Editora: Carolina Salomão Lopes (Pós-Doc/PPIPA)
As plaquetas são
importantes células do nosso organismo e sem elas poderíamos sangrar até a
morte com um simples corte, já que são as principais responsáveis pelo processo
de coagulação sanguínea. Porém, estudos já identificaram um lado vilão dessas
células em processos tumorais pois, quando realizam essa função de coagulação
de forma excessiva, tornam o prognóstico da doença mais complicado.
Deve-se ressaltar que,
pesquisadores da Carolina do Sul, EUA, confirmaram que as plaquetas não são
vilãs apenas no processo de coagulação excessiva, mas também que contribuem
para tornar os tumores invisíveis ao sistema imunológico dos pacientes. Simm...
esses pequenos fragmentos circulantes no organismo possuem na sua superfície a
molécula GARP que ativa o fator de transformação do crescimento beta (TGF-β), que invade as
células tumorais e inibem a atividade das células T (Figura 1).
Tais estudos começaram
quando a indução de melanomas em camundongos deficientes para a produção de
plaquetas, tiveram um crescimento tumoral menor e menos acelerado, bem como
maior ativação das células T quando comparados ao grupo que possuía uma
produção plaquetária normal. O próximo passo foi identificar o que estava sendo
liberado que contribuía para o maior desenvolvimento do tumor. Amostras de sangue
de camundongos e doadores humanos foram colhidas e analisadas, e o que se
percebeu foi que grande quantidade de TGF-β estava sendo liberada em plaquetas
ativadas. Continuando a pesquisa, dois tipos de tumores foram induzidos em
camundongos knockouts para a molécula
GARP, sendo estes melanoma e carcinoma de cólon. O grupo de camundongos
geneticamente modificados tiveram um menor desenvolvimento tumoral,
principalmente quando associado a imunoterapia com células T. Vale ressaltar
que uma outra terapia foi testada utilizando dois antiplaquetários em
camundongos com tumores induzidos e plaquetas normais, mas não foi obtido
sucesso.
Portanto, tal estudo dá
indícios de como o nosso próprio organismo contribui para o desenvolvimento
tumoral e aponta para uma nova perspectiva de tratamento, associando o uso da
imunoterapia e inibição plaquetária.
Referências:
Saleh Rachidi, Alessandra Metelli, Brian Riesenberg, Bill X.
Wu, Michelle H. Nelson, Caroline Wallace, Chrystal M. Paulos, Mark P.
Rubinstein, Elizabeth Garrett-Mayer, Mirko Hennig, Daniel W. Bearden, Yi Yang,
Bei Liu, Zihai Li. Platelets subvert T cell immunity against cancer via
GARP-TGFβ axis. Science
Immunology, 2017; 2 (11): eaai7911 DOI: 10.1126/sciimmunol.aai7911
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