materna. (C) Negativo IgG-Western blotting para toxoplasmose congênita. Bandas iguais reconhecidas por anticorpos IgG de amostras de crianças e mães. (D) contoles positivo e negativo da reação.


* PCR, reação em cadeia da polimerase para detecção de DNA de Toxoplasma gondii; IFI, imunofluorescência indireta para a detecção de IgG anti-T. gondii; CL, imunoensaio de quimioluminescência de micropartículas para a detecção de anticorpos anti-T. gondi IgG, expresso em UI / mL; NR, não realizado;
↑, aumento dos níveis de anticorpos anti-T. gondii IgG em amostras de soro em série; ↔, persistência de níveis de anti-T. gondii IgG em amostras de soro
durante o acompanhamento; ↓, declínio de anticorpos. a Amostra recolhida no 1º mês de vida. b Amostra coletada nos primeiros 3 meses de vida, com todas as crianças em tratamento.

Um comentário:

  1. Olá, poderia informar em qual laboratório é possível realizar esses exames?

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