segunda-feira, 15 de maio de 2017

Imunoterapia e inibição das plaquetas: uma nova forma de combate ao câncer

Por: Mariana Ferreira Silva (Doutoranda/PPIPA)
Editora: Carolina Salomão Lopes (Pós-Doc/PPIPA)

As plaquetas são importantes células do nosso organismo e sem elas poderíamos sangrar até a morte com um simples corte, já que são as principais responsáveis pelo processo de coagulação sanguínea. Porém, estudos já identificaram um lado vilão dessas células em processos tumorais pois, quando realizam essa função de coagulação de forma excessiva, tornam o prognóstico da doença mais complicado.
Deve-se ressaltar que, pesquisadores da Carolina do Sul, EUA, confirmaram que as plaquetas não são vilãs apenas no processo de coagulação excessiva, mas também que contribuem para tornar os tumores invisíveis ao sistema imunológico dos pacientes. Simm... esses pequenos fragmentos circulantes no organismo possuem na sua superfície a molécula GARP que ativa o fator de transformação do crescimento beta (TGF-β), que invade as células tumorais e inibem a atividade das células T (Figura 1).



Tais estudos começaram quando a indução de melanomas em camundongos deficientes para a produção de plaquetas, tiveram um crescimento tumoral menor e menos acelerado, bem como maior ativação das células T quando comparados ao grupo que possuía uma produção plaquetária normal. O próximo passo foi identificar o que estava sendo liberado que contribuía para o maior desenvolvimento do tumor. Amostras de sangue de camundongos e doadores humanos foram colhidas e analisadas, e o que se percebeu foi que grande quantidade de TGF-β estava sendo liberada em plaquetas ativadas. Continuando a pesquisa, dois tipos de tumores foram induzidos em camundongos knockouts para a molécula GARP, sendo estes melanoma e carcinoma de cólon. O grupo de camundongos geneticamente modificados tiveram um menor desenvolvimento tumoral, principalmente quando associado a imunoterapia com células T. Vale ressaltar que uma outra terapia foi testada utilizando dois antiplaquetários em camundongos com tumores induzidos e plaquetas normais, mas não foi obtido sucesso.
Portanto, tal estudo dá indícios de como o nosso próprio organismo contribui para o desenvolvimento tumoral e aponta para uma nova perspectiva de tratamento, associando o uso da imunoterapia e inibição plaquetária.



Referências:

Saleh Rachidi, Alessandra Metelli, Brian Riesenberg, Bill X. Wu, Michelle H. Nelson, Caroline Wallace, Chrystal M. Paulos, Mark P. Rubinstein, Elizabeth Garrett-Mayer, Mirko Hennig, Daniel W. Bearden, Yi Yang, Bei Liu, Zihai Li. Platelets subvert T cell immunity against cancer via GARP-TGFβ axis. Science Immunology, 2017; 2 (11): eaai7911 DOI: 10.1126/sciimmunol.aai7911

Medical University of South Carolina. "Platelets suppress T cell immunity against cancer." ScienceDaily. ScienceDaily, 5 May 2017. <www.sciencedaily.com/releases/2017/05/170505182128.htm>.

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